A compostagem de roupas pode ser um método para a redução dos impactos ambientais da indústria da moda que, em geral, é responsável por 8% de todas as emissões de carbono do mundo. Com a valorização de materiais têxteis um dos maiores problemas decorrentes da moda poderia ser resolvido — seu descarte incorreto.
Estima-se que a indústria da moda seja responsável por 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis anualmente. Além disso, quando não são destinados a aterros sanitários, esses resíduos são incinerados e contribuem ainda mais para a poluição.
Desse modo, muitos especialistas procuram uma solução para diminuir o impacto ambiental da moda, como a própria compostagem de roupas. No entanto, o processo possui algumas limitações.
Como a maioria dos outros resíduos compostáveis, as peças de roupas precisam ser feitas de materiais degradáveis para entrarem no processo de compostagem. Portanto, a maioria das peças de roupas produzidas pela indústria da moda não possuem essas características.
O poliéster e o elastano, dois tipos de tecido comumente utilizados na confecção de roupas, são compostos de plástico — ou seja, extraídos do petróleo. Dependendo do tipo do material, sua qualidade e composição, esses tecidos podem levar até 200 anos para se decompor. Por isso, não podem ser adicionados na compostagem de roupas.
Além disso, muitos fabricantes tratam suas peças com produtos químicos eternos para torná-las à prova d’água ou resistentes a manchas ou rugas, impossibilitando o seu reaproveitamento de forma sustentável.
Já materiais de composição 100% natural, como algodão, linho, lã, seda e cânhamo podem ser compostados — embora o processo demore mais que a decomposição normal de outros fatores da compostagem. O algodão, por exemplo, pode levar até cinco meses para concluir o processo.
Contudo, muitos locais de compostagem não aceitam têxteis, uma vez que não possuem as tecnologias necessárias para conferir a composição de cada material. Por outro lado, muitas marcas que se denominam “sustentáveis” usam corantes e outras substâncias em suas peças que impossibilitam a sua compostagem.
Especialistas acreditam que a indústria da moda deve passar por uma mudança estrutural na confecção de roupas, tornando-as inteiramente compostáveis para minimizar o seu impacto sobre o meio ambiente. No entanto, muitas vezes essas mesmas indústrias são responsáveis pela transferência da culpa em seus próprios consumidores, que não possuem os meios necessários para descartar essas peças corretamente.
Mesmo em pessoas que ativamente praticam a compostagem ainda há a questão do que seria feito com o reaproveitamento desse material: o fertilizante derivado da compostagem de roupas é bom o suficiente para as suas plantações? Ou, além disso, do que eles podem arriscar ao acidentalmente incorporar materiais não-compostáveis na sua mistura orgânica.
Por isso, ativistas e especialistas acreditam em uma regulamentação e na criação de padrões universais de compostagem para resíduos têxteis.
Algumas marcas já trabalham com tecidos naturais e biodegradáveis, como a Stella McCartney, H&M e Stripe & Stare.
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