É um ciclo vicioso: se o clima esquenta, o nível da água nos oceanos aumenta, impactando a biodiversidade e, consequentemente, a humanidade. Isso é o que está acontecendo no momento atual e precisamos mudar esse cenário.
O colapso dos oceanos, devido ao uso de combustíveis fósseis, é rápido e se dá em larga escala, já impactando a estrutura e as funções do ecossistema em todo e resultando no aquecimento, no aumento do nível do mar, na acidificação e desoxigenação das águas. Isso é o que declara o novo relatório do Greenpeace “Em água quente: a crise climática e a necessidade urgente de proteção do oceano” (no original: In Hot Water: The Climate Crisis and the Urgent Need for Ocean Protection).
“A química dos oceanos está mudando. Para as pessoas e para a vida selvagem, a crise climática é uma crise oceânica e já estamos em águas quentes”, disse Taehyun Park, consultor político climático global do Greenpeace no Leste Asiático. “O oceano é um meio de subsistência para muitas pessoas, é fonte de alimentos para milhões e fornece o oxigênio respiramos”, completou.
O relatório, além de abordar o problema climático, pede aos líderes mundiais providências, aproveitando uma série de eventos que vão acontecer ao longo do ano que vem – uma janela de oportunidade única para abordar o colapso climático, a perda de biodiversidade e a proteção dos oceanos. Em 2020, acontecerá, por exemplo, uma reunião sobre clima no Reino Unido e na Espanha, nos quais, espera-se, um Tratado Global dos Oceanos possa ser acordado. E, em outubro, se dará a Convenção de Biodiversidade Biológica na China.
Se protegermos pelo menos 30% dos oceanos com uma rede de santuários, os ecossistemas marinhos podem criar resistência e suportar melhor as mudanças climáticas. Além disso, poderão ajudar a mitigar a degradação do clima, protegendo o armazenamento de carbono.
O novo estudo do Greenpeace ainda identifica os ecossistemas na linha de frente dos impactos climáticos e recomenda áreas prioritárias para os governos protegerem com santuários marinhos. Entre eles, estariam o Ártico e a Antártida, áreas de recifes de corais, manguezais, prados de ervas marinhas, o Mar dos Sargaços no Atlântico e as zonas ultra profundas, que devem permanecer fora do alcance da indústria de mineração. “A ciência não é um debate, é uma receita”, disse Park.
“Os governos precisam reduzir drasticamente nossas emissões de combustíveis fósseis e criar urgentemente uma rede de santuários oceânicos, que sejam livres de atividades humanas prejudiciais. Esses espaços seguros permitiriam a recuperação de nossos oceanos e animais e, por sua vez, nos ajudariam a evitar os piores impactos da emergência climática”, afirmou.
O relatório foi lançado enquanto o Greenpeace Itália inaugurou uma estação-piloto para monitorar o aumento das temperaturas no Mar Mediterrâneo, um ponto importante para os impactos climáticos. Um Tratado Global dos Oceanos da ONU aumentaria a capacidade dos governos do Mediterrâneo de agir coletivamente para proteger a vida marinha.
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