O primeiro passo para entender o que é consumo consciente é perceber que o consumo de toda e qualquer coisa, seja um produto ou serviço, traz consigo consequências positivas e negativas. Por isso é necessário que as pessoas evitem o desperdício cada vez que comprarem algo. O ato de consumir afeta não apenas quem faz a compra, mas também o meio ambiente, a economia e a sociedade como um todo.
Por isso é tão importante refletir sobre os nossos hábitos de consumo, estar atento à real necessidade do que consumimos e aos possíveis impactos que uma compra pode causar.
Produzir menos lixo, facilitar a coleta seletiva, planejar suas compras no dia a dia, saber se são produtos piratas ou contrabandeados, conhecer a origem, e levar em consideração os processos de fabricação e cadeia produtiva dos produtos que compramos e saber os impactos que eles causam ao longo de toda sua vida útil, da extração da matéria-prima ao descarte final, são algumas dicas de atitudes que fazem parte do consumo consciente.
Esse olhar atento às externalidades do consumo é também o que permite ao consumidor consciente cobrar mudanças do poder público. Saiba mais sobre:
Como o consumidor é a ponta final do ciclo de produção, essas são algumas das atitudes que podem ser adotadas para minimizar o impacto ambiental do nosso consumo. Ou seja, o consumo consciente, também chamado de consumo sustentável, nada mais é do que consumir melhor – é um consumo diferente, aposto ao paradigma comportamental de consumo imediatista, que busca apenas a satisfação rápida e o lucro (do ponto de vista das empresas), sem considerar as consequências ambientais.
Além disso, quem pratica o consumo consciente deve buscar fazer mudanças de comportamento, para evitar fazer compras por impulso e priorizar um estilo de vida eco-friendly, em que são priorizados a satisfação pessoal e a sustentabilidade.
Anualmente, desde 2013, a Good Must Grow, uma consultoria de marketing socialmente responsável, realiza um estudo que analisa o comportamento de consumo dos cidadãos norte-americanos. Em 2020, o índice mostrou que os consumidores estão mais dispostos a adotar medidas de consumo consciente, consumindo menos, fazendo doações para instituições de caridade e dando preferência a produtos e serviços de empresas socialmente responsáveis.
Segundo a empresa, essa “recuperação da bondade” veio em um momento em que aproximadamente um quarto dos cidadãos dos Estados Unidos relataram um declínio na renda familiar, no bem-estar geral ou em ambos.
O índice #CCSIndex é calculado com base na importância que os consumidores relatam dar a empresas socialmente responsáveis, a ações tomadas para apoiar tais produtos e serviços e a intenção futura de aumentar a quantidade que gastam com organizações de filantropia. Em 2020, houve um salto de 15% para 46% em uma escala de 100 pontos no comportamento de consumo consciente entre os norte-americanos – pontuação mais alta desde 2017.
Em comunicado à imprensa, Heath Shackleford, fundador da Good Must Grow, explica que os resultados revelam uma mudança no senso de comunidade e na consciência das pessoas, que estão começando a perceber a importância do papel individual de cada cidadão, através do consumo consciente, nas mudanças que gostaríamos de ver no mundo.
Segundo o Instituto Akatu, que trabalha pela conscientização e mobilização da sociedade para o tema, o consumidor consciente sabe que tem um grande poder em suas mãos ao escolher um produto e uma empresa produtora, e pode transformar a sua compra em um ato de reconhecimento de boas práticas do consumo consciente. Tudo isso começa pela análise prévia da necessidade: preciso realmente comprar?
Se resolver que sim, o consumidor deve definir as características que precisa no produto, pensar sobre como irá comprar, escolher o fabricante de acordo com sua responsabilidade socioambiental na produção, fazer um uso otimizado do produto para que ele tenha uma vida útil mais longa e, por fim, definir uma forma de descarte adequada. Só assim, tomando decisões conscientes em cada uma dessas fases, o consumidor poderá comparar e escolher a melhor opção.
Dessa maneira é possível minimizar os impactos do nosso consumo no planeta, já que cada item afeta todo o ecossistema, pois consome água, energia elétrica, petróleo e outras matérias-primas para sua produção. Cada novo produto comprado representa um gasto adicional de recursos naturais e humanos, além do descarte do item que está substituindo. O consumo consciente é parte de toda sociedade que preza pelo desenvolvimento sustentável e é um passo importante para a construção de uma Economia Circular.
O consumo mundial, além de estar mal distribuído, está descontrolado: cerca de 20% da população mundial concentra o consumo de 80% de todos os produtos e serviços do planeta, segundo o Instituto Akatu. E, a cada ano, entram mais de 150 milhões de novos consumidores no mercado. Essa estimativa mostra que, nos próximos 20 anos, teremos três bilhões de pessoas desperdiçando alimentos, demorando mais do que o necessário no banho, idolatrando vitrines de shoppings, esperando nas filas das lojas e comprando pela internet.
Esse modelo não se sustenta a longo prazo e já vem mostrando suas consequências, seja no que diz respeito às mudanças climáticas ou na questão dos lixões que se acumulam em países como China, Índia e Bangladesh. A obsolescência programada e outras estratégias de marketing do comércio são o oposto do consumo consciente e devemos tomar muito cuidado para não cair nessas armadilhas.
Além de fazer a sua parte como elo final da cadeia de produção, é muito importante que o consumidor consciente cobre ações do poder público que gerem real impacto positivo. Apenas agir de maneira mais sustentável no plano individual não é suficiente para fazer com que o mundo mude sua lógica de produção e consumo; é preciso agir no todo, divulgar a causa para outras pessoas, exigir leis que regulamentem os processos de produção e as substâncias permitidas nos itens de uso diário.
Cobrar, enquanto cidadão, para que governos e empresas coloquem sua força a favor das pessoas e não apenas no lucro desenfreado. Exigir o incentivo a uma nova economia.
Esse é o tema do vídeo A história da mudança, da série Story of Stuff, criada por Annie Leonard. Confira:
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