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Samantha Caesar de Andrade reforça responsabilidade dos adultos sobre os hábitos alimentares que a criança vai levar para a vida, com risco para obesidade e outras doenças crônicas

O melhor para a saúde da criança é retardar o máximo possível o contato com o açúcar, principalmente se ela tiver menos de 2 anos de idade. A ideia, defendida pela nutricionista Samantha Caesar de Andrade, coincide com recomendações do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras e chama a atenção dos adultos para a responsabilidade na formação de hábitos alimentares das crianças.

Especialista do Centro de Referência para a Prevenção e Controle de Doenças Associadas à Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, Samantha comenta a indicação do Healthy Eating Research, programa que desenvolve estratégias contra a obesidade infantil nos Estados Unidos, de que nenhuma bebida com açúcar ou outros adoçantes seja oferecida a crianças de até 5 anos de idade. A medida inclui sucos, leite achocolatado ou leite com sabor, bebidas com cafeína ou fórmulas infantis.

A nutricionista orienta que, até os 6 meses de idade, o ideal é o consumo exclusivo do leite materno, que pode ser oferecido “à livre demanda pelo menos até os 2 anos de idade e até mais caso seja bom para a mãe e se a criança estiver aceitando”. A partir de então, a complementação deve conter apenas alimentos in natura, evitando ao máximo “alimentos industrializados que contenham muito sódio”. Quanto ao açúcar, a nutricionista diz que, quanto mais retardar esse contato, melhor, porque a criança “vai conhecer outros paladares, outros alimentos, outras texturas e, com certeza, o sabor doce é mais fácil de ser aceito, então não é preciso ter esse contato tão rapidamente”, avalia.

Obesidade, doenças crônicas e hábitos alimentares

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2025, 2,3 bilhões de adultos estejam acima do peso no mundo, destes, 700 milhões com obesidade. No Brasil, o Ministério da Saúde aponta que, hoje, de cada dez crianças de 5 a 9 anos, três estão acima do peso. Em 2030, o País deve estar na quinta posição do ranking com o maior número de crianças e adolescentes com a doença, segundo o Atlas Mundial da Obesidade.

Os hábitos alimentares, como o consumo excessivo de açúcares, estão entre os principais fatores a explicar a obesidade e o sobrepeso. A nutricionista lembra que a obesidade está relacionada ainda a doenças crônicas, como hipertensão e diabete, e pode afetar o desenvolvimento físico e mental, tornando as crianças vulneráveis à depressão e ao isolamento social.

Assim, Samantha reforça que a responsabilidade pela alimentação dessas crianças é dos adultos e deve ser pensada desde o momento da compra, visto que “o que tiver disponível é o que essa criança vai comer, e o que essa criança vai comer é o que vai formar os hábitos alimentares que ela vai levar para a vida adulta”.

A nutricionista alerta ainda para problemas dentais relacionados ao consumo de açúcares: “Têm muitas crianças com cárie nessa época porque muitas ainda tomam algum suco ou leites açucarados e acabam adormecendo, seja em uma soneca da tarde ou à noite, sem fazer a higiene dos dentes”.


Este texto foi originalmente publicado pelo Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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