Mais de 370 milhões de indígenas vivem em todo o mundo e, para eles, espera-se que os impactos das mudanças climáticas sejam precoces e graves devido à sua localização em ambientes de alto risco.
Para enfrentar esses desafios, esses povos estão mobilizando seu conhecimento profundo dos territórios que são sua fonte de sustento há gerações. O conhecimento indígena opera em uma escala espacial e temporal muito mais precisa do que a ciência e inclui a compreensão de como lidar e se adaptar à variabilidade e tendências ambientais.
É por isso que pesquisadores defendem o uso dessa sabedoria no combate às mudanças climáticas. Intitulado como “Envolvendo a Transformação: Usando Rodadas Sazonais para Antecipar a Mudança Climática”, ele deve ser publicado ainda neste mês na revista científica Human Ecology.
Quem está por trás do projeto é Karim-Aly Kassam, professor de Estudos Ambientais e Indígenas da Universidade Cornell, nos EUA. Em parceria com alunos e outros professores, o pesquisador se uniu a comunidades indígenas e rurais de todo o mundo para desenvolver calendários ecológicos que integram sistemas culturais locais com sistemas sazonais indicadores.
O objetivo desses cronogramas é revitalizar as conexões entre as pessoas e os ambientes, além de desenvolver a capacidade de antecipação e adaptação em nível local em face da mudança climática. E isso se faz muito necessário, já que 70% a 80% do suprimento mundial de alimentos é produzido por pequenos agricultores.
“Para entender os reais impactos e desenvolver uma estratégia de adaptação, é fundamental que estejamos ancorados à ecologia e cultura locais”, disse Kassam ao site da universidade onde leciona. “Não basta conversarmos entre ecologistas, glaciologistas e etnógrafos; também precisamos conversar com o caçador, o fazendeiro, o pastor — essas são as pessoas que têm uma visão local específica. E juntos, colaborativamente, criamos esse conhecimento.”
Além do documento, Kassam e os outros participantes irão organizar a conferência “Ritmos da Terra: Conhecimento Indígena, Ciência e Prosperando Juntos em um Clima em Mudança”. O evento acontece de 11 a 13 de outubro e começa no Dia do Povo Indígena, e contará com apresentações de pesquisadores e membros da comunidade, instalações de arte e exibições interpretativas para compartilhar o impacto e a essência da pesquisa.
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