Cremação: o que é e porque não é sustentável

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Cremação é o processo de reduzir um corpo a cinzas usando fogo. É uma alternativa para o enterro convencional e geralmente ocorre depois de um funeral ou uma cerimônia de despedida. 

A cremação é realizada em uma câmara pré-aquecida que recebe o corpo e o queima, variando de temperatura entre 870ºC a 980ºC. Ela dura por volta de uma ou três horas e resulta em cinzas e pequenos fragmentos de osso que podem ser guardados.

O procedimento de cremação virou uma alternativa popular para o enterro por ser mais barata — além de ter o custo do enterramento, existem também as manutenções do túmulo e do cemitério — e possibilitar às pessoas de ficarem com as cinzas de um ente querido. 

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Também é possível transformar as cinzas resultantes da cremação em outros objetos. Empresas especializadas conseguem fazer joias, diamantes e até discos de vinil com o material. 

Impacto ambiental

Porém, a cremação pode não ser a melhor opção para o meio ambiente e para pessoas que se importam com ele. O método pode muitas vezes ser promovido como uma técnica menos prejudicial ao meio ambiente, principalmente em comparação com o enterro convencional, mas isso não significa que ele se isenta de causar danos ao planeta.

É estimado que apenas um processo de cremação seja responsável pela produção de mais de 100 kg de dióxido de carbono. Um relatório publicado em 2008 pela Adelaide’s Centennial Park indica que o enterro comum gera por volta de 39 kg de CO2, ainda assim, avaliando os efeitos em longo prazo, ele tem 10% mais impacto negativo no meio ambiente do que a cremação. A maioria das emissões vem da manutenção dos túmulos e do cemitério. 

 O concreto usado nos túmulos é considerado um dos materiais mais destrutivos do planeta. Os químicos utilizados no embalsamento dos corpos também podem ser absorvidos pelo solo e causam danos ao local. Além disso, os cemitérios ocupam muito espaço e podem requerer o desmatamento de certas áreas para a implantação de túmulos. Na cremação, contudo, existe a liberação de outros gases além do CO2, como o mercúrio e a dioxina. Métodos de filtração de mercúrio podem ser implantados em crematórios para reduzir parte desse impacto. 

Ressomação

Ressomação é o processo de reduzir um corpo usando a hidrólise alcalina. Ela geralmente envolve água e algum tipo de alcalino e promete ser a forma funerária mais sustentável que existe. 

Pode parecer que a utilização de água resulta em desperdício, mas não é bem assim. A água da ressomação tem nutrientes que podem virar fertilizantes. Acredita-se que tudo nesse processo pode ser reciclado e que a técnica emite seis vezes menos carbono que outras cerimônias e sete vezes menos energia que o enterro. 

Embora seja uma alternativa para a população sustentável, a ressomação ainda não é feita no Brasil. 

Compostagem humana

A compostagem humana é um método que surgiu em 2019 em Seattle e promete transformar cadáveres em solo. É um método eco-friendly e não conta com o embalsamento dos corpos para que a decomposição ocorra naturalmente. O corpo é reduzido com materiais orgânicos, como palha ou lascas de madeira, por algumas semanas até que consiga virar solo.  

Outras soluções

Muitos dos métodos eco-friendly não estão disponíveis no Brasil, portanto é difícil se despedir de entes queridos de um modo completamente sustentável. A cremação ainda é uma opção melhor que o enterro convencional, mas a produção de gases do efeito estufa é um problema a ser solucionado. 

Existem algumas pequenas soluções para as pessoas que desejam planejar um serviço funerário pensando no meio ambiente. Entre elas estão a utilização de um caixão biodegradável feito de papelão ou madeira bio, sem alças de metal. É possível, também, vestir o corpo com roupas de materiais biodegradáveis como algodão.

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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