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Tereza Cristina Carvalho lembra que a USP tem um centro específico para o descarte e reúso de aparelhos de informática

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Por Rubens Avelar em Jornal da USPSegundo pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU), apenas 3% do lixo eletrônico da América Latina é descartado de forma correta, respeitando o meio ambiente, os outros 97% desse descarte não são monitorados e boa parte contém materiais de alto valor como ouro ou metais, que poderiam ser recuperados. Com isso, o desperdício chega a US$ 1,7 bilhão por ano, além dos danos evitáveis ao meio ambiente. 

Ainda de acordo com a pesquisa, o descarte incorreto de lixo eletrônico aumentou em 49% de 2010 a 2019 em 13 países da região. Somente o Brasil descartou mais de 2 milhões de toneladas e é o quinto maior produtor mundial de lixo eletrônico.

A professora Tereza Cristina Carvalho, da Escola Politécnica da USP e coordenadora do Centro de Descarte e Reúso de Informática (Cedir) da USP,  conta que o centro já recebeu mais de 120 toneladas de materiais eletrônicos desde sua criação, em 2009, e concorda que o descarte é feito incorretamente na sua maioria. “O Cedir chega a receber lixo eletrônico misturado com restos de alimentos, o que acaba estragando o equipamento e fazendo mal ao meio ambiente”, afirma, insistindo que é preciso criar mecanismos de descarte correto, com educação da população e coleta adequada. Tereza diz que a ONU incentiva os países na América Latina a criarem legislação para o manejo sustentável do lixo eletrônico, mas que faltam políticas públicas e acordos setoriais “que facilitem a adoção dessas medidas”.

Legislação brasileira

A coordenadora do Cedir informa que o descarte de lixo eletrônico já é definido por lei no Brasil, a lei nº 9.605/98. Essa lei sofreu alterações e dividiu o descarte desse material em quatro linhas. A linha marrom, que inclui televisores e monitores; a linha verde, dos equipamentos de informática (computadores e celulares); a linha branca para os eletrodomésticos grandes, como geladeiras e refrigeradores; a linha azul, que é para os eletrodomésticos de pequeno porte como batedeiras e liquidificadores. Entretanto, “o acordo setorial existe apenas para a linha verde, que é encabeçado pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Aninee) e que tem dado bons resultados no País”, analisa.

Ouça no player abaixo entrevista da professora Tereza Cristina Carvalho sobre o descarte irregular de lixo eletrônico ao Jornal da USP no Ar, Edição Regional:

O Cedir

O Centro de Descarte e Reúso de Informática (Cedir) da USP foi criado em 2008 e lançado no Dia do Meio Ambiente daquele ano, 5 de junho.  No primeiro dia já foram coletadas cinco toneladas de lixo eletrônico. “O projeto teve início quando começamos a visitar empresas de reciclagem de resíduos e constatamos que, no setor da informática, nem todos faziam o descarte corretamente. Assim, veio a ideia do Cedir para separar os diversos tipos de resíduos existentes no material e posterior comercialização de cada item”, conta a coordenadora.

O material descartado que chega no Cedir é trabalhado no conceito de economia circular, todo o  equipamento passa por uma avaliação. “Quando o computador, por exemplo, tem condições de ser reusado, ele passa por uma bateria de testes e, se for necessário trocar só algumas partes, essa troca é feita e se torna um equipamento de segunda mão de excelente uso. Por último, o que é descartado é repassado para empresas de reciclagem credenciadas.”

Tereza fala que 25% do material de reúso é destinado a projetos sociais, para pessoas e escolas que não possuem condições para ter um  computador, e lembra o papel inclusivo do computador dentro de casa. “A presença de um computador dentro de uma residência com crianças e jovens é muito importante, porque leva toda a família a se interessar a aprender a usar o computador. Ele tem o papel de inclusão digital para toda a família.” Qualquer pessoa, física ou jurídica, pode realizar o descarte do lixo eletrônico no Cedir, basta fazer um agendamento pelo e-mail: cedir@usp.br.

O Cedir está localizado na Cidade Universitária da USP, no Butantã, em São Paulo, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30 e das 14h às 17h. Unidades USP precisam agendar a entrega pelo e-mail cedir@usp.br. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (11) 3091-8237/8238.

Ouça no player abaixo entrevista da professora Tereza Cristina Carvalho sobre o Cedir ao Jornal da USP no Ar, Edição Regional:


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