Coragem: como usá-la para a sustentabilidade?

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A coragem é uma virtude humana entendida como a habilidade de fazer algo difícil ou arriscado mesmo que se sinta medo. Filósofos e psicólogos defendem que a coragem é um resultado inerente do perigo e da dificuldade, e que ao contrário do que muitos pensam, ela não está relacionada à falta de medo — e sim à vontade de superá-lo. 

Na década de 90, o psicólogo Stanley Rachman criou uma definição de coragem que engloba três componentes importantes do medo:

  1. O sentimento subjetivo de apreensão;
  2. A reação psicológica ao medo (ex: aumento das batidas cardíacas);
  3. A resposta comportamental ao medo (ex: esforços para escapar de uma situação assustadora);

É possível experienciar todos os três componentes, ou apenas um deles, dependendo da situação. Nesse caso, a coragem vem a partir do momento que o indivíduo decide resistir à resposta comportamental do medo, mesmo estando desconfortável ou assustado, tomando atitudes que são consideradas “corajosas”.

O medo é um ingrediente importante para ações corajosas, sem ele, a pessoa é apenas destemida. Sendo assim, o termo destemido não é a mesma coisa que “coragem”, afinal, uma pessoa destemida não tem medo, enquanto um corajoso só é assim pois passa por cima do seu medo.

De acordo com o escritor Mark Twain: “A coragem é a resistência ao medo, o domínio do medo, não a ausência de medo”. 

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Diferentes tipos de medo e coragem 

Como a coragem e o medo são dois conceitos que andam de mãos dadas, um tipo de medo causa um tipo de ação corajosa diferente. Por exemplo: uma pessoa que tem medo de parecer ridícula na frente dos outros sente coragem quando toma uma atitude que pode ser questionada pelos outros ou criticada, passando por cima de sua inquietude.

O medo da fome, da pobreza e da perda de familiares/amigos traz à tona diferentes tipos de coragem em cada indivíduo.  Essa virtude não é necessariamente algo inconsciente do ser humano, existem situações que a pessoa pode parar e ponderar se sua atitude corajosa vale a pena, levando em consideração suas inseguranças. Porém, pessoas que acreditam que devem fazer o “certo”, independentemente do medo ou de seus ideais, são mais propensas a tomarem decisões valentes.

Coragem como um combustível para a sustentabilidade

Em seu livro “Impacto Positivo: Como as empresas corajosas prosperam dando mais do que recebem”, o escritor Paul Polman discorre sobre o papel da coragem quando se trata da busca por sustentabilidade vinda de líderes, governamentais ou empresariais. Em palestra, durante a COP 26, o empresário afirmou:

“O nosso argumento com o livro “Impacto Positivo”, que co-escrevi, é que especialmente o setor privado precisa de dar um passo em frente. Queremos construir um movimento de empresas de impacto positivo que dão mais ao mundo do que recebem. Afinal, nenhum dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável pode ser alcançado sem o sector privado, que representa atualmente cerca de 65% da economia”.

Sendo assim, a coragem é uma virtude essencial para que as metas de sustentabilidade sejam alcançadas. A sociedade, como um todo, precisa superar os medos de tomar atitudes mais ecológicas, para que no futuro, as novas gerações tenham acesso a um planeta rico em recursos naturais.

Polman argumenta que com o avanço exponencial da tecnologia, a população humana já conta com os equipamentos necessários para a preservação da natureza. Ou seja, o que falta é uma atitude corajosa por conta das pessoas, se comprometendo com o futuro do planeta.

No entanto, como foi mencionado anteriormente, atitudes individuais não são o suficiente. É necessário que as indústrias e grandes empresas tomem medidas decisivas para contribuir com a sustentabilidade. A coragem também deve vir dessas instituições, através da superação do medo de se prejudicarem financeiramente. 

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Para isso, líderes devem pensar na coragem para a sustentabilidade como:

  • Pensar não apenas em metas curto-prazo, mas também a longo prazo, considerando o impacto nas próximas gerações;
  • Impulsionar a transformação em grande escala a nível individual e coletivo, e para todo o sistema;
  • Mudar o coração e a mente das pessoas e criar uma transformação cultural;
  • Incluir as partes interessadas e estabelecer parcerias para a co-criação – alinhando diferentes pontos de vista e formando alianças fortes;
  • Desafiar as abordagens tradicionais e promover a inovação;
  • Ser resiliente e perseguir objetivos ambiciosos;
  • Assumir riscos informados e intencionais – sabendo que o maior risco é não tomar qualquer ação.
Ana Nóbrega

Jornalista ambiental, praticante de liberdade alimentar e defensora da parentalidade positiva. Jovem paraense se aventurando na floresta de cimento de São Paulo.

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