As entregas frequentes de produtos, especialmente na indústria da moda, alimentícia e de cosméticos, geram entusiasmo pela novidade mas também culpa pelos impactos ambientais. Embalagens excessivas, incluindo caixas dentro de caixas e plástico bolha, são comuns, apesar do surgimento de sacolas compostáveis. O aumento das compras on-line e do marketing digital, desde altas taxas de devolução até emissões do transporte marítimo, levantam questões sobre a conveniência do comércio eletrônico em comparação com o varejo físico.
No entanto, Elise Sharpley, líder do setor de consumo e varejo na Deloitte Austrália, adverte, em entrevista ao jornal The Guardian, que: “Não é tão simples afirmar que um método de compra é melhor ou pior que o outro. Existem variáveis que influenciam o impacto ambiental das compras on-line versus as compras na loja física.”
Viajar de carro até uma loja de varejo gera o dobro de emissões em comparação com a compra on-line, revela uma pesquisa do MIT, citada pelo Guardian. Aleasha McCallion e Jennifer Macklin, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Monash, destacam que é importante reconhecer que os impactos e emissões associados à embalagem e ao transporte ocorrem tanto nas compras na loja quanto nas compras on-line.
Para as compras em lojas físicas, os itens geralmente são enviados em grandes quantidades de um centro de distribuição para a loja, embalados e ensacados no caixa, e depois transportados para a casa do cliente. Já nas compras on-line, os itens são embalados em um centro de distribuição ou na própria loja e enviados diretamente para a porta do cliente.
Segundo Sharpley, se um produto encomendado on-line tiver que passar por vários centros de distribuição em diferentes países, isso aumenta as emissões de carbono provenientes do transporte aéreo. No entanto, uma pesquisa do Centro de Transporte e Logística do MIT revelou que viajar de carro até uma loja de varejo gera o dobro de emissões em comparação com a compra on-line.
Portanto, quando se trata de compras, McCallion e Macklin sugerem mitigar essas emissões escolhendo artigos fabricados o mais próximo possível do local de venda, preferencialmente em lojas que possam ser acessadas a pé, de bicicleta ou por transporte público.
Algumas empresas estão experimentando formas de embalagens mais sustentáveis, mas as opções biodegradáveis ou compostáveis nem sempre são melhores do que as de plástico. Em 2022, pesquisadores da Coreia do Sul descobriram que as compras on-line geram 4,8 vezes mais resíduos de embalagens do que as compras em lojas físicas. Papel e plástico representam cerca de 60% das embalagens globais, mas as taxas de reciclagem são baixas devido à complexidade dos fluxos de resíduos.
“Cada pacote entregue à nossa porta tem um custo oculto para o planeta”, afirma Nicole Rycroft, fundadora da organização sem fins lucrativos Canopy. “Nosso apetite voraz por compras on-line, juntamente com a rejeição ao plástico, levou ao aumento das embalagens de papel. Todos os anos, 3,1 bilhões de árvores, muitas delas provenientes de florestas globais críticas para o clima e a biodiversidade, são derrubadas para produzir embalagens que são descartadas rapidamente.”
Algumas empresas estão pesquisando e testando formas mais sustentáveis de embalagens feitas de cânhamo e resíduos agrícolas. Apesar de as opções biodegradáveis ou compostáveis estarem se tornando mais comuns, McCallion e Macklin alertam que, às vezes, essas alternativas são piores do que o plástico tradicional. Na maioria dos lares australianos, essas opções de embalagem devem ser descartadas em aterros sanitários ou correm o risco de contaminar resíduos orgânicos e recicláveis.
Embora lojas físicas frequentemente embrulhem roupas em sacos de papel ou plástico, é fácil minimizar isso pessoalmente: basta trazer uma sacola reutilizável e recusar embalagens extras.
A suposição comum é que as compras on-line resultam em mais devoluções, pois os clientes não podem experimentar as roupas ou avaliar a qualidade do item antes da compra. No entanto, um estudo de 2022 da Universidade Monash revelou que o oposto é verdadeiro: 66% dos compradores devolveram uma compra em uma loja física, em comparação com 42% dos compradores on-line.
McCallion e Macklin recomendam evitar comprar on-line itens que realmente precisam ser experimentados pessoalmente, como jeans ou sapatos. No final das contas, não importa tanto se compra on-line ou em lojas físicas, mas sim o que e quanto é comprado.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais