Acesse uma lista para comprar diretamente do agricultor familiar e consumir alimentos sem agrotóxicos, enfrentando a Covid-19 com saúde
A pandemia da Covid-19 nos obrigou a abrir mão de muitas coisas importantes durante o isolamento social, mas comer é uma necessidade básica, e comida saudável deveria ser um direito de todos. Embora isso ainda não seja uma realidade, a produção de alimentos não está parada. Agricultores familiares e pequenos produtores continuam trabalhando para que alimentos saudáveis e sem veneno cheguem até a população.
Com o objetivo de conter a transmissão do vírus, diversos municípios brasileiros interromperam feiras livres e outros locais onde alimentos frescos e sem veneno são vendidos, e isso pode dificultar o acesso a eles. No momento, muitos produtores estão fazendo a comercialização direta com os consumidores, através de pedidos por WhatsApp, Instagram, e-mail ou formulários on-line. As entregas estão sendo realizadas em domicílio ou pontos de coleta.
Para te ajudar a encontrar frutas, verduras, legumes e outros alimentos, o Greenpeace criou uma lista com contatos de agricultores orgânicos e agroecológicos em diversos municípios brasileiros. Acesse a lista aqui.
Comprando diretamente do pequeno produtor/ agricultor familiar, você ajuda duplamente, garantindo a renda de trabalhadores que defendem uma agricultura boa e justa, incentivando esse tipo de produção que deveria ser regra, e mantendo sua saúde e imunidade em dia.
Por um sistema alimentar justo
Infelizmente, nem todas as pessoas podem acessar comida saudável, devido à insistência dos governos em priorizar setores privados e a exportação de commodities como soja e milho, ao invés de alimentos de verdade, nutritivos, voltados para a população brasileira.
“A crise do novo coronavírus tem deixado antigas feridas ainda mais expostas. No caso da alimentação, estamos vendo o quão injustos são os sistemas básicos dos quais todo ser humano depende. Vimos agricultores familiares doando parte de sua produção, mas não vimos o agronegócio investindo seus bilhões em medidas de proteção para a população”, diz Marina Lacôrte, coordenadora da campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace Brasil.
Momentos de crise devem servir como motivação para desfazer desigualdades. Nesse momento, é urgente que tomadores de decisão, indústrias e indivíduos repensem a sustentabilidade da cadeia global de alimentos. Pesquisadores já vêm alertando para isso.
O modelo atual de produção de alimentos não pode colocar o lucro na frente do bem-estar da sociedade, como tem acontecido nos últimos anos. Antes visto como caminho para garantir a segurança alimentar mundial, acabou praticamente abandonando esse papel e causando impactos ambientais e sociais gigantescos, com os quais as próximas gerações terão que lidar.
“A indústria, sozinha, não vai promover as mudanças que precisamos. Seremos nós que teremos que agir e dizer que a injustiça não pode continuar. A solidariedade e as atitudes conscientes neste momento são também um ato político que pode nos ajudar a não voltar àquele “normal” de antes, muito bom para alguns, mas deplorável para outros”, diz Marina.
Quando compramos de produtores familiares, ainda que de maneira modesta, estamos estimulando uma forma melhor de produzir alimentos — e, por ora, é uma das coisas que podemos fazer. A mudança em nosso consumo é um passo que nos leva a modificações estruturais tão necessárias, e responsabilidade de todos — governos, empresas, sociedade. Assim, criamos as condições para que todas as gerações tenham a oportunidade de viver com saúde nesse planeta tão belo.
Qual a diferença entre alimento orgânico e agroecológico?
Orgânicos – A produção orgânica é livre de agrotóxicos e fertilizantes químicos, fazendo uso apenas de algumas poucas substâncias químicas que são permitidas para esse tipo de produção. Ela é sem dúvida mais ecológica que a agricultura convencional. No entanto, produções orgânicas podem não ser totalmente sustentáveis por não serem 100% socialmente justas, como é o caso da produção agroecológica.
Agroecológicos – Além de não usar agrotóxicos na produção, a agroecologia respeita os processos naturais de um ecossistema, evitando impactos negativos no meio ambiente e na nossa saúde. Também defende a reforma agrária e relações de trabalho justas no campo. Em resumo, a agroecologia segue sete princípios básicos: soberania alimentar; benefício dos agricultores e comunidades rurais; produção inteligente e eficiente de alimentos; biodiversidade e sistemas diversos; sustentabilidade e saúde do solo e da água; controle ecológico de pragas; e produção de alimentos resilientes às mudanças climáticas.