As consequências do aquecimento global podem atingir a sociedade de diversas formas, impactando as áreas social, cultural e ambiental. A saúde humana, a infraestrutura das comunidades, os sistemas de transporte, os suprimentos de água e a comida são exemplos de segmentos que podem ser prejudicados por esse fenômeno. No entanto, desafios maiores podem afetar alguns grupos sociais, como pessoas que vivem em áreas mais pobres e vulneráveis ou idosos e comunidades de imigrantes.
Aquecimento global é o processo de mudança da temperatura média do planeta e da atmosfera. O acúmulo de altas concentrações de gases do efeito estufa na atmosfera bloqueia o calor emitido pelo sol, que fica preso na superfície e aumenta a temperatura média da Terra. Esse fenômeno pode trazer consequências diversificadas e complexas para o planeta, além de danos irreversíveis para a humanidade. Alguns efeitos do aquecimento global já podem ser percebidos, como o derretimento das calotas polares, ondas de calor intensas e elevação do nível dos oceanos.
O dióxido de carbono (CO2) é um exemplo de gás do efeito estufa que contribui para a intensificação do aquecimento global e, consequentemente, das mudanças climáticas. Ele é liberado durante a queima de combustíveis fósseis, decomposição de seres vivos, desmatamentos e outras ações humanas.
De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), existem estudos científicos que comprovam que o aumento da temperatura no planeta está sendo provocado pela ação humana ao longo dos últimos 250 anos.
A principal consequência do aquecimento global está relacionada com um aumento na repetição e intensidade de eventos climáticos extremos, tais como enchentes, tempestades, furacões e secas. Ainda, o El Niño, um evento climático que ocorre regularmente a cada cinco a sete anos, também poderá se tornar mais recorrente, provocando secas severas no Norte e Nordeste e chuvas torrenciais no Sudeste do território brasileiro.
Um estudo mostrou que o aquecimento global está alterando profundamente o clima do Alasca. De acordo com especialistas, o número de tempestades no estado triplicará, aumentando os ricos de inundações generalizadas, deslizamentos de terra e incêndios florestais induzidos por raios.
Um outro estudo revelou que os ciclones tropicais se tornarão mais intensos. Além disso, anunciou que as ondas de calor ocorrerão com mais frequência.
O nível do mar deve subir em média de 18 a 59 cm até o final do século XXI, o que implicaria no desaparecimento de muitas ilhas (em alguns casos países inteiros), com danos fortes em várias áreas costeiras, além de causar enchentes e erosão. Uma elevação de 50 cm no nível do oceano Atlântico poderia, por exemplo, consumir 100 metros em algumas praias no Norte e Nordeste do Brasil.
O Ártico já perdeu cerca de 7% de sua superfície de gelo desde 1900, sendo que na primavera esta redução chega a 15% de sua área. Nos próximos anos, poderá haver uma diminuição ainda maior na cobertura de gelo da Terra tanto no Ártico quanto na Antártica.
Algumas projeções indicam ainda o desaparecimento quase total do gelo marinho ártico no final do verão. Os processos de derretimento deste gelo são lentos. A eliminação completa da cobertura de gelo da Groenlândia, por exemplo, contribuiria para um aumento de cerca de sete metros do nível do mar, embora possa demorar vários séculos para que este derretimento venha a ocorrer.
Outra consequência do aquecimento global diz respeito às mudanças no regime das chuvas, onde áreas áridas poderão se tornar ainda mais secas. Na Amazônia, as chuvas poderão diminuir em 20% até o final deste século. Poderá ocorrer também o avanço de água salgada nas áreas de foz de rios, além de escassez de água potável em regiões críticas, que já enfrentam estresse hídrico.
Além disso, as previsões alertam para os riscos de diminuição dos estoques de água armazenados nas geleiras e na cobertura de neve, ao longo deste século. Áreas que dependem do derretimento da neve armazenada no inverno, como os Andes e o Himalaia, podem sofrer impactos significativos na disponibilidade de água.
Uma pesquisa também mostrou que o aquecimento global está intensificando o ciclo global da água. De acordo com os especialistas, as mudanças na salinidade dos oceanos sugerem que as regiões secas ficarão mais secas e as regiões úmidas mais úmidas.
As alterações climáticas previstas afetarão os ecossistemas e poderão colocar em risco a sobrevivência de várias espécies do nosso planeta. Como consequência do aquecimento global, a biodiversidade de vários ecossistemas deverá diminuir e são esperadas mudanças na distribuição e no regime de reprodução de diversas espécies.
A antecipação ou retardamento do início do período de migração de pássaros e insetos e dos ciclos reprodutivos de sapos, a floração precoce de algumas plantas, a redução na produção de flores e frutos de algumas espécies da Amazônia, a redução da distribuição geográfica de recifes de corais e mangues, o aumento do número de micro-organismos presentes no solo, o aumento na população de vetores como malária ou dengue e a extinção de espécies endêmicas são alguns exemplos dos impactos da mudança climática global sobre a biodiversidade do planeta.
Um estudo sugeriu que o aquecimento global pode estar fazendo com que tubarões jovens migrem para o norte da Califórnia, já que as águas do sul estão ficando muito quentes para eles. Uma outra pesquisa retratou que esse fenômeno também pode estar relacionado ao aumento dos órgãos sexuais de peixes e à uma doença de pele que está acometendo populações costeiras de golfinhos.
Por fim, um outro estudo analisou quais características comportamentais dos animais são mais sensíveis às alterações climáticas. De modo geral, todos os traços incluídos – agressão, atividade, ousadia, sociabilidade e exploração de seu ambiente – mudaram significativamente. No entanto, a maior alteração foi observada na exploração de seu ambiente. Esses são alguns exemplos de como o aquecimento global provoca mudanças nos ecossistemas.
De acordo com uma pesquisa, o aumento de gases do efeito estufa na atmosfera está provocando o clareamento do céu durante a noite. Esse fenômeno ocorre por conta da poluição luminosa, em que a luz emitida em ambientes urbanos é refletida e deixa o céu menos escuro. A intensificação de gases do efeito estufa na atmosfera favorecem a poluição luminosa. Isso porque as partículas suspensas no ar refletem a luz.
A desertificação é causada principalmente pelas atividades humanas e alterações climáticas. Estima-se que cerca de 135 milhões de pessoas estão sob o risco de perder suas terras por conta da desertificação. Segundo a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, a África pode perder cerca de 2/3 de suas terras produtivas até 2025, enquanto a Ásia e a América do Sul podem perder 1/3 e 1/5, respectivamente. Áreas inteiras podem se tornar inabitáveis como consequência dos crescentes efeitos do aquecimento global, além da agricultura predatória, queimadas, mananciais sobrecarregados e explosões demográficas.
Nas regiões subtropicais e tropicais, mudanças nas condições climáticas e no regime de chuvas poderão modificar significativamente a vocação agrícola de uma região. Na medida em que a temperatura mudar, algumas culturas e zonas agrícolas terão que migrar para regiões com clima mais temperado ou com maior nível de umidade no solo e taxa de precipitação.
Estudos mostram que, para aumentos da temperatura local média entre 1 a 3 ºC, prevê-se que a produtividade das culturas aumentaria levemente nas latitudes médias a altas, e diminuiria em outras regiões. Nas regiões tropicais, há previsão de que a produtividade das culturas diminua até mesmo com aumentos leves da temperatura local (de 1 a 2 ºC). Com isso, cresce também o risco da fome atingir um número muito maior de pessoas no mundo. Isto ocorreria principalmente nos países pobres, que são os mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global e os menos preparados para enfrentar seus impactos.
Além disso, uma pesquisa sugeriu que o aquecimento global está tornando mais difícil conseguir uma boa xícara de café. Isso porque as áreas destinadas ao cultivo de tipos especiais de café na Etiópia estão encolhendo e enfrentando mudanças em seus fatores climáticos.
Alterações no regime de chuva e a ocorrência de eventos extremos podem comprometer infraestruturas essenciais, como linhas de energia, estradas e pontes, que precisariam ser reparadas com mais frequência, gerando gastos significativos aos governos.
O relatório “Impacto, vulnerabilidade e adaptação das cidades costeiras brasileiras às mudanças climáticas” traça os possíveis cenários para as cidades da costa do Brasil caso o aquecimento global continue se intensificando. Cidades localizadas no litoral, que abrigam 60% da população brasileira e geram 30% do PIB nacional, devem ser as mais afetadas. Isso deve acontecer devido ao aumento do nível dos oceanos, que pode afetar a população e a infraestrutura da região, além de prejudicar as atividades agropecuária e industrial.
Além disso, o derretimento do permafrost na região Ártica e Antártida deve danificar edifícios e estradas, levando a dezenas de bilhões de euros em custos adicionais em um futuro próximo, de acordo com uma revisão internacional coordenada por geógrafos finlandeses.
As mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global aumentam a intensidade, a frequência e o impacto de eventos climáticos extremos, sejam de frio ou de calor. Esses eventos, além de impactarem o ambiente, causam efeitos nocivos à saúde humana, como aumento do risco de suicídio, problemas respiratórios e cardiovasculares, entre outros.
Um estudo mostrou que as alergias causadas por pólen também podem aumentar. Isso porque as mudanças climáticas e na distribuição de espécies decorrentes do aquecimento global fazem com que as pessoas fiquem expostas a novos tipos de pólen. Além disso, sugeriu que as temporadas de alergia podem se tornar mais longas e intensas.
Outra pesquisa retratou que os aumentos das temperaturas devido à crise climática podem levar a uma elevação no número de pessoas que sofrem de cálculos renais – uma condição médica dolorosa exacerbada pelo calor e pela desidratação. De acordo com o Hospital Infantil da Filadélfia, os casos aumentarão entre 2,2% e 3,9%, dependendo dos níveis de emissão de gases do efeito estufa.
Outro estudo mostrou que a desaceleração do aquecimento global observada no final do século passado refletiu na diminuição da transmissão de malária nas terras altas da Etiópia. Isso sugere que esse fenômeno está diretamente relacionado à diminuição ou aumento da transmissão de algumas doenças.
As consequências geradas pelo aquecimento global variam de acordo com alguns fatores:
A região em que as pessoas vivem pode influenciar a forma com que elas sofrem os efeitos do aquecimento global. Pessoas que vivem em áreas costeiras têm maior probabilidade de serem mais afetadas por eventos climáticos extremos, por exemplo. Além disso, países em desenvolvimento podem não conseguir atender às demandas de infraestrutura de transporte, água e energia decorrentes do aumento da temperatura.
Regiões úmidas podem sofrer com a intensificação das chuvas, enquanto regiões secas podem se tornar ainda mais secas, acelerando processos de desertificação. Por outro lado, regiões geladas podem passar a ser produtivas, se beneficiando do aumento da temperatura.
Os grupos sociais lidam de formas distintas com as consequências do aquecimento global. Acredita-se que a população mais empobrecida e vulnerável dos países em desenvolvimento seria a mais afetada, uma vez que teriam recursos limitados para se adaptar às mudanças climáticas. Idosos e crianças também podem ser mais afetados, já que necessitam de mais cuidados e atenção.
Comunidades que dependem de recursos naturais para alimentação, práticas culturais e renda podem sofrer com a escassez desses recursos. Vale ressaltar que muitas comunidades já não possuem água potável e encontram dificuldades para obter alimentos nutritivos. Isso pode se agravar com o aquecimento global, provocar problemas de saúde e ameaçar a identidade cultural desses povos.
Nas cidades, o aumento da temperatura é percebido de forma específica. As ondas de calor podem ser ampliadas devido à absorção de calor durante o dia, que é maior do que nas áreas rurais, por exemplo. Além disso, as cidades são mais densamente povoadas. Dessa forma, fenômenos como o aumento das ondas de calor, secas e tempestades atingiriam um número muito maior de pessoas nessas regiões.
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