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Ao individualizar animais de fazenda, é possível que as crianças desenvolvam uma empatia maior, reduzindo assim a aceitação de produtos à base de carne em suas dietas, tão nocivos ao clima

A atribuição de nomes e a ênfase em características individuais dos animais de uma fazenda, como porcos e galinhas, pode ter um impacto significativo na forma como crianças em idade pré-escolar percebem esses animais e, consequentemente, na disposição delas em consumi-los. Uma pesquisa conduzida por especialistas do Centro de Pesquisa de Comportamento Social da Universidade SWPS, publicada na revista Appetite, lança luz sobre essa questão.

O estudo envolveu 208 crianças com idades entre 5 e 6 anos, que foram apresentadas a fotografias de porcos e galinhas em diferentes contextos. Algumas crianças receberam imagens de um porco com nome, hábitos e preferências específicos, enquanto outras viram descrições mais genéricas, tratando os animais como grupos. Um procedimento semelhante foi aplicado no caso das galinhas. Os resultados foram claros: quando as crianças eram apresentadas a um animal com nome e características próprias, a tendência de humanizá-lo e querer fazer amizade com ele aumentava significativamente, ao passo que o desejo de consumir sua carne diminuía.

A investigação destaca que, ao nomear um animal e enfatizar sua individualidade, as crianças começam a vê-lo de forma mais semelhante aos humanos. Isso vai ao encontro da teoria de que a atribuição de características humanas a animais pode desencorajar o consumo de carne, especialmente em crianças que ainda não associam os animais à comida. De fato, antes de entenderem de onde a carne realmente vem, as crianças são vistas como consumidores inconscientes, apreciando animais por serem “legais” e se vinculando a eles de maneira semelhante ao que fariam com outras pessoas.

Os dados do estudo revelaram que, entre as crianças que foram apresentadas a um porco com nome e hábitos únicos, 79% o consideraram um animal único, em comparação com apenas 21% que receberam descrições genéricas. Um padrão semelhante foi observado no experimento com galinhas, onde mais de 84% das crianças que receberam informações individualizadas consideraram a galinha única, enquanto apenas 9% daqueles que receberam descrições de grupo a viram dessa forma.

Esses achados sugerem que a identificação de animais com nomes e características pessoais pode ser uma ferramenta poderosa para modificar a atitude das crianças em relação ao consumo de carne. O estudo não apenas aponta para o impacto imediato dessa prática, mas também sugere possíveis implicações para a educação alimentar e a promoção de dietas mais conscientes. Ao individualizar animais de fazenda, é possível que as crianças desenvolvam uma empatia maior, reduzindo assim a aceitação de produtos à base de carne em suas dietas, tão nocivos ao clima.

Essa pesquisa da Universidade SWPS é uma das primeiras a investigar diretamente como a individualização dos animais pode influenciar a humanização e a aceitação do consumo de carne entre crianças. Embora estudos anteriores tenham mostrado que muitas crianças pequenas não sabem de onde vem a carne que consomem, este novo estudo avança ao demonstrar como a percepção dos animais pode ser moldada a partir da forma como eles são apresentados às crianças.


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