O couro de cogumelo é um material sintético produzido a partir do micélio do cogumelo — parte vegetativa do fungo, uma “raiz” que é responsável pela absorção de nutrientes. O micélio proporciona um material resistente ao uso e permite que o tecido seja tingido sem o uso de substâncias nocivas, como o cromo. Ele é uma alternativa ao couro derivado do produto animal, mantendo características similares às do tecido original.
No entanto, é importante ressaltar que o uso do termo “couro” nessa aplicação é meramente popular e não está correto de acordo com a Lei 4.888, de 1965. A utilização do termo couro associado a produtos que não sejam obtidos exclusivamente de pele animal para a comercialização é proibida.
Acredita-se que a produção de couro de cogumelo tenha se iniciado em 2012. Ela foi patenteada em 2015 pelas marcas MycoWorks e Ecovative Design, e, desde então, o material vem sendo divulgado em parcerias com marcas de luxo, como a Hermès.
No entanto, o couro de cogumelo não é um produto único. Diversas outras marcas utilizam do micélio para produzir o material, o que pode variar a sua confecção. Desse modo, é importante notar que muitos produtos feitos a partir do tecido não são inteiramente biodegradáveis, podendo conter outras substâncias na sua fabricação que comprometem sua sustentabilidade.
Existem diversos tipos de fabricação de couro de cogumelo, que podem ou não derivar do micélio. No caso do couro da marca MycoWorks, por exemplo, é utilizado o fungo G. lucidum, que é cultivado em bandejas de serragem.
Os cientistas envolvidos na criação do material auxiliam o fungo a crescer e se ramificar em estruturas filamentosas semelhantes a fios — que, em coletivo, formam o micélio. Isso se dá a partir de um ambiente específico, que dá aos especialistas a capacidade de controlar a temperatura, umidade, níveis de dióxido de carbono e outros aspectos do ambiente do fungo.
O produto obtido através dessa fabricação concede à um material similar ao couro, com durabilidade e força similares ao produto original.
Como já mencionado, o couro de cogumelo é um material sintético, mas criado a partir de fibras naturais do micélio. Sua textura é similar ao couro e, quando ainda não processado, é similar à camurça, também de origem animal.
Muitas das características do couro de cogumelo podem variar, também, de acordo com os materiais utilizados no seu processamento. Por ser de origem vegetal, muitas pessoas o confundem como um material inteiramente biodegradável e sustentável, mas esse não é o caso em alguns produtos.
Alguns tipos de couro de cogumelo são feitos a partir do fungo, mas são compostos por materiais adicionais, como o plástico, o que impede sua biodegradação natural. Esse é o caso, infelizmente, de diversos “couros” sintéticos, que imitam o produto original.
No entanto, com o desenvolvimento das tecnologias usadas na confecção desses materiais, mais empresas abraçam a sustentabilidade e descartam o uso de plástico.
Inicialmente, parte dos maiores investidores na confecção de couro de cogumelo eram casas de luxo, como a Hermès e a Stella McCartney. Essa é uma consequência do preço do material, que, devido à sua disponibilidade limitada, acaba sendo mais caro.
De acordo com o Dr. Matt Scullin, CEO da empresa de biomateriais MycoWorks, o investimento de marcas maiores no material é um impulso para a popularização do couro.
“Trabalhamos primeiro com moda de luxo porque eles estão à frente quando se trata de sustentabilidade. São marcas que estão em posição de pensar grande e pensar a longo prazo”, disse Scullin em entrevista ao The Guardian.
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