Compostagem termofílica é um tipo de compostagem conhecida popularmente como compostagem seca em que o processo de biodegradação de resíduos orgânicos é realizado em meio aeróbico (com a presença de oxigênio) durante o qual são geradas altas temperaturas. Esse é um dos tipos de compostagem mais usados em usinas de compostagem, mas também pode ser utilizado na compostagem doméstica.
A compostagem é o processo de decomposição de resíduos sólidos orgânicos, como as podas do jardim e as sobras de alimentos de feiras livres. A partir desse processo natural, o material orgânico é reciclado e pode servir de adubo para plantas ornamentais e para o cultivo de alimentos, por exemplo.
Além da produção de adubo para manter as plantas de casa saudáveis, a compostagem doméstica também é importante para o meio ambiente, pois ela possibilita a reciclagem de boa parte dos resíduos domésticos. Para se ter ideia, cerca de 50% dos resíduos urbanos produzidos são compostáveis, mas estes costumam ser encaminhados para aterros sanitários e lixões em sacos plásticos.
Quando isto acontece, a degradação dos resíduos gerados ocorre em meio anaeróbio (sem a presença de oxigênio), o que ocasiona a liberação de gases do efeito estufa, como o metano. A compostagem doméstica reduz as emissões de gás carbônico do transporte dos resíduos e da decomposição do lixo orgânico, diminuindo as emissões de metano em cerca de 90% (1).
Diferente da vermicompostagem (ou compostagem úmida), na compostagem termofílica os principais agentes de decomposição da matéria orgânica não são invertebrados, mas bactérias termófilas, ou seja, bactérias que se desenvolvem bem em altas temperaturas (do grego thermê, calor e philein, amar). Isto também diferencia este tipo de compostagem da compostagem fria, que depende da ação de microrganismos, fungos e bactérias mesófilas, sem que as temperaturas da compostagem se elevem consideravelmente.
Existem diversos subtipos de compostagem termofílica. Eles possuem diferentes dimensões e formas de realização da aeração, de forma que este método de compostagem se adequa aos tipos de compostagem industrial e aos tipos de compostagem doméstica. Alguns desses tipos de compostagem são a compostagem termofílica em cilindros aerados, e inclui a compostagem no tambor rotativo, a compostagem termofílica em leiras estáticas com aeração passiva e a compostagem com revolvimento de leiras.
As duas últimas se assemelham muito, sendo a forma como são aeradas a característica que as diferencia. A aeração da compostagem em leiras estáticas ocorre por convecção natural, com o ar quente escapando pelo topo da pilha de compostagem enquanto o ar frio é sugado pela sua base permeável. Desta forma, não é necessário o revolvimento da leira.
Para quem não gosta da ideia de ter uma pilha de resíduos em seu jardim que esteja protegida apenas pelos materiais secos, ter uma composteira é uma boa alternativa. A compostagem em cilindro aerado é uma forma de estruturar e isolar parcialmente o sistema de compostagem enquanto mantém a entrada de oxigênio.
Já a compostagem em tambores rotativos é uma forma de realizar a compostagem termofílica em um espaço menor e com pouco esforço, pois a aeração do composto em formação é feita com o auxílio de uma manivela. Mas existem outras formas de estruturar a compostagem, como no vídeo abaixo, no qual uma caixa d’água é utilizada como composteira:
Existe ainda o chamado reator de compostagem, que é uma forma de processar uma grande quantidade de resíduos orgânicos sem a necessidade de ocupação de tanto espaço como os métodos de leiras.
Independente de qual das formas acima você escolher para realizar a compostagem termofílica, é importante compreender o que acontece em cada uma das fases da compostagem.
A fase inicial da compostagem termofílica é caracterizada pela proliferação de microrganismos mesófilos e início da ação decompositora, com liberação de calor e elevação da temperatura até cerca de 45ºC. Esta fase dura entre 15 e 72 horas e apresenta uma alta relação carbono nitrogênio.
Na fase termofílica, com a ação dos microrganismos termófilos, a temperatura ultrapassa os 45ºC e a decomposição dos resíduos é intensificada. É nesta fase que as temperaturas podem chegar até 70ºC, apesar de predominar as temperaturas entre 50 e 65ºC. Deve-se tomar cuidado ao manusear a compostagem nessa fase, pois é nela que ocorre a maior liberação de calor e de vapor d’água. Esta fase deve-se prolongar por cerca de 30 dias.
A temperatura reduz gradativamente ao entrar na fase mesofílica, pois a atividade microbiana termófila diminui ao longo de aproximadamente dois meses. No entanto, a decomposição continua a acontecer quando a pilha de compostagem torna a ser infestada por organismos mesófilos, que atuam sobre a matéria orgânica mais resistente que não foi quebrada nas etapas anteriores. Quando esta fase é concluída, finaliza-se também a chamada fase ativa (ou fase de oxidação).
Deve-se aguardar ao menos 30 dias para a obtenção do produto final da compostagem (o húmus), para que ocorra a fase de maturação (ou humificação) do composto. Nesta fase, a temperatura é estabilizada, a relação carbono nitrogênio é reduzida e, apesar de ainda haver microrganismos na pilha de compostagem que decompõem partículas resistentes como a lignina e a celulose, a atividade microbiana é baixa.
A compostagem termofílica é bem mais permissiva que a vermicompostagem, pois suas altas temperaturas degradam mais rapidamente alimentos mais complexos como gorduras, carnes e laticínios e eliminam potenciais patógenos. É por conta desta característica que é possível compostar fezes de cachorro utilizando-se desta técnica.
De forma geral, a compostagem termofílica de resíduos orgânicos pode ser feita seguindo o passo a passo a seguir:
Qual o ciclo da compostagem?
Seja estruturada ou numa pilha, o importante é que a base e o entorno da compostagem permita a entrada de ar e tenham uma grossa camada de material marrom, como folhas secas e palha. Também deve-se considerar uma forma de coleta do biofertilizante líquido que será formado durante a compostagem, pois este pode ser utilizado em pequenas hortas ou para umedecer o composto em formação, quando necessário.
Coloque os alimentos sempre ao centro da composteira ou pilha, pois estes resíduos não devem ficar expostos para que possam atingir as temperaturas necessárias para adequada decomposição.
Na primeira deposição de resíduos orgânicos é aconselhável adicionar e misturar aos resíduos um inoculante, como composto orgânico pronto ou terra, que fornecerá microrganismos decompositores.
Cubra o material verde com uma grossa camada de material marrom e só volte a abrir essa camada após ao menos dois dias. Isso é importante para que tenha início a fase termofílica da compostagem.
Novas camadas de resíduo podem ser adicionadas até duas vezes por semana, para que o intervalo de 48 horas seja sempre respeitado. Quando novas camadas forem adicionadas, mova a cobertura seca para as laterais da pilha e misture os novos materiais com os que já estavam na compostagem. Torne a cobrir com matéria seca ao terminar.
Certifique-se que a pilha de compostagem nunca esteja seca nem encharcada, pois isto afeta o processo de compostagem. Também mantenha a aeração do composto em formação, revolvendo-o se necessário. Além disso, é essencial monitorar as temperaturas ao centro da compostagem, para saber se foram alcançadas as temperaturas necessárias para a fase termofílica e quando a fase ativa foi concluída.
Após finalizada a fase ativa, deixe o composto orgânico descansar por ao menos 30 dias. O composto da compostagem termofílica tende a ser mais grosseiro que o da compostagem com minhocas, então você pode peneirá-lo e separar os pedaços maiores para utilizá-los como inoculantes.
Se você mora em apartamento ou seu quintal é pequeno demais para a compostagem termofílica, você pode preferir ter uma composteira Humi e realizar a vermicompostagem. Sem ocupar muito espaço, você pode obter biofertilizante líquido e um excelente adubo para suas plantas. Aprenda como na matéria “Como fazer compostagem doméstica: um passo a passo”. Você pode adquirir a Humi, minhocas e outros acessórios para compostagem na loja eCycle.
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