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Pesquisas recentes indicam que essa área foi um ponto de destaque no desenvolvimento de sociedades complexas durante o Neolítico Final

Uma descoberta arqueológica em Oued Beht, Marrocos, está remodelando o entendimento sobre o surgimento das primeiras sociedades agrícolas na região do Magreb, no noroeste da África. Pesquisas recentes indicam que essa área foi um ponto de destaque no desenvolvimento de sociedades complexas durante o Neolítico Final, desafiando antigas percepções da pré-história mediterrânea.

O trabalho de campo, conduzido por uma equipe internacional de arqueólogos, revelou vestígios de um complexo agrícola considerável, similar em escala às cidades da Idade do Bronze. O sítio contém evidências de agricultura e domesticação de plantas e animais, além de cerâmica e ferramentas de pedra que datam de cerca de 4.000 a.C. Essa descoberta coloca o Magreb como um ator central nas transformações culturais da época, ao contrário do que era tradicionalmente pensado.

Até recentemente, havia uma grande lacuna no conhecimento arqueológico dessa região, especialmente no período entre 4000 e 1000 a.C. O sul do Mediterrâneo, fora da área do Nilo, era pouco estudado em termos de desenvolvimento agrícola. No entanto, as recentes escavações em Oued Beht provaram que essa ausência de dados não era por falta de atividade importante, mas pela falta de investigações anteriores.

Os resultados revelam que o Magreb, com sua posição geográfica estratégica, foi fundamental para as interações e trocas culturais no Mediterrâneo Ocidental durante o quarto milênio a.C. Além disso, a descoberta de poços de armazenamento profundos e a presença de objetos que indicam trocas culturais com a Península Ibérica reforçam a ideia de que havia uma conexão intercontinental robusta durante esse período. Restos de ovos de avestruz e marfim encontrados em sítios ibéricos sugerem uma interação contínua com o norte da África.

A descoberta em Oued Beht, segundo os pesquisadores, tem implicações profundas para o estudo da pré-história mediterrânea e africana. A equipe liderada por Cyprian Broodbank, da Universidade de Cambridge, e Giulio Lucarini, do CNR-ISPC, destaca a importância de repensar o papel do Magreb no contexto mais amplo das primeiras sociedades mediterrâneas. As conexões entre o norte da África e o sul da Europa, evidenciadas pelos achados, abrem novas perspectivas sobre as trocas culturais e o desenvolvimento de sociedades complexas.

Apesar das pesquisas anteriores focarem em outros períodos, como o Paleolítico e a Idade do Ferro, a descoberta em Oued Beht finalmente traz à tona a relevância do Neolítico Final no noroeste da África. O Magreb não foi apenas um coadjuvante na história do Mediterrâneo, mas desempenhou um papel ativo e dinâmico nas interações intercontinentais. O sítio arqueológico descoberto é o maior de seu tipo fora do Vale do Nilo, consolidando sua importância no cenário histórico africano.

Essa nova perspectiva sobre o Magreb não apenas preenche uma lacuna no conhecimento arqueológico, mas também muda nossa compreensão sobre o desenvolvimento das primeiras sociedades agrícolas no norte da África.


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