Acordos para a redução de combustíveis fósseis e mercados de crédito de carbono foram firmados, mas, na avaliação de Pedro Côrtes, faltaram metas mais ambiciosas e incisivas
Por Jornal da USP – A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021, chamada de COP26, chegou ao fim após duas semanas de duração. O professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, analisa os acordos firmados na conferência.
Pela primeira vez na história, o texto final incluiu uma referência aos combustíveis fósseis e seu papel na crise climática. Inicialmente, o documento previa a eliminação de produtos como o carvão, mas a pressão de países como China e Austrália fez com que esse termo fosse removido do acordo final.
Outro ponto importante é a aprovação dos termos gerais do mercado de carbono. “Se uma empresa não consegue reduzir suas emissões, ela pode comprar créditos de uma outra empresa que conseguiu ir além das suas metas originais de redução”, explica Côrtes.
“Esse é um mercado potencialmente muito bom para o Brasil, pois os projetos de recuperação florestal podem gerar créditos que serão comercializados com outros países ou empresas. Entretanto, esses créditos somente poderão ser vendidos caso o país esteja cumprindo suas metas. Não basta ficar no discurso”, afirma. “Coisas bastante positivas foram acordadas; algumas coisas ainda ficaram para trás e vão ter que ser abordadas na próxima COP, que será realizada no Cairo no ano que vem.”