Desenvolvimento de habilidades socioemocionais ajuda na qualificação de crianças e jovens

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A Escola de Aplicação (EA) da Universidade de São Paulo conta com cerca de 715 alunos. Todos ingressaram por um processo de sorteio, o que garante uma composição plural nas salas de aula. As atividades promovidas dentro da escola também fazem jus à diversidade. A diretora Fátima Morissawa relata que, desde o sexto ano, os alunos podem representar a classe em conselhos. Como resultado, é possível fomentar o senso de coletividade, cooperação, empatia, entre outros.

Muitas dessas características estão previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), fazendo com que seja uma obrigação das escolas brasileiras ensinar aquilo que é chamado de habilidades socioemocionais. Mas a instrução dessas competências não é tão simples. “Não consigo entender essa proposição de habilidades socioemocionais se não for em um ambiente democrático, porque eu não vejo como algo técnico. Eu entendo que tem que ter um espaço de liberdade de fala e reflexão e de ação”, afirma Fátima, indicando que o diálogo, a escuta e a reflexão estão entre os pilares do projeto pedagógico da EA.

A professora Ana Laura Lima, da Faculdade de Educação da USP, complementa e lembra que o desenvolvimento dessas atividades para estimular o controle emocional, por exemplo, também depende muito da iniciativa dos professores: “É difícil imaginar uma escola que se ocupe apenas com a transmissão do conteúdo. Isso faz parte do trabalho dos professores nas escolas de uma maneira geral”.

“Socioemoções” na educação brasileira

Mesmo previstas na BNCC, estudos já apontam que as habilidades socioemocionais não estão plenamente presentes entre os estudantes brasileiros. Segundo pesquisa do Instituto Ayrton Senna, alunos de 9º ano do ensino fundamental da rede estadual de ensino em São Paulo apresentaram menos habilidades socioemocionais desenvolvidas em comparação a outros anos escolares. Foi constatada curiosidade para aprender, mas dificuldade de ser autoconfiante.

A professora Ana Laura indica que é difícil especificar as causas, mas especula que encontrar essa tendência especificamente em alunos de 9º ano não é força do acaso: “Sentir uma certa insegurança diante de uma nova etapa, diante da necessidade de fazer escolhas é uma coisa que pode estar relacionada a isso”. Passando para a prática, Marlene Isepi, também diretora da Escola de Aplicação, concorda que “é uma fase em que os hormônios estão em efervescência. Eles estão descobrindo a sexualidade e se apaixonando pela primeira vez”, exemplifica.

Educação para o futuro

Quando se fala em ambiente escolar, é difícil não ir além e imaginar na formação do jovem para fora da sala de aula. É nesse contexto que o desenvolvimento de habilidades socioemocionais ganha ainda mais relevância. Inclusive em um cenário profissional. “Uma criança que na escola aprende a respeitar os outros e aprende a ser respeitada pelos professores é uma criança que depois vai se transformar em um adulto que, no mercado de trabalho, vai ser capaz de perceber situações de desrespeito e resistir a isso”, explica a professora Ana Laura.

Em um sistema que muitas vezes confunde relações econômicas com as interpessoais e que estimula um mercado de trabalho competitivo, a escola acaba tendo o papel de fazer frente a esse sistema. “A escola deve formar pessoas capazes de se relacionar com os outros e consigo próprias de maneira respeitosa, que vise ao bem-estar próprio e dos outros”, conclui a professora Ana Laura.

Equipe eCycle

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