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Entenda quais são os principais fatores associados à depressão em idosos e como auxiliar essa geração

A depressão em idosos é relativamente comum — estima-se que mais de um em cada 10 idosos sofrem com a condição. Adicionalmente, dados da OMS indicam que a terceira idade é mais suscetível a desenvolvê-la, com 5,7% de todos os casos documentados de depressão ocorrendo em pessoas com mais de 60 anos. 

No Brasil, isso foi comprovado pela Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o relatório, a doença afeta cerca de 13% da população entre os 60 e 64 anos de idade.

No entanto, casos de depressão geriátrica podem ser difíceis de diagnosticar. Isso se dá porque a maioria dos sintomas decorrentes da condição podem ser semelhantes aos sinais comuns de envelhecimento. 

Além disso, acredita-se que os idosos têm uma menor probabilidade de falar sobre a condição com outras pessoas e só procurar ajuda quando a severidade da depressão aumenta. Portanto, é importante auxiliar adultos dessa faixa etária e lembrar que o tratamento para a depressão pode ser eficaz em qualquer etapa da vida, incluindo na velhice. 

Depressão em idosos
Estimulação magnética pode ser uma alternativa contra depressão em idosos

O que leva o idoso ficar em estado de depressão?

A depressão é uma condição de saúde mental que pode afetar pessoas de qualquer faixa etária, incluindo as mais velhas. Ela é classificada como um distúrbio de humor que pode causar episódios recorrentes e frequentes de tristeza profunda. 

As três principais causas para a depressão em idosos incluem problemas de saúde física, isolamento social e perdas na velhice.

Problemas de saúde física

Doenças físicas podem causar a depressão em idosos de forma direta ou indireta. 

Condições médicas como deficiências de vitaminas, câncer e doenças da tireoide podem alterar a forma como o corpo funciona e desencadear a depressão. Por outro lado, outras doenças físicas, como a artrite, que causa a redução da mobilidade, também podem desencadear sintomas depressivos. Nesses casos, idosos são impossibilitados de realizar muitas tarefas sem ajuda, levando, em alguns casos, a sentimentos de inutilidade e, consequentemente, a quadros depressivos. 

Em geral, a redução da qualidade de vida resultante de problemas de saúde física afeta a saúde mental, algo que é intensificado durante o envelhecimento

Isolamento social

À medida que as pessoas envelhecem, elas começam a passar mais tempo sozinhas, seja pela perda de pessoas próximas da mesma faixa etária ou pela mobilidade reduzida resultante do envelhecimento natural. No entanto, uma vida social saudável é essencial para a saúde mental e física. 

“O isolamento social e a solidão têm, independentemente, um risco aumentado em mais de 25% para problemas de saúde significativos e não apenas problemas de saúde mental como ansiedade, depressão ou ideação suicida, mas outras doenças, particularmente doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, diabetes e demência”, disse o Dr. Douglas DeLong, médico de medicina interna em Cooperstown, Nova York, e delegado suplente da Seção de Médicos Sênior da American Medical Association.

Hikikomori: a severa forma de isolamento social

Perdas

Como evidenciado pelo caso do isolamento social, a solidão resultante da perda de amigos, parentes ou parceiros é outro fator para a depressão em idosos. Sem um sistema de apoio eficaz, essas pessoas são mais vulneráveis ao desenvolvimento de distúrbios de humor caracterizados por episódios de tristeza frequente, como a depressão. 

Adicionalmente, uma pesquisa publicada no Journal of Epidemiology & Community Health sugere que o uso de anti-depressivos é mais comum em mulheres do que em homens após o divórcio ou a perda de um parceiro. Enquanto foi notado que ambos os sexos biológicos aumentaram o uso de antidepressivos após a separação, o aumento foi mais significativo em mulheres. 

Também foi evidenciado que as mulheres são menos propensas que os homens a se apaixonar novamente após o divórcio ou a perda de um parceiro. 

foto preta e branca de duas mulheres idosas juntas, demonstrando a necessidade da socialização da terceira idade na prevenção da depressão em idosos
Foto de eberhard 🖐 grossgasteiger na Unsplash

Quais são os principais fatores associados à depressão no idoso?

Fatores que aumentam o risco de depressão em pessoas idosas incluem:

  • Ser mulher;
  • Ser solteiro, divorciado ou viúvo;
  • Falta de uma rede social de apoio;
  • Eventos estressantes da vida;
  • Genética — histórico familiar de pessoas com depressão;
  • Falta de exercícios físicos. 

E, enquanto a depressão em idosos é mais comum em mulheres, acredita-se que a depressão aumenta o risco de suicídio, especialmente em homens brancos mais velhos. Apenas nos Estados Unidos, a taxa de suicídio em pessoas com idades entre 80 e 84 anos é mais que o dobro da população em geral.

Quais os sintomas de depressão em idosos?

Embora a depressão possa ocorrer em qualquer faixa etária, ela possui sintomas diferentes. De fato, a depressão em idosos possui sinais relativamente diferentes da depressão em pessoas mais jovens, algo que pode ser resultante do estigma passado associado às condições de saúde mental.

Enquanto idosos podem não apresentar os sintomas típicos da depressão, eles podem apresentar: 

  • Cansaço frequente; 
  • Dificuldade em dormir e alguns transtornos do sono, como a insônia; 
  • Irritabilidade ou mau humor frequentes;  
  • Confusão; 
  • Falta de atenção; 
  • Falta de interesse em atividades que costumavam fazer;
  • Mobilidade reduzida; 
  • Mudança no peso ou no apetite
  • Sentimentos de desespero ou culpa; 
  • Dores e sofrimentos;
  • Tontura;
  • Pensamentos suicidas;
  • Perda de memória. 

Além disso, alguns idosos com depressão também podem desenvolver mudanças comportamentais, que podem incluir: 

  • Não sair de casa;
  • Não comer;
  • Beber mais bebidas alcoólicas do que o normal;
  • Acumular itens sem importância;

Como lidar com a depressão na terceira idade?

Assim como em qualquer idade, a depressão em idosos deve ser tratada de forma adequada, como indicado por profissionais de saúde. Porém, como mencionado anteriormente, pessoas mais velhas são menos propensas a falar sobre seus sentimentos ou, até mesmo, notar diferenças em seus comportamentos que podem ser resultantes de distúrbios de humor. 

Por isso, como uma rede de apoio dessa faixa etária, é importante prestar atenção nos sinais da condição, possibilitando um tratamento eficaz e preventivo da depressão. 

Se você acha que uma pessoa idosa que você conhece pode estar sofrendo de depressão, você pode ajudar discutindo o assunto com ela e oferecendo apoio.

Os idosos podem sentir um estigma associado à depressão ou pensar que a depressão é uma fraqueza pessoal e não uma condição médica. Desse modo, tente encorajá-los a conversar com um profissional de saúde que explicará as possíveis causas da condição e que ela pode ser tratada. 

Se necessário, também ofereça ajuda para marcar consultas especializadas, com cuidado para não reforçar os sentimentos de inutilidade comum em idosos com depressão

depressão infantil
Depressão infantil: sintomas e tratamento

Tratamento para a depressão em idosos 

Assim como a depressão não tem uma causa única, nenhum tratamento funciona para todos e, assim, deve ser adequado para cada quadro específico da doença. Geralmente, leva tempo para que o paciente e o profissional de saúde encarregado com o seu tratamento encontrem métodos terapêuticos eficazes, portanto, é importante manter a paciência durante essa fase. 

Após o diagnóstico, o profissional será encarregado de avaliar o quadro de depressão e elaborar um plano de tratamento de saúde mental junto do idoso. Este é um plano que mapeia os objetivos do tratamento e inclui os serviços e recursos disponíveis para o paciente.

Não existe cura para a depressão — seja em idosos ou pessoas de outras faixas etárias. Entretanto, o tratamento ajuda a minimizar os sintomas da condição e também pode oferecer uma melhora na qualidade de vida do paciente. 

Existem diversos tipos de tratamento para a depressão, que podem incluir o manuseio de medicamentos como antidepressivos e inibidores seletivos da recaptação da serotonina ou não. Por outro lado, o profissional de saúde pode manter um tipo de terapia falada, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) ou a psicoterapia, ou até sugerir algumas mudanças no estilo de vida, incluindo o estímulo da prática de atividades físicas. 

As mudanças no estilo de vida usadas para tratar a depressão incluem:

  • Prática regular de atividades físicas;
  • Encontrar um novo hobby ou interesse e desenvolvê-lo; 
  • Manter visitas regulares com familiares e amigos;
  • Dormir o suficiente diariamente;
  • Comer uma dieta balanceada e saudável. 

A autoajuda e as terapias alternativas e complementares também podem ser úteis para idosos com depressão leve ou moderada:

  • Passar tempo com amigos, família ou comunidade.
  • Manter-se fisicamente ativo, sozinho ou em grupo.
  • Participar de música ou outra terapia desenvolvida para pessoas com depressão.

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