Entenda porque o corante cochonilha é tão controverso e porque ele não pode ser consumido por veganos
O corante cochonilha é um aditivo alimentar classificado como corante orgânico natural, comumente utilizado para a fabricação de alimentos em tons de vermelho. A substância tem sido usada para dar cor à alimentos, produtos têxteis e cosméticos há séculos.
Embora só tenha começado a ser distribuído na Europa em meados de 1500, resultando da colonização espanhola na América Latina, documentos relatam a sua presença na América do Sul desde pelo menos o século 10.
Sendo uma alternativa barata da tintura vermelha, o mercado do corante cochonilha foi estabelecido durante o século 18 e sua confecção permaneceu na América do Sul desde então. Em anos atuais, ele é principalmente usado como corante alimentício, com a maioria de sua distribuição (de 85% a 95%) derivando do Peru.
Mas, afinal, o que é cochonilha?
Como é feito o corante de cochonilha?
Também conhecido com ácido carmínico, o corante cochonilha é obtido através de insetos da espécie Dactylopius coccus, da família Coccidae. Os animais são nativos da América do Sul tropical e subtropical até a América do Norte e habitam o cacto nopal, onde formam grandes aglomerados para se alimentarem dos nutrientes da planta.
A sua tinta é produzida do ácido que as fêmeas da espécie secretam naturalmente para deter predadores. Cerca de 20% de toda a massa corporal do animal é composta desse composto.
Para a fabricação do corante, as cochonilhas são colhidas, secas e trituradas, resultando na produção de um pó de cor vermelho escuro. A tinta extraída é fervida, filtrada e misturada com sais de alumínio para a fabricação do corante.
Regulação
O uso do corante cochonilha é regulamentado e permitido pela Anvisa através da Resolução Nº. 44/CNNPA, de 1997, como um corante orgânico natural. Porém, ele nem sempre está claramente rotulado nas listas de ingredientes e também pode aparecer com os seguintes nomes:
- E120
- Vermelho natural 4
- Lago carmesim
- Lago Carmim
- CI 75470
- Extrato de cochonilha
- Cochonilha
- Ácido carmínico
- Corantes naturais
Usos do corante de cochonilha
Como já mencionado, a maior parte do corante é utilizado na indústria de alimentos. Entretanto, ele também possui outros usos. Na indústria cosmética, por exemplo, o corante de cochonilha é usado principalmente na confecção de batons, sombras e outras maquiagens, contribuindo para a pigmentação avermelhada dos produtos.
O uso do corante na culinária decaiu durante 1800 devido à ascensão de corantes sintéticos, cuja produção era mais barata. Porém, na década de 70, as preocupações com a saúde relacionadas com os produtos sintéticos começaram a aumentar – um resultado de relatos da associação entre os corantes e a hiperatividade em crianças, além de estudos sobre suas possíveis ações no desenvolvimento de câncer.
Atualmente, ele pode ser encontrado em produtos como:
- Biscoitos recheados;
- Balas;
- Pirulitos;
- Sorvetes;
- Gelatinas;
- Sucos e refrigerantes industrializados.
Por que o corante cochonilha não é apto para veganos?
Embora a utilização do corante natural carmim de cochonilha tenha origem em séculos passados, muitas pessoas não sabem sobre a sua produção. De fato, algumas empresas, como a Starbucks, foram criticadas pelo seu uso, o que resultou na substituição do ingrediente.
A maior parte da preocupação do corante cochonilha deriva de sua fonte. Estima-se que de 22 a 98 bilhões de cochonilhas fêmeas adultas são mortas todos os anos para a produção do aditivo.
Por ser um produto de origem animal, ele não é apto às pessoas que aderem ao estilo de vida vegano. No entanto, muitas dessas pessoas acabam consumindo-o devido a falta de transparência dos produtores de alimentos.
Independentemente das regulamentações sobre os produtos, os consumidores têm o direito de saber o que está sendo adicionado em suas dietas. Assim, veganos e outras pessoas preocupadas com a origem do corante cochonilha são instruídos a analisar a lista de ingredientes para evitar o seu consumo.
Em geral, a quantidade de inseto restante no pigmento é minúscula e seu consumo já foi considerado seguro pela maioria de reguladoras de alimentos no mundo. Contudo, alguns riscos à saúde já foram associados ao aditivo alimentar, incluindo reações anafiláticas, alergias de contato e até asma.