Corredor ecológico é uma porção ecossistêmica utilizada desde a década de 70 para conectar fragmentos de florestas ou Unidades de Conservação dentro de espaços antropizados ou separados por interferência humana, como estradas. Também conhecido por corredor de biodiversidade ou corredor biológico, seu objetivo é permitir a movimentação de fauna e flora possibilitando a troca genética entre as espécies e a dispersão de sementes entre fragmentos florestais ou Unidades de Conservação separados. Eles são utilizados como estratégia integradora na gestão de ecossistemas.
Dependendo do tipo de estrutura e função, os corredores ecológicos podem ser classificados em lineares, faixas e corredores de riacho. No Brasil, a instalação de corredores de biodiversidade como estratégia de mitigação dos efeitos da fragmentação de habitats teve início em 2000. Nos Estados Unidos, o projeto Wild Lands defendeu a criação de corredores para permitir a dispersão e migração de organismos. Apesar dessa popularidade, houve resistência política na América do Norte e na Europa por causa dos altos custos ou oposição das partes interessadas.
No Brasil, os corredores ecológicos foram implementados com a Lei Federal N° 9.985 /2000, que estabeleceu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), no artigo 2.º define corredor ecológico como “porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando Unidades de Conservação, que possibilitam entre elas o fluxo gênico (fluxo dos genes) e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e que permite a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam, para sua sobrevivência, áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais”.
Em seu artigo 25º, a mesma lei determina que “as Unidades de Conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de amortecimento e quando conveniente corredores ecológicos”.
Alguns corredores ecológicos instalados no País foram o Corredor Ecológico do Bioma Caatinga, o Corredor Central da Mata Atlântica e o Corredor Ecológico do Cerrado Paranã Pirineus, que fica situado em Goiás, Distrito Federal, e Tocantins. Entretanto, com o avanço do agronegócio – que aumenta as áreas desmatadas para o plantio de soja, por exemplo – o efeito desses corredores é reduzido. Rios estão sumindo por causa do assoreamento e o desmatamento e a extração ilegal de madeira aumentam.
O uso do espaço terrestre para atender às atividades humanas leva a uma severa fragmentação dos habitats naturais. Essa fragmentação gera perda de habitats e impossibilita ou dificulta o deslocamento de espécies de animais e sementes, dando origem ao que se chama de metapopulações (conjunto de subpopulações de uma mesma espécie que não se encontram ligadas entre si).
Nesse contexto, os corredores ecológicos têm sido implementados como alternativa de mitigação aos impactos da fragmentação, pois promovem a ligação de espaços com aumento da cobertura vegetal, facilitando o deslocamento de organismos entre os fragmentos de vegetação. Eles contribuem para a conservação da biodiversidade, filtragem de contaminação, prevenção da erosão e controle de enchentes.
A implementação de um corredor ecológico precisa levar em conta aspectos como largura, comprimento, conectividade, espécies-alvo, sua área de vida, e a distribuição de suas populações, vegetação e usos do solo circundante.
Após estas considerações, é possível regulamentar, a partir do plano de manejo da Unidade de Conservação, a utilização de determinada área, de forma a amenizar os impactos ambientais antropogênicos sobre ela.
Diversos estudos apontam a viabilidade do uso de corredores ecológicos como ferramenta de desfragmentação florestal, principalmente para espécies de menor porte e de tempo de vida curto. Entretanto, algumas pesquisas também mostraram que a implementação de corredores ecológicos também pode ser ineficaz para a contenção da perda de biodiversidade, principalmente para espécies de maior porte. Análises apontam maior vulnerabilidade para populações de baixa densidade em comparação com as de alta densidade.
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