Uma pesquisa realizada na Universidade do Estado de Washington (WSU) comprovou que o tetrahidrocanabinol (THC), composto encontrado na maconha, pode permanecer no leite materno mesmo horas após o consumo.
Para a pesquisa, que foi publicada no jornal Breastfeeding Medicine, os pesquisadores analisaram o leite doado por 20 mães que amamentavam e usavam cannabis. Além disso, eles foram responsáveis por coletar informações sobre como e quando as mães, todas com filhos com menos de seis meses, usavam a substância.
O leite foi coletado após as mães se absterem de usar cannabis por pelo menos 12 horas e depois em intervalos regulares após o uso.
Foi comprovado que diferentemente do álcool, quando o THC foi detectado no leite, não houve um momento consistente em que a sua concentração atingiu o pico e começou a diminuir. Ou seja, não se sabe exatamente quanto tempo a substância permanece no leite após o uso de canabinoides.
Além disso, foi observado que o THC pode permanecer no leite materno mesmo 12 horas após o uso.
A pesquisa também revelou que as pessoas tinham diferentes concentrações máximas de THC no leite. Para as participantes que usaram cannabis apenas uma vez durante o estudo, os canabinoides atingiram o pico aproximadamente 30 minutos a 2,5 horas após o uso e depois começaram a diminuir. Para as participantes que usaram várias vezes durante o estudo, a maioria mostrou um aumento contínuo nas concentrações ao longo do dia.
“Havia uma grande variação. Se você está tentando evitar a amamentação quando a concentração de THC atinge o pico, você não saberá quando o THC está no seu pico no leite”, disse a autora principal, Elizabeth Holdsworth, que trabalhou no estudo.
Os valores observados pelos pesquisadores foram relativamente baixos — foi estimado que os bebês recebiam em média 0,07 mg de THC por dia. Porém, não se sabe ainda quais efeitos esses compostos podem apresentar.
“Os pais que amamentam precisam estar cientes de que, se usarem cannabis, seus bebês provavelmente estarão consumindo canabinoides através do leite que produzem, e não sabemos se isso tem algum efeito no desenvolvimento do bebê”, disse Courtney Meehan, antropóloga biológica da WSU que liderou o projeto e é autora correspondente do estudo.
Vale ressaltar que um estudo anterior comprovou que a maioria das mães usam cannabis devido à suas propriedades terapêuticas — como um tratamento para ansiedade, dores crônicas ou outras condições de saúde —, como uma alternativa aos medicamentos prescritos.
Assim como a cannabis, não há evidências se o consumo de muitos medicamentos podem afetar o leite materno, uma vez que gestantes e mães que estão no processo de amamentação são comumente deixadas de fora de ensaios clínicos de medicamentos.
“Esta é uma área que precisa de pesquisas substanciais e rigorosas para que as mães saibam o que é melhor”, ressaltou a coautora Shelley McGuire, professora da Universidade de Idaho que estuda nutrição materno-infantil.
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