Cybercondria e os perigos do autodiagnóstico

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A cybercondria é o termo usado para descrever a ansiedade derivada dos efeitos de pesquisas online relacionadas à saúde — ou seja, a hipocondria na era digital. Buscas de sintomas no Google em conjunto com os possíveis resultados alarmantes podem afetar negativamente a saúde mental do ser humano, que em vez de encontrar um alívio para suas preocupações, se autodiagnostica com diversas doenças e condições. 

A era digital possibilitou que informações sobre a saúde, incluindo possíveis sintomas de doenças, fossem disponibilizadas facilmente em plataformas de busca. Esse hábito em si é comum — uma pesquisa dos Estados Unidos divulgou que 90% dos participantes já recorreram ao Google para informações sobre a saúde.

Em muitos casos, a disponibilidade de informações pode até ser benéfica. Durante a pandemia de coronavírus, por exemplo, o próprio mecanismo de busca do Google ofereceu informações corretas sobre a doença, seus sintomas e possíveis formas de contágio. 

Contudo, a cybercondria vai além de uma simples busca. Ela é caracterizada pela ansiedade extrema, comportamento anormal e estado emocional desregulado derivados dessas “consultas” online.

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Sintomas 

Assim como o modo de busca informal, a cybercondria não possui um diagnóstico correto. Desse modo, não há sintomas oficiais que possam ajudar na caracterização do transtorno. 

Entretanto, de acordo com um estudo de 2016 em conjunto com a “Escala de Gravidade da Cybercondria”, a condição ainda pode resultar alguns sintomas, como: 

  • Buscas de sintomas que variam pelo menos entre uma ou três horas; 
  • Sentimentos de ansiedade e pânico derivadas dos resultados das pesquisas; 
  • Necessidade compulsiva de consultar mecanismos de busca para informações sobre saúde; 
  • Desconfiança em profissionais de saúde consultados pessoalmente; 
  • Medo de ter pelo menos duas doenças, simultaneamente ou não. 

Porém, assim como a hipocondria, é difícil reconhecer a cybercondria em si mesmo, uma vez que a própria ansiedade derivada da condição afeta diretamente os padrões de pensamento. 

Imagem de Christian Erfurt no Unsplash

Riscos 

Como uma condição caracterizada pela ansiedade, a cybercondria afeta a saúde mental. A ansiedade derivada dessa condição pode aumentar os níveis de estresse e desencadear problemas de saúde física, como o aumento da pressão. 

Além disso, o transtorno é debilitante, podendo impactar todas as áreas da vida de um ser humano, incluindo relacionamentos, carreira, educação e até mesmo suas finanças pessoais. 

Por outro lado, o autodiagnóstico também pode oferecer riscos à saúde. A convicção de um ou mais diagnósticos procurados na internet podem impedir que o indivíduo procure ajuda de profissionais da saúde pessoalmente. Na maioria das vezes, exames físicos são essenciais para o diagnóstico de condições severas, mas podem ser negligenciados por cybercondríacos.

A automedicação também pode ser um problema. Derivada da necessidade de se medicar dentro do autodiagnóstico, muitos pacientes podem consumir medicamentos sem necessidade e prejudicar a própria saúde física. 

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Causas 

Não existem causas exatas de cibercondria. Entretanto, existem alguns possíveis riscos que aumentam as chances de desenvolvimento da condição, como: 

  • Ter depressão ou ansiedade — condições caracterizadas pela ruminação mental; 
  • Experiência pessoal de doença na família ou em pessoas próximas; 
  • Autoestima baixa (1);
  • Traumas passados; 
  • Estresse crônico; 
  • Experiências negativas com profissionais de saúde;

Tratamento 

A cybercondria é derivada de autodiagnósticos feitos pela internet. Desse modo, um auto-tratamento da condição não seria ideal. Como transtorno mental, o tratamento da condição é feito com ajuda de profissionais da saúde, que auxiliam na identificação do problema e criam um plano adequado para cada tipo de paciente. 

Porém, dependendo de sua severidade, a ansiedade pode ser controlada com alguns métodos pessoais. Confira a nossa matéria para mais informações:

Como controlar a ansiedade com 15 dicas
Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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