O deserto é um bioma encontrado em todos os continentes, cobrindo cerca de um terço da superfície terrestre. Contrário ao que muitos dizem, este bioma não é necessariamente quente. Embora existam diversos desertos com altas temperaturas durante o dia, como o Deserto do Saara, outros possuem invernos frios ou são frios durante todo o ano, como a Antártida.
Qualquer área que receba até 250 mm de precipitação por ano pode ser considerada um deserto. Ele é caracterizado pelo clima seco e árido, temperaturas extremas, baixos índices de precipitação anual e fortes ventos.
Seus solos arenosos e rochosos são ricos em nutrientes, mas pobres em matéria orgânica. Devido a falta de vegetação, o solo fica exposto e vulnerável a ação da erosão eólica.
Na maior parte dos desertos, o clima é extremamente árido. As raras chuvas são leves e normalmente evaporam antes de chegar ao solo. Entretanto, algumas explosões de chuva podem acontecer, causando uma tempestade que equivale a toda água que ele receberá no ano de uma vez só.
Temperaturas extremas também fazem parte das características desse bioma, sejam elas quentes ou frias. Além disso, seus ventos podem chegar até 185 km/h, como na Antártida, por exemplo. A intensidade dos ventos pode transportar areia e outros sedimentos por continentes e oceanos. A poeira do Saara, por exemplo, pode chegar até a Amazônia, trazendo nutrientes importantes para o solo brasileiro.
A fauna do deserto é muito diversificada.
Segundo especialistas, mamíferos, aves, anfíbios, répteis, aracnídeos e insetos dos desertos são adaptados ao clima e têm a capacidade de se reproduzir e desenvolver nos biomas desérticos. Essa adaptação pode ser morfológica e anatômica, fisiológica ou comportamental.
A maior dificuldade desses animais é manter o equilíbrio hídrico, maximizando a ingestão de água (como os camelos) ou minimizando a perda de água. Algumas espécies de anfíbios do deserto absorvem água por meio da pele, em tocas subterrâneas úmidas. Já a maioria dos herbívoros obtêm água das folhagens de plantas, que compõem sua dieta.
Além das adaptações à escassez hídrica, a fauna, presente nos desertos, demonstra adaptações diferentes e únicas, de acordo com a região habitada.
No deserto do Kalahari, por exemplo, os esquilos africanos utilizam suas caudas como um “guarda-sol”. Já no deserto da Arábia, uma espécie de antílope, conhecida como órix, encontra em sua pelagem branca, um modo de refletir os raios solares.
No deserto de Namibe, por exemplo, muitos répteis e aves são bem adaptados à vida nessa região quente e árida. Espécies de mamíferos, como antílopes, raposas, guepardos e hienas, também podem ser vistos, às suas margens. Elefantes do deserto também são avistados, de tempos em tempos, ao norte da Namíbia. Segundo estudiosos, os elefantes sobrevivem neste ambiente árido e hostil, graças a sua alta capacidade de aprendizagem e adaptação.
Nos ambientes desérticos as plantas possuem adaptações para conservar água e sobreviver às extremas temperaturas. Um exemplo são os cactos, que dispõem de caules aumentados para armazenar água e uma cutícula que diminui a evaporação do líquido.
No deserto de Mojave, por exemplo, entre o fim do inverno e o início da primavera, algumas espécies de flores silvestres, como a estrela do deserto, recobrem grandes áreas do solo desértico. Outra planta endêmica do Mojave é a Joshua Tree, ou árvore de Josué, um gênero de planta suculenta, que cresce até 12 metros de altura.
Enquanto isso, no deserto frio da Patagônia, a vegetação é composta basicamente por estepes, uma espécie de gramínea esparsa e mais ressecada. Já no deserto antártico, a pouca vegetação presente é composta, em maior parte, por musgo e líquens. No entanto, existem duas espécies nativas que produzem flores, conhecidas como erva-pilosa-antártica e pêra-da-antártida.
O relevo dos desertos pode variar muito. No geral, ele pode incluir dunas, planícies arenosas, montanhas rochosas e desfiladeiros.
O bioma está presente em todos os continentes. No entanto alguns destacam-se pelo seu tamanho e importância, como:
Os desertos podem ser divididos em desertos quentes e desertos frios. No entanto, eles também podem ser categorizados de acordo com as causas de sua aridez.
Os desertos subtropicais são causados pelos padrões de circulação das massas de ar. Eles se encontram ao longo do Trópico de Câncer, entre 15º e 30º a norte da linha do Equador, ou ao longo do Trópico de Capricórnio, entre 15º e 30º a sul da linha do Equador.
Eles são considerados os mais quentes do planeta, com temperaturas que podem chegar a até 50ºC. Um exemplo conhecido é o Deserto do Saara.
Os desertos costeiros formam-se em costas ocidentais tropicais de alguns continentes. Apesar de sua proximidade com a água, eles continuam áridos. Isso acontece porque as correntes frias dos oceanos são levadas à costa, onde produzem uma camada de nevoeiro. No entanto, o nevoeiro não é suficiente para que aconteça precipitação, embora o clima esteja úmido.
Os desertos polares são encontrados no Ártico e na Antártida. Suas temperaturas são extremamente baixas, atingindo, em média -45ºC. Estes desertos possuem grandes quantidades de água, porém a maior parte está fixada em geleiras e em camadas de gelo durante todo o ano.
Os desertos semiáridos, comuns na Ásia, Europa e América do Norte, possuem clima gelado no inverno. Eles são formados quando uma massa de ar úmida atinge uma cadeia montanhosa e é obrigada a se elevar.
Isso faz com que a umidade seja “bloqueada” e impedida de chegar ao outro lado. Assim, ao descer, a massa de ar aquece, impossibilitando a formação de nuvens. Esse efeito também é conhecido como sombra de chuva.
Apesar de não ser considerado um tipo de deserto na geografia, o deserto verde é um termo usado para se referir a áreas de cultivo criadas pelo ser humano. Isso significa que ele representa uma área de monocultura de espécies exóticas.
Este é o caso de plantações de commodities agrícolas, como a soja, ou de árvores utilizadas na indústria, como o eucalipto. Por serem monoculturas, esses lugares possuem baixa biodiversidade e causam alguns impactos negativos como desertificação, erosão, deterioração do solo, além de uma intensa mudança no ecossistema da região.
Ambientes desérticos podem conter diversos achados arqueológicos. Por causa de seu ar seco e falta de bactérias decompositoras, muitas múmias do Antigo Egito foram preservadas. Além disso, seu relevo e sua hidrografia podem mostrar muito sobre a cultura, rotas de migração e o dia-a-dia de antigas civilizações.
O bioma também dispõe de recursos minerais essenciais. Existem 15 tipos de depósitos minerais no nosso planeta e 13 deles encontram-se em desertos. A razão disso é a forma como a água escorre pelo solo ou por meio da sua rápida evaporação, fazendo com que os minerais sejam deixados para trás.
Os recursos minerais típicos encontrados em regiões desérticas (tanto quentes como frias) incluem sais, boratos e gesso. Eles são de grande importância para a indústria farmacêutica e de construção civil.
Além disso, alguns dos mais abundantes depósitos de petróleo – importante combustível fóssil – se encontram em regiões desérticas. Antigamente, essas áreas eram ambientes marinhos que secaram. Isso permitiu a transformação da matéria orgânica morta em petróleo bruto, criando enormes reservas.
No contexto das mudanças climáticas, os desertos podem ser valiosos indicadores climáticos. Com o aumento de sua extensão pelo processo de desertificação, pesquisadores conseguem calcular e entender com mais precisão os impactos do aquecimento global.
Com a intensificação do aquecimento global, as regiões desérticas podem ter sua biodiversidade suprimida, uma vez que espécies endêmicas (nativas e exclusivas desses biomas) devem sofrer fortes restrições relacionadas a sua adequação ambiental.
Além disso, muitas áreas podem se tornar novos desertos. O aumento da temperatura aliado a atividades humanas, como desmatamento e agropecuária intensiva, pode aumentar a chance de secas e queimadas. Em situações mais extremas, é possível que ocorra o processo de desertificação.
Em outros casos, os desertos já existentes podem se tornar cada vez mais inóspitos. Isso porque eles estão ficando mais quentes, o que prejudica a fauna e flora vulnerável às alterações do clima. Da mesma forma, esses biomas podem aumentar de tamanho, diminuindo o espaço disponível para habitação humana e outras atividades socioeconômicas.
Um artigo, publicado pela Nature, também alertou para o risco de extinção de espécies, principalmente dos desertos quentes. Isso porque, segundo os pesquisadores, espécies que habitam essas regiões, apesar de adaptadas, vivem perto de seus limites fisiológicos, e um aquecimento ainda maior seria letal.
Um outro estudo, publicado em 2024 pela Science Direct, analisou a situação de espécies endêmicas de répteis e anfíbios de biomas desérticos. Com o aumento da temperatura e a extrapolação de seus limites térmicos, a previsão é de extinção de 38% das populações analisadas, nos próximos 50 anos.
Já uma pesquisa, publicada pela Springer, analisou as implicações das futuras alterações climáticas, que podem ocorrer no século 21, no deserto do Saara. A temperatura média do ar na região do deserto deve continuar aumentando e zonas úmidas ao norte da África devem se tornar mais quentes e secas.
Dois estudos dirigidos por Gary Nabhan, cientista da Universidade do Sudoeste de Arizona, relataram que a flora do deserto pode oferecer benefícios à saúde humana. O local estudado foi o Deserto de Sonora, localizado na América do Norte, durante o período de monções (alternância entre fortes chuvas e longas secas).
Foi descoberto que, imediatamente antes, durante e após os períodos chuvosos, 60 espécies de plantas liberaram cerca de 115 compostos orgânicos voláteis (VOCs). Tais compostos são produzidos pelas plantas durante secas extremas e liberados após a precipitação.
Como resultado, foram identificados alguns compostos que possuem seus benefícios comprovados cientificamente, como a melhora dos padrões de sono, estabilização hormonal, melhora da digestão, aumento da clareza mental e redução da depressão ou ansiedade.
Além disso, o cientista relatou que a acumulação desses compostos na atmosfera é o que causa o cheiro de chuva, relatado por muitas pessoas. Eles também ajudam a reduzir a exposição à radiação solar, protegendo as próprias plantas, animais e humanos que habitam a região.
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