Crise imobiliária coloca californianos em maior risco de desastres climáticos

Um estudo recente, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, revela como a escassez de moradias acessíveis nas áreas urbanas da Califórnia está contribuindo para o crescimento desenfreado de zonas de interface entre áreas urbanas e selvagens (WUI, na sigla em inglês), expondo os residentes a riscos climáticos cada vez maiores.

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Esse fenômeno, também pode ser compreendido como uma forma de gentrificação climática, um processo de expulsão de pessoas de média e baixa renda de seu local de moradia causada pelo processo de maior adaptação às mudanças climáticas, usufruída por pessoas pertencentes à classe média ou alta.

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O artigo sugere que a migração para áreas WUI, antes motivada por laços com a natureza, agora é impulsionada pela busca por moradias mais acessíveis, um reflexo direto da crise imobiliária nas cidades. Essa migração tem moldado as características demográficas e econômicas dessas áreas, criando um cenário onde a desigualdade é exacerbada.

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As áreas de “interface” tendem a atrair pessoas de renda média, enquanto as áreas mais remotas são ocupadas por uma mistura de propriedades de luxo, residências modestas e moradias informais.

A pesquisa aponta que, apesar de todos os residentes dessas áreas enfrentarem riscos climáticos semelhantes, a capacidade de preparação e recuperação varia drasticamente conforme a condição econômica. Famílias de baixa renda, que muitas vezes se mudam para essas áreas por falta de alternativas mais seguras e acessíveis, acabam sendo as mais afetadas quando ocorrem desastres naturais.

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O estudo conclui que a crise da habitação acessível não deve ser vista apenas como um problema social, mas também como uma questão de justiça ambiental que necessita de atenção urgente. As políticas públicas devem integrar soluções habitacionais e ambientais para proteger as comunidades dos efeitos das mudanças climáticas.

O fortalecimento da oferta de habitação acessível, aliado à preservação e proteção dos inquilinos em áreas urbanas, é importante para a sustentabilidade das cidades e suas adjacências. O entendimento dessas interconexões é essencial para promover uma verdadeira sustentabilidade urbana, que vai além dos limites das cidades e considera os impactos em todas as áreas.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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