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A prevenção dessas mortes é possível, mas requer uma combinação de tecnologia, políticas públicas e, principalmente, mudança de comportamento

A cada verão, tragédias envolvendo crianças e animais morrendo dentro de carros superaquecidos se repetem, em uma rotina cruel que ainda desafia as campanhas de conscientização. Estudos mostram que um veículo pode se transformar em uma armadilha mortal em questão de minutos, mesmo em dias com temperaturas amenas. Embora medidas preventivas e novas tecnologias estejam sendo implementadas, a realidade mostra que, todos os anos, cerca de 37 crianças morrem por insolação em veículos nos Estados Unidos.

Especialistas apontam que o maior erro está na subestimação de quão rápido o calor dentro de um carro pode atingir níveis fatais, e no fato de que, por mais carinhoso que seja o cuidador, todos estão sujeitos a esquecer uma criança no banco de trás. A maioria dessas mortes ocorre com crianças muito pequenas, com 88% delas tendo até três anos, e um terço, menos de um ano. A sensação de que “isso nunca vai acontecer comigo” impede que muitos reconheçam a gravidade do problema.

Pesquisas mostram que, quando a temperatura externa é de 32°C, a interna de um carro estacionado pode chegar a 56°C em cerca de uma hora. O efeito estufa no interior do veículo é amplificado pela radiação solar, que aquece rapidamente as superfícies internas. Esse calor é mortal, especialmente para crianças pequenas, que ainda não desenvolveram a capacidade de regular sua temperatura corporal por meio da transpiração de forma eficiente.

De acordo com especialistas, as crianças ficam ainda mais vulneráveis porque muitas vezes estão presas em cadeirinhas de segurança, sem a capacidade de se mover, tirar roupas ou sair do carro. A insolação acontece quando a temperatura interna do corpo atinge níveis críticos, geralmente entre 40 e 42°C, causando danos aos órgãos internos. Sem formas adequadas de dissipar o calor, o corpo vai perdendo a capacidade de regular sua temperatura, o que pode resultar em falência de múltiplos órgãos e morte.

Outro problema é a facilidade com que o cérebro humano pode ser traiçoeiro em rotinas diárias. A falha de memória é um dos principais fatores para o esquecimento de crianças em veículos. Segundo o neurocientista David Diamond, o cérebro opera em um “modo automático” durante tarefas rotineiras, como dirigir até o trabalho. Se o cuidador não é aquele que normalmente deixa a criança no berçário, o hábito pode dominar e fazer com que o cérebro simplesmente apague a informação de que a criança está no carro. É por isso que mais da metade dos casos de mortes infantis em carros ocorre porque os cuidadores simplesmente esqueceram as crianças lá dentro.

Além disso, animais de estimação também são vítimas frequentes. Cães e gatos não possuem mecanismos eficientes para dissipar calor, e deixar um animal preso em um carro quente pode ser fatal em questão de minutos.

Algumas estratégias têm sido propostas para combater essa tragédia. Entre elas, está a instalação de tecnologias em carros mais modernos, que alertam os motoristas para verificar os bancos traseiros. No entanto, a disseminação desses recursos ainda levará tempo para abranger a maioria da frota automotiva. Enquanto isso, campanhas de conscientização sugerem práticas simples, como colocar um objeto pessoal no banco de trás junto à criança ou usar lembretes visuais no painel.

No entanto, a conscientização enfrenta barreiras psicológicas. Muitos pais e cuidadores acreditam que nunca seriam capazes de esquecer seus filhos ou animais no carro, o que diminui a adesão às práticas de prevenção. Por isso, especialistas alertam: é fundamental reconhecer que todos podem falhar. A melhor defesa contra essas tragédias é aceitar essa possibilidade e adotar hábitos de prevenção sistemáticos.

Embora leis em alguns estados dos EUA proíbam deixar crianças desacompanhadas em veículos, e leis do bom samaritano permitam que pessoas quebrem janelas para resgatar crianças em perigo, ainda há um longo caminho a percorrer. Especialistas sugerem que creches liguem para os pais quando uma criança não for entregue no horário esperado, o que poderia evitar parte dessas tragédias. Mesmo assim, a questão é vista como um problema nacional, com registros de mortes em quase todos os estados do país.

A prevenção dessas mortes é possível, mas requer uma combinação de tecnologia, políticas públicas e, principalmente, mudança de comportamento. Enquanto campanhas de conscientização continuam, a triste realidade é que essas mortes são evitáveis e não deveriam mais fazer parte de nossos verões.

Fonte: Scientific American


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