“Dark funghi” é a nomenclatura dada a espécies de fungos não identificadas, mas que podem ser encontradas ao redor de todo o mundo. A descoberta desses fungos foi possível graças aos avanços tecnológicos que possibilitaram a sequenciação de DNA, uma vez que, mesmo depois de anos, pesquisadores nunca encontraram algum desses fungos como um organismo inteiro.
Diferentemente de outros tipos de fungos, que podem ser observados na natureza ou cultivados em laboratório, os dark funghi são quase invisíveis. O único vestígio de sua existência no meio ambiente são seus traços de DNA, que estão espalhados em quase toda a superfície terrestre.
O termo “dark funghi” faz referência ao termo da cosmologia “dark matter”, ou matéria escura, que constitui 95% do universo e exerce influência em todo o planeta. Mas, assim como fungos “fantasmas”, essa matéria é substancialmente desconhecida, mesmo que quase onipresente.
Acredita-se que esses organismos são a parte faltante dos estimados 6,28 milhões de tipos de fungos que cobrem a superfície terrestre. De fato, desses milhões, apenas são conhecidas cerca de 150 mil espécies de fungos.
Mas, por que, embora a descoberta do DNA dos dark funghi comprove a sua existência, eles ainda são entidades desconhecidas? E, se eles estão presentes no mundo todo, qual o papel que exercem?
De acordo com uma matéria da Scientific American, “tudo o que sabemos sobre dark funghi vem do DNA ambiental, ou eDNA. Esse termo refere-se a cadeias de pares de bases – os blocos de construção do DNA que estão constantemente se desprendendo de todos os seres vivos.” No entanto, mesmo todo o conhecimento sobre a composição desses organismos leva à uma incógnita — a sua nomenclatura.
A nomenclatura científica de algas, fungos e plantas é regida pelo Código Internacional de Nomenclatura. Esse código possui uma série de regras estabelecidas por um corpo mundial de cientistas e, assim, permite a nomeação de inúmeras espécies, mas, consequentemente, impede a nomeação dos dark funghi.
As diretrizes estabelecidas pelo código não permitem que os fungos sejam identificados apenas pelo seu DNA. Portanto, muitos investigadores permanecem no escuro sobre os dark funghi, apesar dos sinais de que eles são uma parte vital do mundo.
Mesmo que a natureza misteriosa desses fungos impossibilite um estudo aprofundado sobre suas funções, especialistas acreditam que os dark funghi possuem um papel importante no meio ambiente. Papéis também exercidos por outros organismos devidamente classificados da mesma família.
De fato, ao analisar o DNA desses organismos, especialistas observam as semelhanças dos dark funghi com espécies conhecidas. Assim, é possível identificar os parentes mais próximos desses organismos e, a partir disso, possivelmente inferir sobre o ciclo de vida e função de cada espécie.
Em geral, acredita-se que esses organismos desempenham as mesmas funções vitais que os fungos conhecidos. Ou seja, direcionam o fluxo de energia através de ecossistemas à medida que decompõem a matéria orgânica e reciclam nutrientes.
Embora a identificação dos dark funghi seja difícil, ela não é impossível. De fato, em 2011, a microbiologista britânica Meredith Jones descobriu um possível novo filo desses fungos, que foi nomeado de Cryptomycota.
Além de contribuir para o conhecimento sobre esses organismos, o Cryptomycota foi uma enorme descoberta para a comunidade científica em geral. Descobriu-se, por exemplo, que fungos desse filo não possuem a substância fibrosa quitina, antes considerada uma característica definidora de todos os fungos.
Similarmente, a descoberta dos anteriormente “dark” fungos da espécie Archaeorhizomycetes caracterizou-os como espécies essenciais para o funcionamento de ecossistemas.
“Se [esses fungos] não existissem – formando relações simbióticas com as plantas, decompondo moléculas orgânicas em carbono e nitrogênio que outros organismos podem utilizar – ecossistemas inteiros poderiam entrar em colapso”, explica o jornalista Cody Cottier ao Scientific American.
Porém, a importância da descoberta desses fungos não é restrita apenas à comunidade científica. Os limites inexplorados da biologia fúngica poderiam, por exemplo, produzir produtos químicos ou medicamentos valiosos para a humanidade como um todo.
“Uma ou mais dessas espécies [de dark funghi] serão super importantes para os humanos”, afirma Henrik Nilsson, micologista da Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
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