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Elevação do nível do mar é principal componente de ameaça, em processo de erosão que inclui fatores naturais e ocupação humana

Imagem editada e redimensionada de Gaddafi Rusli, disponível no Unsplash

Ai de ti, Copacabana! Um estudo publicado nesta segunda-feira sugere que até 49% das praias do mundo correm risco de quase desaparecer do mapa devido principalmente à elevação do nível do mar no fim deste século. O Brasil é um dos países que sofrerão, especialmente no Nordeste. Mas o principal afetado será a Austrália, que no melhor cenário pode perder mais de 11 mil quilômetros de praia – metade do litoral.

A pesquisa foi feita por cientistas europeus liderados por Michalis Vousdoukas, da Comissão Europeia, e publicada na edição on-line do periódico Nature Climate Change. Segundo os autores, a subida dos oceanos causada pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa está se tornando o principal causador de erosão marinha no mundo – o processo é natural em alguns lugares, em outros é agravado pela ocupação humana.

Até 2100, escrevem Vousdoukas e colegas, 82% da retração de praias no planeta ocorrerá como resultado direto da subida do nível do mar. O restante se deverá a alterações ambientais locais.

Para fazer seu estudo, o grupo analisou dados sobre o histórico de retração ou aumento de praias no mundo inteiro e extrapolou essa tendência para o fim do século. Em cima disso, inseriu num modelo de computador a variação do nível do mar estimada em dois cenários do IPCC, o comitê de climatologistas da ONU: o chamado RCP 4.5, de emissões moderadas (mas no qual a meta do Acordo de Paris de estabilizar o aquecimento da Terra abaixo de 2oC é perdida), e o RCP 8.5, no qual o mundo falha em reduzir emissões.

No cenário moderado, a linha de praia recua em 1 m a 78 m no mundo todo até o meio do século, e em 15 m a 164 m no fim do século. No pior cenário, o recuo chega a 240 m no fim do século, o que implicaria em perda de 35,7% a 49,5% das praias de areia do planeta.

No Nordeste do Brasil o recuo seria de mais de 150 metros no pior cenário, no fim do século. Mas já em 2050 as praias nordestinas podem perder 40 metros de faixa de areia, em média, mesmo num cenário de emissões moderadas.

Nada que se compare ao sul da Ásia, que pode ver recuos de 130 metros na faixa de areia no meio do século (no RCP 4.5) e de mais de 400 metros em 2100 no RCP 8.5.

Além da Austrália, figuram na lista dos países mais afetados o Canadá, o Chile, o México (que já precisa “engordar” artificialmente as praias de Cancún todos os anos) e os EUA. Os cientistas lembram que não se trata só de perda de um lugar ao sol: as praias também protegem as populações costeiras contra ressacas – que, aliás, estão cada vez mais fortes também por causa do aumento do nível do mar, como a cidade de Ubatuba descobriu neste Carnaval.

“Além da maior vulnerabilidade a desastres costeiros, vários desses países também tendem a experimentar impactos socioeconômicos sérios devido a economias frágeis e dependentes do turismo, que têm nas praias de areia sua maior atração turística.”

O recado serve para o presidente Jair Bolsonaro, que advoga impulsionar o turismo de sol e praia no Brasil ao mesmo tempo em que seu gabinete nega as mudanças climáticas e seu governo trabalha para aumentar as emissões de carbono que estão destruindo nossas praias.



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