Consumir canela em pau pode evitar adulteração por chumbo

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A canela, especiaria amplamente apreciada em todo o mundo por seu sabor e aroma inconfundíveis, tornou-se alvo de preocupações devido à presença de chumbo em alguns produtos. Investigação recente nos Estados Unidos revelou níveis alarmantes de contaminação, expondo consumidores a riscos à saúde que variam conforme a frequência e quantidade de consumo.

Produtos de canela adulterados com chumbo, detectados em marcas disponíveis no mercado, foram responsáveis por centenas de casos de níveis elevados de chumbo no sangue em 2023. Crianças, particularmente vulneráveis a essa exposição, sofreram consequências preocupantes devido ao impacto do metal em seu desenvolvimento. As investigações apontaram que práticas como a adição intencional de compostos de chumbo durante o processamento aumentam o peso ou a cor da especiaria, uma forma de adulteração alimentar que visa ganhos financeiros às custas da saúde pública.

Embora a canela em pau tenha apresentado níveis mais baixos de contaminação, a forma em pó, frequentemente usada em produtos assados e bebidas, mostrou-se mais propensa a conter quantidades significativas do metal pesado. O estudo conduzido pela Consumer Reports encontrou níveis variando de 0,02 a 3,52 partes por milhão (ppm) na canela moída vendida nos EUA. Esses valores, embora baixos em relação à canela claramente adulterada, podem ser suficientes para superar os limites de segurança estabelecidos para ingestão diária de chumbo, especialmente em populações em risco.

O chumbo é um metal cumulativo, o que significa que múltiplas exposições de fontes variadas, como alimentos, tintas antigas ou água encanada em sistemas obsoletos, podem somar-se a níveis tóxicos no corpo. O metal é absorvido pelo intestino delgado e compete com nutrientes essenciais como ferro, agravando deficiências nutricionais comuns entre crianças e mulheres grávidas. Estudos revelaram que 49% do chumbo ingerido pode ser absorvido pelo organismo, destacando a relevância de limitar a exposição alimentar.

Nos Estados Unidos, a ausência de diretrizes federais específicas para metais pesados em especiarias dificulta ações uniformes contra a contaminação. Nova York, no entanto, lidera iniciativas para reduzir os limites permitidos, visando aumentar a segurança alimentar. Enquanto isso, o FDA e organizações como a Consumer Reports continuam emitindo alertas para informar os consumidores sobre produtos potencialmente perigosos.

Para quem consome canela ocasionalmente, os riscos podem ser baixos. No entanto, em lares onde a especiaria é usada regularmente ou por indivíduos que a ingerem em grandes quantidades, a escolha de fornecedores confiáveis é essencial. Produtos importados de países como Indonésia, Vietnã e Índia, principais exportadores, podem estar mais expostos a práticas de cultivo em solos contaminados ou a adulterações durante o processamento.

Consumidores preocupados devem optar por canela em pau sempre que possível e considerar a aquisição de especiarias de grandes marcas conhecidas por seu controle de qualidade. Testes regulares de níveis de chumbo no sangue, especialmente em crianças e gestantes, são recomendados como medida preventiva, particularmente em regiões ou lares com maior exposição a fontes diversas de contaminação.

A segurança alimentar exige vigilância constante, e a canela, tão amplamente valorizada por seus benefícios culturais e culinários, não deve ser uma exceção. Com escolhas informadas, é possível continuar desfrutando das especiarias enquanto minimizamos os riscos à saúde.

Fonte: Scientific American

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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