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Levantamento da Iswa avaliou destinação de resíduos. Brasil contribui com 2 milhões

O lixo que termina nos oceanos segue um caminho conhecido: sem o descarte adequado, vai para lixões, muitos deles à beira de corpos d’água, de onde seguem para o mar. Foi com essa premissa que a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (Iswa, na sigla em inglês) fez um levantamento e revisão da literatura sobre poluição marinha e estimou que 25 milhões de toneladas de resíduos são despejados nos oceanos por ano. E o pior: 80% desse volume é fruto da má gestão dos resíduos sólidos nas cidades.

A Iswa usou uma estimativa de que, em todo o mundo, algo entre 500 milhões e 900 milhões de toneladas de resíduos não tem um descarte adequado e cruzou esse dado com o mapeamento de pontos de descarte irregular em cidades perto do mar ou de corpos hídricos. Surgiu assim a hipótese de que ao menos 25 milhões de toneladas desse lixo mal descartado chega ao mar. O estudo foi divulgado durante o Fórum Mundial da Água, que acontece até o final da semana em Brasília.

Os dados do levantamento indicam que cerca de metade desse lixo que vai para os oceanos (ou seja, cerca de 12,5 milhões de toneladas) é plástico – cada tonelada de resíduo não coletada em áreas ribeirinhas, destaca a Iswa, representa o equivalente a mais de 1500 garrafas plásticas que terminam seu ciclo de vida no mar (e acabam virando microplástico depois, vale lembrar).

O volume proposto pelo estudo é um pouco maior do que os 8 milhões de toneladas de lixo plástico estimados pela ONU, que fala em algo entre 60% e 80% de todo o lixo do mar como sendo plástico – e indica que pode haver mais lixo do que peixes nos oceanos até 2050. É interessante lembrar que, em um único dia, voluntários recolheram 4,5 toneladas de lixo em praias ao redor do mundo.

O lixo oceânico, reforça a Iswa, se tornou um problema tão sério quanto as mudanças climáticas e traz impactos diretos nos gastos com saúde e tratamento de corpos d’água. Só no Brasil são gastos cerca de R$ 5,5 bilhões por ano para tratar a saúde das pessoas, os cursos d’água e recuperar o ambiente em virtude da degradação dos resíduos sólidos.

O braço da Iswa no Brasil, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), concluiu que nosso país colabora com pelo menos 2 milhões de toneladas do volume total de lixo oceânico. É o equivalente à área de 7 mil campos de futebol. As previsões foram conservadoras no sentido de excluir lixões irregulares em áreas muito afastadas do mar, como o Pantanal e a Amazônia. O volume poderia chegar a 5 milhões de toneladas se essas regiões fossem incluídas.

No caso brasileiro, não foi possível estimar quanto desse volume de lixo seja plástico, mas sabe-se que 15% do resíduo sólido aqui gerado tem essa origem. Outro estudo da Abrelpe, de 2016, o Panorama dos Resíduos Sólidos, aponta que naquele ano cerca de 41% dos resíduos sólidos produzidos no Brasil teve destinação inadequada.


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