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Pesquisa revela que a erucamida, substância natural, inibe a virulência de bactérias e pode se tornar um biopesticida sustentável

A busca por soluções eficazes e sustentáveis para combater doenças bacterianas que afetam plantações ganhou um novo capítulo com a descoberta de um metabólito vegetal capaz de inibir a virulência de patógenos. A erucamida, uma substância natural produzida por plantas, mostrou potencial para interromper a ação de bactérias Gram-negativas, responsáveis por doenças como a requeima do arroz, a murcha do tomateiro e o cancro do kiwi. A pesquisa, liderada por cientistas chineses, aponta para um futuro promissor no desenvolvimento de biopesticidas que protegem cultivos sem agredir o meio ambiente.

Patógenos bacterianos são uma das maiores ameaças à agricultura global, causando perdas significativas na produção de alimentos. Atualmente, o controle dessas doenças depende de bactericidas e antibióticos à base de cobre, que, além de eficácia limitada, representam riscos ambientais. A erucamida surge como uma alternativa promissora, atuando diretamente no sistema de defesa das bactérias.

O estudo, publicado na revista Science, foi conduzido por uma equipe do Instituto de Genética e Biologia do Desenvolvimento da Academia Chinesa de Ciências, em parceria com pesquisadores da Universidade de Pequim. Utilizando técnicas avançadas, como microscopia eletrônica, simulações de dinâmica molecular e acoplamento molecular, os cientistas descobriram que a erucamida se liga a uma proteína chamada HrcC, essencial para a montagem do injectissoma de Secreção Tipo III (T3SS). Esse mecanismo é utilizado por bactérias para injetar toxinas nas células das plantas, causando infecções.

A interação da erucamida com o HrcC impede a formação do injectissoma, neutralizando a capacidade das bactérias de infectar as plantas. O mais interessante é que o local de ligação da erucamida é altamente conservado em diversas espécies bacterianas, o que sugere que a substância pode ser eficaz contra uma ampla gama de patógenos.

Além disso, os pesquisadores demonstraram que a aplicação externa de erucamida em plantações pode aumentar a resistência das plantas a doenças bacterianas. Isso abre caminho para o desenvolvimento de biopesticidas baseados nesse metabólito, que podem ser usados na agricultura sustentável.

A descoberta também traz implicações importantes para o melhoramento genético de culturas. Plantas com níveis elevados de erucamida naturalmente apresentam maior resistência a patógenos, enquanto aquelas com níveis reduzidos são mais suscetíveis. Isso indica que a erucamida desempenha um papel fundamental na imunidade vegetal, oferecendo uma base para estratégias de engenharia genética que visam criar variedades mais resistentes.

A pesquisa não apenas avança o entendimento sobre a imunidade das plantas, mas também oferece uma alternativa viável e ecológica aos pesticidas químicos tradicionais. Com o crescente desafio de alimentar uma população global em expansão, soluções como a erucamida podem ser fundamentais para garantir a segurança alimentar sem comprometer o meio ambiente.

O estudo foi publicado na edição de 28 de fevereiro da Science, com autoria de Pei Miao e colaboradores. Para mais detalhes, o artigo completo pode ser acessado através do DOI: 10.1126/science.ads0377.


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