Couro de cacto: o que é e como é feito

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O couro de cacto é um material de base biológica e alternativa para o couro de animais. Conhecido por sua respirabilidade, diferentemente de outros tipos de couro vegano, o material pode ser utilizado na confecção de bolsas, móveis, sapatos, e peças de vestuário.

No entanto, é importante ressaltar que o uso do termo “couro” nessa aplicação é meramente popular e não está correto de acordo com a Lei 4.888, de 1965.  A utilização do termo couro associado a produtos que não sejam obtidos exclusivamente de pele animal para a comercialização é proibida.

Desse modo, a invenção do material à base de cacto é da marca mexicana Desserto, que divulgou o projeto em 2019. Ele é feito a partir das folhas de um tipo específico de cacto, o opuntia ficus-indica, também conhecido por Figueira da Índia, que é abundante no México.  

Após a extração das folhas, elas são limpas, esmagadas e deixadas no Sol para secar por pelo menos três dias. Quando estão secas, as fibras são separadas e a proteína da planta é extraída e utilizada para fazer a confecção de uma bio-resina líquida. Essa resina é despejada em um material de suporte e misturada com outros ingredientes, como algodão ou poliéster, para que vire o couro de cacto.

Onde o uso de pele de animais está escondido?

Sustentabilidade

O couro de cacto é vegano, ou seja, não é de origem animal e não conta com o sofrimento de bois, vacas e outras espécies que são usadas na indústria da moda por suas peles. Além disso, o cultivo do cacto utilizado na fabricação de couro é de baixa manutenção e não exige muitos recursos naturais.

Os cactos, em geral, não precisam de muita água para crescer por sua habilidade de reter umidade. O cacto Figueira da Índia utilizado na confecção de couro de cacto não é exceção e não precisa de água nem pesticidas no seu cultivo, além de crescer relativamente rápido. 

A extração das folhas do cacto não danificam a planta, o que possibilita uma colheita longa que pode durar de seis a oito meses. Apenas três folhas são responsáveis por cerca de um metro de couro de cacto. Esse cacto especificamente também é resistente. No entanto, essa resistência também fez com que ele fosse considerado uma espécie invasiva em algumas áreas do mundo, como na Etiópia. 

Por outro lado, o cacto “base” do couro de cacto também possui a capacidade de sequestrar carbono do ar. Ou seja, puxa o CO2 do ar e o armazena no solo, que é benéfico tanto para o ar atmosférico quanto para o solo em questão, que é enriquecido e torna-se fértil. 

Couro animal 

O couro animal, além de contribuir para o sofrimento animal, também possui diversos outros impactos ambientais. Seja do consumo de água para o gado e outros animais ou dos químicos tóxicos que evitam o apodrecimento da pele, especialistas acreditam que o material passa por um dos processos mais intensivos disponíveis. 

Imagem de Kelly Sikkema no Unsplash

Futuro do couro 

A marca Desserto, dona do patente do couro de cacto, não confecciona produtos a partir do material, e sim o comercializa para outras empresas para que possam usufruir de seu uso. Por ser mais natural e menos impactante que outros tipos de couro vegano, que normalmente são derivados do plástico, a alternativa é mais sustentável e pode fazer parte da revolução verde da moda. 

Em 2022, diversas marcas importantes na indústria têxtil interromperam o uso de pelo animal na confecção de seus produtos. Entretanto, o couro italiano ainda faz parte do arsenal do mundo da moda. 

Outros avanços são necessários na sustentabilidade dessas marcas. Portanto, o couro de cacto pode ser a inovação utilizada no futuro da moda. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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