Muitos dos avanços médicos do último século poderão ser perdidos por causa da resistência a medicamentos; doenças curáveis correm o risco de se tornarem intratáveis em todo o mundo. Entenda o que leva à resistência e como governos e sociedade podem reagir ao problema.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, OMS, a resistência antimicrobiana pode ameaçar muitas conquistas da medicina no último século.
Em 2014, a OMS divulgou o relatório global sobre resistência antimicrobiana e vigilância”. O problema ocorre em qualquer país e atinge todas as idades.
Um ano depois, a agência da ONU publicou uma análise por país sobre a resposta à resistência.
Apesar de várias ações para combater o desafio e do compromisso de muitos governos, ainda há muito o que fazer nas seis regiões cobertas pela OMS no mundo. Para a agência, a resistência tornou-se uma ameaça à saúde mundial.
É a habilidade de um micro-organismo (como bactéria, vírus e alguns parasitas) de deter o efeito de um agente antimicrobiano (por exemplo: antibióticos, antivirais e antimalária) em atuar contra a infecção. Como resultado, os tratamentos padrões tornam-se ineficientes, as infecções persistem e podem ser transmitidas a outros.
Nos últimos 10 anos, o uso e o mau uso de antimicrobianos causou um aumento no número e nos tipos de organismos resistentes ao medicamento. Por isso, muitas doenças infecciosas podem acabar se tornando incontroláveis. Com o crescimento do comércio global e de viagens, os micro-organismos resistentes podem se espalhar rapidamente a qualquer parte do mundo.
A resistência é um fenômeno natural de evolução. Quando os micro-organismos estão expostos a um agente antimicrobiano, os organismos considerados mais suscetíveis acabam não resistindo, mas as mutações resistentes passam a característica para gerações futuras.
O uso inapropriado de antimicrobianos é o fator responsável pela resistência a antibióticos. Ambos os casos: o de abuso do antibiótico, como o mau uso ou o uso menor do que o indicado causam o problema. É preciso assegurar que os pacientes estejam informados sobre a necessidade de tomar a dosagem correta. Isto requer uma ação dos médicos, dos farmacêuticos, da indústria de medicamentos, de pacientes e legisladores.
A maior parte dos sistemas de controle de qualidade é fraca. Este é um aspecto que pode levar à baixa qualidade dos medicamentos obrigando os pacientes a usarem antimicrobianos inferiores. Com isso, criam-se as condições para que haja a resistência. Em alguns países, o pouco acesso a antibióticos leva os pacientes a não completar o curso e a procurar alternativas que incluem medicamentos abaixo do padrão adequado de qualidade.
As doses subterapêuticas de antibióticos são aplicadas aos rebanhos para promover crescimento ou prevenir doenças. Isto pode causar a resistência a micro-organismos que então é transmitida aos seres humanos.
Uma prevenção mal feita de doenças pode aumentar a disseminação de infecções resistentes a antibióticos. Pacientes que estão em hospitais são os mais propensos à resistência de micro-organismos. Já os pacientes que desenvolvem a resistência podem atuar como uma fonte de infecção de outros.
A vigilância para a emergência de medicamentos resistentes à tuberculose e à infecção com HIV está melhorando. Atualmente, existem algumas redes bem estabelecidas que coletam regularmente e reportam os dados relevantes sobre a resistência aos antibióticos. Alguns países não têm laboratórios que possam identificar, de maneira exata, os micro-organismos resistentes. Isso impede detectar a resistência e a tomar as providências necessárias.
A ameaça da resistência a medicamentos está aumentando. Existe uma necessidade de ação urgente, e todos podem ajudar. O problema complexo da resistência a medicamentos requer uma ação coletiva. A OMS desenvolveu um esboço de um plano global de ação para combater a resistência antimicrobiana. O plano foi submetido à 68ª Assembleia Mundial da Saúde, que ocorreu em maio de 2015. Foi pedido aos governos que aprovem a proposta e, ao fazê-lo, que declarem seu compromisso de enfrentar este ameaça global de saúde.
Antibióticos que já estão no mercado e medicamentos contra parasitas, e em menor escala medicamentos antivirais, estão perdendo o efeito. Da mesma maneira, os investimentos no desenvolvimento de novos antimicrobianos são insuficientes. Também não existem pesquisas suficientes em novas formas de diagnósticos para detectar a resistência a micro-organismos, assim como novas vacinas para prevenir e controlar as infecções. Se essa tendência continuar, o estoque de ferramentas para combater o micro-organismo resistente pode, muito em breve, esvaziar-se.
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