Associe o tipo de plástico aos produtos do seu dia a dia e saiba como destiná-lo corretamente
O plástico é um dos materiais mais presentes no nosso cotidiano. Os diversos tipos de plásticos servem como matéria-prima para a fabricação de escovas de dente, brinquedos, bijuterias, peças do computador, utensílios de cozinha, embalagens de produtos de limpeza, entre outros. Seu emprego nos mais variados produtos se deve a fatores como alta durabilidade, baixo consumo de energia e facilidade de transporte e processamento.
Quais são os 7 tipos de plástico?
Eles são, basicamente, divididos em termoplásticos e termorrígidos, sendo, respectivamente, recicláveis e não recicláveis a altas temperaturas. A categorização divide os plásticos em sete tipos:
- PET ou PETE (Tereftalato de polietileno)
- PEAD (Polietileno de alta densidade)
- PVC (Policloreto de Vinila ou cloreto de vinila)
- PEBD (Polietileno de baixa densidade)
- PP (Polipropileno)
- PS (Poliestireno)
- Outros plásticos
Sendo reciclável ou não, o descarte incorreto do plástico pode ser muito nocivo para o ambiente e para a saúde humana. À medida que, ao escapar, ele pode contaminar o ambiente e entrar na cadeia alimentar. Por isso, é preciso tomar cuidado para não deixar o plástico ir parar no meio ambiente. Seja reutilizando-o, destinando-o para a reciclagem (quando for reciclável) ou para aterros sanitários (quando não for possível reciclá-lo).
O plástico é um polímero originado de uma fração do petróleo chamada nafta. Mas também de fontes renováveis, como o plástico feito a partir do milho, da beterraba, da mandioca, da cana-de-açúcar, etc.
O plástico se subdivide de acordo com a composição de sua cadeia de moléculas. A seguir, veremos a diferenciação mais básica entre os tipos de plásticos, que pode ser feita a partir da extensão e estrutura dos polímeros. Além de como identificar se esses materiais são próprios ou não para a reciclagem:
Como classificar o plástico?
Para os consumidores saberem de qual tipo de plástico é feito o produto que estão adquirindo, há um padrão utilizado pelas fábricas. Você já deve ter reparado que existem números cercados por um triângulo com setas nos rótulos dos produtos de plástico que você compra. Eles têm a função de alertar os consumidores sobre o descarte seletivo, além de orientar a separação devida de cada material.
No Brasil, a norma técnica do plástico (NBR 13.230:2008) foi concebida de acordo com critérios internacionais. A numeração separa o material em seis diferentes tipos de plásticos (PET, PEAD, PVC, PEBD, PP, PS) com uma sétima opção (outros). Normalmente empregada para os produtos de plástico fabricados com uma combinação de diversas resinas e materiais. Confira a figura abaixo:
- PET ou PETE (Tereftalato de polietileno)
- PEAD (Polietileno de alta densidade)
- PVC (Policloreto de Vinila ou cloreto de vinila)
- PEBD (Polietileno de baixa densidade)
- PP (Polipropileno)
- PS (Poliestireno)
- Outros plásticos
O problema é que, no Brasil, uma porção significativa dos objetos de plástico não é identificada ou é identificada erroneamente.
Termoplásticos, termorrígidos e a reciclagem
Os termoplásticos são um tipo de plástico sintético que pode ser aquecido sem que suas propriedades químicas mudem. Isto é muito vantajoso para a reciclagem, pois o material pode ser moldado em outros formatos e, portanto, reciclado. Dessa forma, todos os termoplásticos são potencialmente recicláveis.
Veja abaixo uma sequência de tipos de plásticos que se enquadram na categoria de termoplásticos:
PET: poli (tereftalato de etileno)
Polietileno tereftalato, ou PET, é um tipo de plástico formado pela reação entre o ácido tereftálico e o etileno glicol. O plástico PET normalmente compõe frascos e garrafas para uso alimentício/hospitalar, cosméticos, bandejas para micro-ondas e fibras têxteis. É um material muito utilizado por ser transparente, inquebrável, impermeável e leve.
Por ser um termoplástico, o PET é reciclável. A desvantagem é que o PET é feito a partir do petróleo – uma fonte não renovável – e, quando misturado a outros tipos de materiais, como fibras de algodão – no caso das roupas – a sua reciclagem fica inviabilizada.
PEAD: polietileno de alta densidade
O polietileno de alta densidade, ou PEAD, está presente em embalagens de detergente e óleos automotivos, sacolas de supermercados, tampas, tambores para tintas, potes, entre outros. É um material plástico muito utilizado por ser inquebrável, resistente a baixas temperaturas, leve, impermeável, rígido e com resistência química. Por ser um termoplástico, o PEAD é reciclável. Ele pode ser obtido a partir do petróleo ou de fontes vegetais, quando ocorre o último caso, ele é chamado de plástico verde.
PVC
O plástico PVC, ou melhor dizendo, policloreto de polivinila, é um tipo de plástico muito encontrado em embalagens para água mineral, óleos comestíveis, maioneses, sucos, perfis para janelas, tubulações de água e esgoto, mangueiras, embalagens para remédios, brinquedos, bolsas de sangue, material hospitalar, entre outros. Ele é muito utilizado por ser rígido, transparente (se desejável), impermeável, resistente à temperatura e inquebrável.
O PVC é formado por 57% de cloro (derivado de um sal de cozinha) e 43% de eteno (derivado do petróleo). No Brasil, a taxa de reciclagem do PVC tem crescido ao longo do tempo.
O reaproveitamento do material, quando bem separado, pode ser feito de forma simples e menos onerosa. Entretanto, uma desvantagem é que ele possui dioxina, uma substância que se acumula no organismo e pode causar câncer. Saiba mais sobre esse tema na matéria:
Dependendo da aplicação final podem ser adicionados plastificantes, estabilizantes e outros. Saiba mais sobre ele na matéria:
PEBD ou PELBD
O PEBD (polietileno de baixa densidade) é usado em sacolas para supermercado e boutiques; filmes para embalar leite e outros alimentos; sacaria industrial; filmes para fraldas descartáveis; bolsa para soro medicinal; sacos de lixo, entre outros.
É um tipo de plástico muito utilizado por ser flexível, leve, transparente e impermeável. Por ser um termoplástico, o PEBD é reciclável. Ele pode ser obtido a partir do petróleo ou de fontes vegetais. Quando ocorre o último caso, assim como o PEAD já mencionado, ele é chamado de plástico verde.
PP: polipropileno
Esse tipo de plástico tem como características conservar o aroma, ser inquebrável, transparente, brilhante, rígido e resistente a mudanças de temperatura. O polipropileno é muito utilizado em filmes para embalagens e alimentos, embalagens industriais, cordas, tubos para água quente, fios e cabos, frascos, caixas de bebidas, autopeças, fibras para tapetes e utilidades domésticas, potes, fraldas e seringas descartáveis, etc.
É um termoplástico derivado do propeno (plástico reciclável). Ele possui propriedades semelhantes às do polietileno, mas com ponto de amolecimento mais elevado.
O PP possui uma variação chamada BOPP, um plástico metalizado de difícil reciclagem, usual em embalagens de salgadinhos e biscoitos. Leia mais sobre ele em:
PS: poliestireno
O poliestireno é utilizado em potes para iogurtes, sorvetes, doces, frascos, bandejas de supermercados, geladeiras (parte interna da porta), pratos, tampas, copos descartáveis, aparelhos de barbear descartáveis e brinquedos. Ele é uma resina do grupo dos termoplásticos. Além de ser reciclável, o poliestireno possui características como leveza, capacidade de isolamento térmico e baixo custo. Além de flexibilidade, e a maleabilidade sob a ação do calor, que o deixa em forma líquida ou pastosa.
Plástico PLA
PLA: poli (ácido lático)
O plástico PLA é produzido a partir do ácido lático obtido pela fermentação do amido de beterraba, mandioca e outros vegetais. É compostável, biodegradável, reciclável (mecânica e quimicamente), biocompatível e bioabsorvível.
O plástico PLA pode ser utilizado em copos, recipientes, embalagens de alimentos, sacolas, pratos descartáveis, garrafas, canetas, bandejas, filamentos de impressora 3D e outros. O problema é que, como no caso dos filamentos de impressoras 3D, ele acaba sendo misturado a outros tipos de plásticos. Isso inviabiliza sua reciclagem. Para saber mais sobre o plástico PLA, confira a matéria:
Termorrígidos
Os termorrígidos, termofixos ou termoendurecidos são plásticos que não se fundem mesmo em elevadas temperaturas. Pelo contrário, em altas temperaturas esses materiais se decompõem, o que inviabiliza a reciclagem. Dessa forma, o plástico termorrígido é de difícil reciclagem.
Confira abaixo uma sequência de materiais termorrígidos:
PU: poliuretano
Flexibilidade, leveza, resistência à abrasão, possibilidade de design diferenciado são suas principais características positivas. A aplicação se dá em:
- Espumas macias para colchões e estofados;
- Espumas rígidas
- Solados de calçados
- Interruptores
- Peças industriais elétricas
- Pranchas de surfe
- Peças para banheiro
- Pratos, travessas
- Cinzeiros
- Telefones
O maior problema do poliuretano é que ele ainda é um material de difícil reciclagem.
Como todo plástico, o poliuretano é um polímero feito a partir da reação de duas substâncias principais: um poliol e um di-isocianato. As matérias-primas do processo podem variar de acordo com a necessidade da aplicação. Na parte dos polióis, os mais utilizados são o óleo de mamona e o polibutadieno. Entre os di-isocianatos, são destaques os “famosos” difenilmetano di-isocianato (MDI) e hexametileno di-isocianato (HDI), entre outros nomes complicados.
No caso das esponjas de cozinha, a solução mais viável é substituí-las pela bucha vegetal. Para saber o que fazer com a esponja de cozinha de poliuretano confira a matéria:
EVA: acetato-vinilo de etileno
A principal característica do EVA, acetato-vinilo de etileno, é a capacidade de ser flexível e resistente ao mesmo tempo. Como o próprio nome já diz, ele é feito de uma mistura de alta tecnologia de etil, vinil e acetato. Comumente utilizado em equipamentos de academia, brinquedos, como solados de tênis e chinelos, materiais de artesanato e outros. Assim como o poliuretano, o problema do EVA é que ele é de difícil reciclagem.
Baquelite
A baquelite é, quimicamente falando, o polioxibenzimetilenglicolanidrido. Ela é formada pela junção do fenol com o formaldeído, que dá origem a um polímero chamado polifenol. É uma resina sintética resistente ao calor, infusível, forte e que pode ser moldada na fase inicial da manufatura.
Além disso, a baquelite tem baixo custo e pode ser incorporada em vernizes e lacas. A aplicação ocorre em cabos de panela, componentes de rádios, telefones, interruptores, casquilho de lâmpadas, etc.
A baquelite é pouco usada. Produtos antigos de baquelite costumam ser itens de coleção e são de difícil reciclagem.
Resina fenólica
As resinas fenólicas são polímeros termofixos, ou termorrígidos, produzidos por meio de reações químicas de condensação entre um fenol (álcool aromático derivado do benzeno), ou um derivado de fenol, e um aldeído, em especial o formaldeído. As resinas fenólicas têm:
- Bom comportamento térmico;
- Alto nível de força e resistência, longa estabilidade térmica e mecânica, boa capacidade de agir como isolante elétrico e térmico.
Esse tipo de resina é muito empregado em bolas de sinuca, revestimentos, adesivos, tintas e vernizes. Infelizmente, não é reciclável. Mas assim como qualquer tipo de plástico, também exige um descarte correto para que não contamine o ambiente.
Fique atento
Oxidegradável
O plástico oxidegradável, também chamado de “oxibiodegradável”, tem como bases principais o polietileno (PE), o polipropileno (PP), o poliestireno (PS) e o politereftalato de etileno (PET). Mas o que determina sua condição de degradação pelo oxigênio (oxidegradabilidade) é que são utilizados aditivos pró-degradantes. Eles possuem a propriedade de fragmentar o plástico, facilitando a decomposição.
Esse tipo de plástico tem uso controverso, principalmente em relação à viabilidade de sua reciclagem e resíduos gerados, como o microplástico. Para entender esse tema com mais detalhes, confira a matéria:
Bisfenóis
Os bisfenóis não são bem um tipo de plástico em si, mas são substâncias presentes em alguns tipos de plásticos. Eles são utilizados como revestimentos de embalagens, utensílios, maquinários, pisos e outros objetos para aumentar a resistência e a durabilidade do material. O problema destas substâncias é que elas causam uma série de prejuízos aos organismos humanos e animais.
Os bisfenóis são disruptores endócrinos presentes em embalagens de alimentos, maquiagens, produtos de higiene, recibos, jornais, entre outros. Eles acabam migrando da embalagem para os alimentos e pele por meio do contato. Por fim, vão parar na corrente sanguínea humana, proporcionando problemas na tireoide, ovários, testículos, e até câncer.
Quando o plástico contendo bisfenol é descartado de modo incorreto, os bisfenóis contaminam a água, o solo e a atmosfera. Assim, prejudicando a reprodução de golfinhos, baleias, veados, e outros animais.
Para saber mais sobre esse tema, confira nossa matéria:
Destino correto, efetivamente
Como você já deve saber, é muito importante diferenciarmos os plásticos recicláveis dos não recicláveis. Principalmente para evitar consumir os não recicláveis e destinar os recicláveis para a reciclagem.
Seria muito complicado banir esse tipo de material completamente do nosso dia a dia. Mas devemos sim, evitá-los – principalmente os de reciclabilidade não viável, como é o caso do plástico BOPP. Por isso, prefira consumir, no lugar destes, produtos recicláveis, de vidro (mais seguros, pois não contêm disruptores endócrinos) ou alumínio.
Também é importante saber se o item que você adquiriu com boa intenção é realmente reciclável. Camisetas feitas com PET reciclado podem conter em sua composição uma mistura com fibras de algodão, o que inviabiliza uma nova reciclagem. Sem contar que a lavagem de roupas contendo fibras têxteis sintéticas é responsável por soltar microplásticos na água.
Dicas
Mas não basta consumir recicláveis no lugar dos não recicláveis, é preciso garantir a reciclagem. Nem todo material reciclável acaba sendo reciclado. Para aumentar a chance de reciclagem é preciso embalar corretamente e destinar a postos de coleta e reciclagem ou à coleta da prefeitura.
Em seguida, é preciso pressionar governos, empresas fabricantes e outros consumidores para garantirem a reciclagem. Uma vez que, legislativamente, é estabelecido que a responsabilidade pela gestão dos resíduos é de todos.
Então, após destinar corretamente seus resíduos recicláveis, ligue para a subprefeitura da sua cidade. Mostre interesse em saber se o lixo selecionado recolhido está sendo efetivamente reciclado. Procure pelo SAC da empresa do produto plástico que você consumiu e cobre sobre a garantia da reciclagem dos materiais vendidos. Lembrando que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece que a responsabilidade pelo retorno do resíduo na cadeia também é das empresas.
Para ficar mais ligado ainda, confira a matéria:
Se você quer descartar corretamente os seus materiais de diversos tipos de plásticos e deixar a sua pegada mais leve, consulte os postos de descarte mais próximos de sua residência.