La Pintana cria revolução verde em fazer reciclagem de resíduos vegetais
La Pintana, uma comuna de Santiago, virou pioneira em reciclagem no Chile. Grande parte da comunidade do subúrbio chileno segue um projeto de reciclagem de resíduos vegetais há quase duas décadas.
O projeto foi instalado em 2005 com o objetivo de reaproveitar sobras de alimentos em produções locais e reduzir os gastos na gestão de resíduos. Hoje, cerca de 190 mil pessoas participam da iniciativa.
O Chile é o país com a maior produção de lixo da América do Sul, com 1,3 quilos de resíduos sendo produzidos diariamente por pessoa. E, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente local, os índices de reciclagem de resíduos orgânicos do país também são baixos — apenas 0,8% desse lixo é encaminhado para instituições de descarte corretas.
No entanto, em La Pintana, quase 50% de todos os resíduos orgânicos são reciclados devido ao projeto. Todos os dias, cerca de 20 toneladas de lixo são coletadas e encaminhadas para uma fábrica local, onde esses resíduos são transformados.
“O pessoal do município nos ensinou e eu faço isso há anos. Eles me dizem que depois todo o lixo é transformado em terra”, disse Marina Ortiz, residente da comuna em entrevista ao Reuters.
O reaproveitamento dos restos de alimentos dá origem a um composto usado pela comunidade e pelo governo local em praças e jardins públicos.
Os resíduos também ajudam na gestação do viveiro municipal da comunidade, que abriga cerca de 100 mil plantas de 400 espécies diferentes. O viveiro, de acordo com Cintia Ortiz, membro do projeto, usa cerca de uma tonelada do húmus resultante dos resíduos vegetais por ano.
Além disso, a instituição possui benefícios socioeconômicos para a comunidade. Mais da metade dos funcionários do viveiro são ex-reclusos que fazem trabalho comunitário.
Com essa reutilização, o governo local economiza cerca de US $100 mil por ano — que é encaminhado para outros projetos da comunidade. O dinheiro economizado durante o processo é essencial para La Pintana, que possui uma taxa de pobreza de cerca de 42%.
Claudia Pizarro, prefeita de La Pintana, reforça a importância da “revolução verde” instituída pelo projeto:
“Quando assumimos… era uma cidade onde a cada 200 metros havia um aterro sanitário”, disse em entrevista à AFP. “É um círculo virtuoso: as pessoas veem que onde antes tinha um lixão, agora tem verde e tudo florescendo, e param de jogar lixo ali”, continuou.
A iniciativa também serve de inspiração para outras partes do Chile. Recentemente, a ministra do Meio Ambiente do país, Maisa Rojas, propôs um projeto de lei para reproduzir o projeto no resto do Chile.