Descubra soluções viáveis para condomínios e bairros que ainda não contam com serviços de coleta seletiva
Saber o que fazer quando um condomínio ou bairro não tem coleta seletiva é importante para a saúde e o ambiente. Confira o passo a passo para resolver esse problema, entenda o contexto dos resíduos sólidos no Brasil e tome a iniciativa por um planeta mais sustentável.
Verifique a legislação
Se você mora em condomínio, antes de tudo, é preciso verificar se ele está de acordo com a lei, uma vez que, em alguns estados brasileiros, é obrigatória a implementação da coleta seletiva, dependendo do número de residências do local. Para isso, o ideal é entrar em contato com a prefeitura.
Considere contratar uma empresa especializada
Caso sua região não disponha de cobertura, empresas especializadas oferecem o serviço de coleta seletiva em condomínios, desde a implantação do projeto até a própria reciclagem do material, cuidando da maioria dos tipos de descarte, incluindo óleo de cozinha, eletrônicos, entre outros resíduos perigosos, como tintas. Outra alternativa pode ser a consulta a Cooperativas de Resíduos próximas ao condomínio, para verificar se há interesse na coleta.
Deixe que a Reciclus cuide de suas lâmpadas
Resíduos perigosos, como lâmpadas, não devem ser destinados para o aterro comum, pois são resíduos perigosos. As fluorescentes, por exemplo, contêm mercúrio, um metal pesado tóxico que forma aerossóis no ambiente, sendo facilmente inalado se a lâmpada se quebrar.
A inalação de altas concentrações de vapor de mercúrio pode causar dano aos pulmões, e a inalação crônica proporciona distúrbios neurológicos, problemas de memória, erupções cutâneas e insuficiência renal.
No ambiente, o mercúrio contamina solo, corpos hídricos e ar, entrando facilmente na cadeia alimentar e prejudicando os animais.
Ao optar por adquirir lâmpadas LED, você economiza energia. Mas, para destinar corretamente as lâmpadas fluorescentes ao fim de sua vida útil, você pode, junto com outros moradores do seu condomínio, guardar todas as lâmpadas usadas ao longo do ano e entrar em contato com a Reciclus.
Reciclus
A Reciclus (Associação Brasileira para a Gestão da Logística Reversa de Produtos de Iluminação) faz a coleta de lâmpadas gratuitamente. A associação começou a operar em 2017, disponibilizando pontos de coleta em estabelecimentos comerciais e destinação ambientalmente correta de lâmpadas no Brasil.
Esse trabalho é muito importante, pois algumas lâmpadas, como as fluorescentes, contêm mercúrio. Lâmpadas com mercúrio são materiais tóxicos e podem se tornar nocivas para pessoas e animais, principalmente se estiverem quebradas.
A Reciclus oferece a coleta gratuita de lâmpadas usadas em condomínios nas principais cidades do Brasil. Você pode entrar em contato pelo WhatsApp.
A organização também disponibiliza coletores em locais de fácil acesso e estão em todos os estados do Brasil.
Você também pode utilizar gratuitamente um material educativo (disponível no botão a seguir) nas principais áreas de acesso do condomínio para sensibilizar os moradores sobre a importância do tema.
Pontos de entrega voluntária
Você pode consultar quais são os pontos de entrega voluntária (Pevs) que recebem resíduos sólidos recicláveis higienizados. Para isso, consulte a busca gratuita do Portal eCycle. Mas certifique-se antes de se deslocar até o local. Tenha certeza que ele recebe seu tipo de resíduo.
Como separar o lixo corretamente antes de enviá-lo para a coleta seletiva?
Apesar de convencionalmente usar-se o termo “lixo”, basicamente, os descartes são divididos entre resíduos e rejeitos. O primeiro grupo se refere aos materiais que podem ser reciclados, e o segundo diz respeito ao que ainda não tem solução viável e precisa ser aterrado. A partir daí, os resíduos e rejeitos são divididos em orgânicos, recicláveis não perigosos, não recicláveis não perigosos e perigosos.
Orgânicos
Os orgânicos podem ser reciclados por meio da compostagem doméstica, ou, se você preferir, embalados em sacolas biodegradáveis ou recicladas e encaminhados para aterros. Mas é importante que eles não se misturem com outros tipos de recicláveis, pois a contaminação por orgânicos pode dificultar a reciclagem.
O lixo orgânico é todo resto de alimento, como cascas de legumes, papel toalha, borra, filtro de café, frutas, raízes, vegetais e folhas.
Você pode instalar uma composteira na sua casa ou apartamento, ou conversar com o síndico e os outros moradores sobre a implementação de composteiras coletivas no seu condomínio.
Para conhecer as vantagens e facilidades da prática de compostar, dê uma olhada nas matérias:
Para descartes como óleo de cozinha, você pode dar um novo uso fazendo sabão caseiro. Mas, se não for possível, nunca despeje na pia ou privada. O óleo contamina a água, o que dificulta seu tratamento. Para economizar viagem, você e outros moradores do condomínio ou do bairro podem guardar o óleo de cozinha e, em determinado período, se revezar na entrega a postos de coleta.
Recicláveis não perigosos
O lixo reciclável não perigoso é composto principalmente pelo papel, papelão, vidro, alguns tipos de plástico e metais, como o alumínio.
Por exemplo, deve-se fazer a separação de metais, vidro com vidro, plástico PET com plástico PET, entre outros tipos de plástico, de acordo com as cores da coleta seletiva.
O primeiro passo para a separação consiste em higienizar o lixo para evitar que ele se transforme em local de reprodução de vetores de doenças e venha a causar desconforto aos trabalhadores da cadeia da coleta seletiva.
Latas de molho de tomate e embalagens longa vida, por exemplo, podem ser um ambiente de proliferação de bactérias e fungos que geram mau odor, o que pode causar mal-estar aos trabalhadores que recolhem e manuseiam esse tipo de material.
Para evitar essa situação, é indicado higienizar esses recipientes, economizando o máximo de água possível. Para isso, você pode deixar as embalagens dentro da pia durante o dia, para que a água utilizada para lavar as mãos e a louça caia sobre elas, atuando como uma água reutilizada. Assim, ao final do dia, estará tudo limpo.
Após essa lavagem com água de reúso, o lixo reciclável deve secar e ser embalado em sacos de lixo não biodegradáveis, reciclados ou recicláveis.
No caso do papel, o ideal é não amassá-lo, já que, quanto mais intacto, maior seu valor para a reciclagem — ao amassar uma folha, você afeta as fibras de celulose, prejudicando seu valor comercial para reciclagem. Se houver vidro quebrado ou outro tipo de material que apresente risco à saúde dos trabalhadores da cadeia de resíduos sólidos, embale-os de maneira segura e identifique-os.
Não reciclável e não perigoso
A reciclabilidade de um material é relativa. O lixo não reciclável hoje pode ser reciclável amanhã. Isso depende da viabilidade econômica do momento, das tecnologias disponíveis ou do tipo de material.
Muitos materiais jogados no lixo ainda são de difícil reciclabilidade, como papéis parafinados ou plastificados, adesivos, etiquetas, fita-crepe, papel-carbono, fotografias, espelhos e esponjas para lavar louça de poliuretano.
Nesses casos, para evitar o envio de resíduos a aterros, é indicado consumir com parcimônia ou optar por algo semelhante, mas que seja biodegradável ou reciclável.
Quando não for possível deixar de consumir materiais não recicláveis, procure optar pela reutilização e, só em último caso, descartar.
Perigosos
O descarte correto de lixo perigoso é essencial. Isso porque o lixo classificado como perigoso é aquele que apresenta riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Esse tipo de material pode ser inflamável, corrosivo e/ou reativo quimicamente, e por isso precisa de tratamento e disposição especiais.
Neste grupo estão restos de tinta, medicamentos, eletrônicos, produtos químicos, lâmpadas, pilhas e baterias.
O lixo perigoso não pode simplesmente ser colocado em sacos de lixo e destinado como lixo comum, pois, uma vez descartado em aterros e lixões, junto com a água da torneira (no caso de tintas látex ou remédios, por exemplo) ou no solo, o lixo perigoso pode contaminar o solo e a água e causar danos irreversíveis aos animais e pessoas.
Nesse caso, a separação e o descarte corretos variam de acordo com cada tipo de material. É preciso tomar muito cuidado com o lixo perigoso. No caso dos eletroeletrônicos, você pode contatar a empresa fabricante, pois a Política Nacional de Resíduos Sólidos determina que esta ofereça a logística reversa aos consumidores.
Lâmpadas fluorescentes quebradas
Se a lâmpada fluorescente quebrar, é preciso estar atento a alguns cuidados. Antes de limpar a área, a primeira coisa a fazer é retirar do local as crianças e os animais, além de não deixar que ninguém toque o material.
Ventilar o ambiente também é importante. Por isso, janelas e portas precisam ser abertas o mais rápido possível. Para retirar os cacos, espere a poeira baixar (literalmente) e, usando luvas e máscara, coloque-os em um recipiente que possa ser lacrado para limpar os pequenos pedaços em pó. Use fitas adesivas e papel-toalha umedecido para limpar os últimos resíduos que possam ter passado despercebidos.
Se a lâmpada fluorescente quebrou em cima de roupas de cama ou qualquer outro tipo de material que tenha contato direto com o corpo, o material não deve mais ser usado, nem colocado na máquina de lavar. No caso de corte, procure assistência médica o mais rápido possível.
Todos os materiais contaminados devem ser descartados da mesma forma que as lâmpadas fluorescentes não quebradas, mas precisam ser bem embalados e, de preferência, com aviso explicando que o material é uma lâmpada quebrada e um
resíduo perigoso.
O que a legislação em vigor determina quanto às responsabilidades de cada um na destinação correta de resíduos?
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é uma lei (Lei nº 12.305/10) que organiza a forma com que o País lida com o lixo, exigindo dos setores público e privado transparência no gerenciamento de seus resíduos.
O constante aumento do consumo nas cidades proporciona grande geração de resíduos sólidos urbanos. Esse crescimento não é acompanhado pelo descarte adequado, o que pode prejudicar o meio ambiente e a saúde humana com contaminação do solo, dos corpos hídricos e da atmosfera. Um grande potencial é desperdiçado, já que muitos objetos poderiam ser reciclados ou reaproveitados, poupando recursos naturais, financeiros e aumentando emissões de CO2, que desequilibram o efeito estufa.
A PNRS foi um marco no setor ao compartilhar as responsabilidades no descarte correto de todos os resíduos sólidos entre os diversos agentes da cadeia de consumo. Essa política integra poder público, iniciativa privada e sociedade civil. Isso significa que, pela lei, todos são responsáveis pela destinação correta do lixo.
Por que você precisa se preocupar em fazer a coleta seletiva?
Realizar a coleta seletiva pode economizar energia, matérias-primas, água e espaço de aterros e lixões, além de gerar renda.
Para se ter uma ideia, o Panorama dos Resíduos Sólidos de 2020, realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Privada (Abrelp), revelou que o Brasil gera 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos ao ano. Em média, cada pessoa gera 380 quilos de lixo por ano, ou cerca de um quilo por dia, sendo praticamente metade composta por resíduo orgânico.
O Panorama da Abrelp ainda revelou que, apesar de 92% dos resíduos sólidos brasileiros serem coletados, apenas 60% vão para aterros sanitários — o restante é despejado em lixões e nos aterros chamados controlados. Ou seja, mais de 31 milhões de toneladas de resíduos são destinados em ambientes completamente inadequados para a segurança sanitária do país.
Além disso, embora pareça pouco, os 8% dos resíduos sólidos não coletados representam, sozinhos, outros 6 milhões de toneladas. Em 2019, estima-se que apenas 4% dos resíduos recicláveis foram efetivamente reciclados. Apesar do desafio da falta de infraestrutura é possível, com um pouco de esforço, evitarmos a destinação inadequada deles.
A opção pela compostagem em casa, por exemplo, é capaz de evitar a destinação da matéria orgânica (que representa quase a metade dos resíduos coletados) para aterros e lixões. Esse método recicla resíduos como cascas de vegetais, borra e filtro de café, transformando-os em um rico adubo orgânico chamado húmus.
A composteira pode ser instalada em casas, apartamentos ou em espaços coletivos compartilhados, sendo uma alternativa para condomínios. Porém, se você ainda não faz compostagem, ainda assim é importante separar o resíduo orgânico. Dessa forma, você evita a contaminação dos resíduos recicláveis, o que inviabilizaria sua reciclagem.
Por isso também é importante não só separar o lixo orgânico dos recicláveis, mas também higienizar o lixo seco, como embalagens de plástico, alumínio e vidro. De acordo com dados da Abrelp de 2020*, os rejeitos (aquilo que não poderia ser reciclado) representam apenas 14,1% de todo o lixo gerado no Brasil. Isso significa que, se empresas, governos e pessoas fizerem a sua parte, poderíamos reciclar 85,9% de todo o lixo gerado no País.