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Evento "Audiovisual indígena como estratégia de visibilidade de seus saberes e lutas" vai acontecer nos dias 29 e 31 de março, às 15h, via online, no Youtube.

Por Fiocruz Pernambuco em Portal Fiocruz – Audiovisual indígena como estratégia de visibilidade de seus saberes e lutas, Agroecologia e agricultura do sagrado nos territórios, e Diálogos interculturais na produção de conhecimentos. Esses temas serão debatidos de terça a quinta-feira (29 a 31/03), sempre às 15h, por intelectuais, lideranças e cineastas, indígenas e da academia, no canal da Escola Nacional de Saúde Pública Sério Arouca (Ensp/Fiocruz), no Youtube. O seminário marcará o lançamento da Plataforma Narrativas Indígenas do Nordeste, um espaço de partilha com o objetivo de promover o diálogo intercultural e de visibilidade das lutas por saúde, dignidade, direitos territoriais e preservação da cultura dos povos indígenas.

O projeto da plataforma foi construído e coordenado por várias instituições. Entre elas, a Fiocruz Pernambuco, por meio do Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho (Lasat), a Ensp, via Núcleo Ecologias, Epistemologias e Promoção Emancipatória da Saúde (Neepes) e por indígenas das etnias Xukuru de Ororubá (PE) e Tinguí-Botó (AL).

“Os povos indígenas têm no audiovisual uma forma de expressão da sua cultura, cosmologia e das tensões vividas em seus territórios. Esse espaço vai reunir, visibilizar e fortalecer a construção de uma rede audiovisual indígena do Nordeste, Norte de Minas Gerais e Espírito Santo, a partir de seus coletivos e realizadores”, explica o pesquisador da Fiocruz Pernambuco André Monteiro, um dos idealizadores da plataforma.

A proposta é que a plataforma se constitua num espaço de atuação e protagonismo indígena, gerido pelos povos em diálogo com uma academia sensível e colaborativa, assumindo como propósito o compromisso de potencializar iniciativas que já existem, promover uma ecologia de saberes em diálogo com os grupos atuantes nos territórios, assim como incentivar relações de solidariedade entre os povos com a sociedade, visando fortalecer suas lutas sociais.

Também contribuíram para o projeto da plataforma a Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), o Núcleo Interdisciplinar de Cinema e Educação (Nice) da Universidade Federal de Sergipe, o Instituto de Psicologia Universidade Federal de Alagoas, a Universidade de Pernambuco/Campus Garanhuns, o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (PT) e a VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz.

O seminário e o lançamento da Narrativas Indígenas do Nordeste ocorrem uma semana antes da 18ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), mobilização dos povos originários que ocorrerá em Brasília. O evento, cujo tema é Retomando o Brasil: demarcar territórios e aldear a política, visa combater os chamados “projetos de morte”. Entre esses estão o julgamento do Marco Temporal pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e vários dos projetos de lei que serão votados pelo Congresso Nacional com o apoio do Governo Federal. Um deles é o PL 191/2020, que permitirá que terras indígenas sejam exploradas para mineração, hidrelétricas e projetos de infraestrutura de grande escala.

Programação

29 março – 15h

Audiovisual Indígena como estratégia de visibilidade de seus saberes e lutas
A produção audiovisual indígena, produzida por vários coletivos, têm divulgado narrativas contra hegemônicas sobre seus saberes, práticas e lutas relacionadas aos seus modos de vida e suas cosmologias. Uma das expressões desse audiovisual é o que diversos cineastas indígenas denominam de Cinema de Guerrilha, pois suas lutas territoriais e por existência enfrentam genocídios e injustiças tanto ambientais, como cognitivas e históricas.

Coordenação:

  • André Monteiro, Lasat/Fiocruz PE

Participantes:

  • Alexandre Pankararu, APOINME
  • Kleber Xukuru, Povo Xukuru de Ororubá
  • Vanuzia Pataxó, Pinapõ upâ jokana Pataxó

30 março – 15h

Agroecologia e agricultura do sagrado nos territórios

Este debate se propõe a refletir, sob uma perspectiva da interculturalidade, as distinções e convergências entre a agroecologia e a agricultura do sagrado nos territórios, tal como denominam algumas lideranças indígenas. A agroecologia emerge a partir de um diálogo entre movimentos sociais camponeses, organizações não governamentais e academia, desde uma crítica à produção industrial em larga escala e do pacote químico que caracteriza o agronegócio. Por outro lado, a agricultura do sagrado recupera práticas ancestrais, e com acesso aos encantados que orientam suas práticas agrícolas numa visão holística, já que não separam vida, técnica e natureza, tampouco os mundos material e espiritual.

Coordenação:

Wanessa Gomes, Universidade de Pernambuco

Participantes:

Iran Xukuru, Povo Xukuru de Ororubá
Olinda Tupinambá, Indígena Tupinambá e Pataxó hãhãhãe
Natalia Almeida, Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz)
Juliano Palm, Neepes/Fiocruz

31 março – 15h

Diálogos interculturais na produção de conhecimentos

O foco desse debate é compartilhar e refletir sobre os avanços epistêmicos e metodológicos alcançados através de diálogos interdisciplinares e interculturais que englobam sujeitos da academia, organizações locais e movimentos sociais envolvidos em lutas indígenas nos territórios.

Coordenação:

  • Marina Fasanello, Neepes/Fiocruz

Participantes:

  • Marcelo Firpo, Neepes/Fiocruz
  • Guilherme Franco Netto, Fiocruz
  • Elisa Pankararu, APOINME
  • Marcelo Tingui, Povo Tingui-Botó

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