Derrubada florestal segue avançando no calendário do desmatamento

Compartilhar

Por Imazon | No acumulado do calendário do desmatamento, que vai de agosto de 2024 a julho de 2025, o total até fevereiro apontou um aumento da derrubada de 17% em comparação ao mesmo intervalo do ciclo anterior, alcançando 2.129 km², o que representa uma perda superior ao território da cidade de São Paulo.

Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon e mostram que o atual calendário do desmatamento iniciou com uma tendência de aumento, a qual segue até o mês de fevereiro.

Imagem: Reprodução Imazon

Esse cenário reforça a necessidade de intensificar as medidas de monitoramento e controle para conter o avanço do desmatamento antes da chegada dos meses secos, quando historicamente os índices desse problema ambiental aumentam significativamente.

“Não seria bom para o Brasil, em um ano tão decisivo como o da COP 30, fechar este calendário com números em alta. O governo, e órgãos de fiscalização precisam agir agora para reverter essa tendência e mostrar ao mundo um compromisso real com a preservação da Amazônia”, observa Carlos Souza Jr, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon.

Três estados concentram 82% da destruição na Amazônia em fevereiro

Quando se observa os indicadores apenas de fevereiro de 2025, o SAD ainda detectou que o desmatamento na Amazônia cresceu, atingindo 119 km², uma alta de 2% quando comparado com o mesmo intervalo do ano passado, sendo a quinta maior área devastada da série histórica para o mês e representando uma perda florestal que equivale a 425 campos de futebol por dia.

Os estados mais afetados em fevereiro de 2025 foram Roraima (37%), Mato Grosso (34%) e Pará (11%), que, juntos, concentraram 82% de toda a destruição detectada na Amazônia Legal. Além disso, cinco dos dez municípios que mais desmataram estão localizados em Mato Grosso, quatro em Roraima e um no Amazonas.

Algumas dessas cidades já vem aparecendo no ranking daquelas com devastação intensa desde janeiro, é o caso de Amajari, Caracaraí, Aripuaña, Juína e Nova Maringá, que acumularam 36 km² de áreas desmatadas no período. “É necessário que os governos e órgãos locais se atentem a esses números para focar em procedimentos que visem combater essa prática, por meio de fiscalizações mais frequentes e da devida penalização dos criminosos ambientais”, destaca a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim.

RankingNomeEstadoÁrea (km²)
1RorainópolisRR13
2AmajariRR11
3CaracaraíRR9
4AripuanãMT8
5SapezalMT4
6JuínaMT4
7ColnizaMT4
8CantáRR4
9ApuíAM4
10Nova MaringáMT4
Tabela: Reprodução Imazon

Degradação é a maior na série histórica do calendário do desmatamento

Além do desmatamento, o bioma registrou crescimento na degradação florestal. Ocasionada pelas queimadas e extração madeireira, a prática afetou 33.807 km² quando se observa o calendário do desmatamento. O número é quase equivalente ao território de Porto Velho, maior capital brasileira, e seis vezes superior que no período anterior, quando a atividade impactou 5.805 km² de vegetação.

Imagem: Reprodução Imazon

Já em fevereiro, a degradação impactou 211 km² na Amazônia, uma alta de aproximadamente 15 vezes em relação ao mesmo intervalo de 2024. O dado é o maior registrado para o mês na série histórica.

Entre os estados, Pará e Maranhão foram os que se destacaram, respondendo por 89% do impacto para o mês, com 75% ocorrendo no Pará e 14% no Maranhão. Os municípios mais afetados também estão neles. Sete são paraenses, enquanto outros dois ficam no Maranhão.

RankingNomeEstadoÁrea (km²)
1MojuPA43
2AcaráPA27
3Monte AlegrePA19
4PrainhaPA14
5ColnizaMT13
6Itinga do MaranhãoMA13
7Centro Novo do MaranhãoMA12
8ItaitubaPA6
9Tomé-AçuPA6
10TailândiaPA5
Tabela: Reprodução Imazon

Além disso, cinco das oito unidades de conservação que mais sofreram degradação estão localizadas no Pará, somando quase 32 km² degradados. Dessas UC’s, duas já estavam entre as mais afetadas em janeiro de 2025. São elas: a Floresta Estadual (FES) do Paru e a Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós.

RankingNomeEstadoÁrea (km²)
1RESEX Guariba-RooseveltMT12
2REBIO do GurupiMA7
3APA do TapajósPA6
4FES de ManicoréAM4
5FES do ParuPA1
6APA do Lago de TucuruíPA1
7RDS do Pucuruí-ArarãoPA0.4
8RESEX Arióca PruanãPA0.01
Tabela: Reprodução Imazon

É no estado que estão ainda as duas Terras Indígenas onde foi detectada a atividade no mês, evidenciando a crescente pressão sobre os territórios dos povos originários. As TIs Anambé (7 km²) e Alto Rio Guamá (5 km²) concentraram uma devastação equivalente a 42 campos de futebol por dia de vegetação. 

“É preocupante ver que esses números continuam presentes nas Unidades de Conservação e Terras Indígenas, já que elas deveriam estar devidamente protegidas por serem lugares estratégicos de conservação da biodiversidade e da sobrevivência e exercício da cultura originária. Por isso, é essencial que os órgãos de comando e controle reforcem a defesa delas e garantam uma maior proteção às populações locais”, alerta Manoela Athaide, pesquisadora do Imazon.

Veja aqui os dados de fevereiro.

Acesse aqui todos os boletins de desmatamento e degradação.

Saiba mais sobre o SAD aqui.

Este texto foi originalmente publicado pelo Imazon, de acordo com a licença CC BY-SA 4.0. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.

Bruna Chicano

Cientista ambiental, vegana, mãe da Amora e da Nina. Adora caminhar sem pressa e subir montanhas.

Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.

Saiba mais