O que é desigualdade de gênero?

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Desigualdade de gênero é um tipo de discriminação que tem base no gênero da pessoa. Esse tipo de discriminação acontece quando um gênero é privilegiado ou priorizado em relação ao outro no dia a dia. A desigualdade de gênero começa na infância e segue até a vida adulta, dificultando a vida de muita gente, principalmente garotas e mulheres.

No mundo, a desigualdade de gênero costuma estar relacionada a diferença de tratamento que existe entre homens e mulheres. Ativistas dos direitos humanos afirmam que para vencer esse obstáculo é preciso lutar pela igualdade de gênero. Assim, todas as pessoas seriam vistas como merecedoras das mesmas oportunidades de vida. 

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Discriminação de gênero  

A discriminação de gênero é um dos resultados da desigualdade de gênero. Ela acontece quando ocorre qualquer tratamento desigual, incluindo privilégio e prioridade, com base na construção social de gênero. 

Discriminação de gênero é uma ação proibida na maioria dos tratados de direitos humanos. No mundo todo existem leis que protegem as pessoas afetadas pela desigualdade de gênero. Em sua maioria, essas leis têm a função principal de proteger mulheres, indivíduos que costumam ser mais atacadas por esse tipo de preconceito.

Causas da desigualdade de gênero

Ao nascer, as crianças já enfrentam desigualdade de gênero. Isso porque existem normas que a sociedade acredita que devem ser seguidas por homens e mulheres. Essas regras ditam como essas pessoas têm acesso à educação, quais as oportunidades que elas terão e quais os caminhos que irão seguir em suas vidas, principalmente as do sexo feminino. 

Tudo isso leva o nome de “normas de gênero”. Essas normas foram implantadas no dia a dia da sociedade através de uma cultura conservadora que enxerga o gênero como algo binário, restrito ao sexo feminino e masculino. Por isso, por muito tempo se pregou que o único papel das mulheres era cuidar da família e de seu marido, e o papel dos homens era ser o marido que provém renda e fica com todo o sucesso profissional.

Essa crença, que coloca todos que não são homens em um patamar inferior, e que também afeta a criação de meninos, acaba gerando desigualdade de gênero. Com diversas gerações transmitindo essas ideias no ensinamento de seus filhos, mesmo de forma inconsciente, até hoje essas ações deixam sequelas. 

Sequelas deixadas pela desigualdade de gênero

Acesso restrito a educação

A desigualdade de gênero causa um impacto gigantesco na educação de mulheres e meninas no mundo todo. Elas são as que possuem menos acesso à educação  em comparação aos homens. Cerca de ¼ das jovens entre 15 e 24 anos no mundo não chegam ao fim do ensino fundamental. As mulheres também fazem parte de ⅔ do número de pessoas analfabetas ao redor do globo, sendo 58% da população que não completa a educação básica. 

Entre os fatores que causam essa desigualdade de gênero estão a pobreza, conflitos civis e outras formas de desvantagens sociais. Garotas que vivem em países em guerra tem duas vezes mais chances de abandonar os estudos do que garotos. Cerca de 9,7 milhões de crianças no mundo passam pelo risco de serem forçadas a saírem da escola, sendo as meninas as principais vítimas. 

Falta de proteções legais

Algumas mulheres enfrentam violência doméstica diariamente em suas casas, e isso gera diversos efeitos negativos em suas vidas. Sem contar que a violência pode acabar em feminicidio, o assassinato das vítimas em decorrencia delas serem mulheres. Segundo estudo do Banco Mundial, mais de um bilhão de mulheres não têm proteção contra esses crimes.

Ou seja, em diversos locais, existe a falta de proteções legais contra assédio, agressão, violência doméstica, sexual e feminicídios. O que acaba deixando as vítimas desses crimes à mercê de serem atacadas e ameaçadas novamente por seus agressores. Isso faz com que elas tomem atitudes que limitem suas vidas e seu desenvolvimento em sociedade.

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Falta de igualdade e segregação no trabalho 

De acordo com o Banco Mundial, as mulheres têm apenas ¾ dos direitos que os homens têm no ambiente de trabalho. No mundo todo, existem só seis países em que os direitos legais de trabalho são os mesmos para todos os gêneros. 

Outra causa da desigualdade de gênero no trabalho é a divisão de cargos. Existem trabalhos que são denominados pela sociedade como cargo de homem, ou cargo de mulher. Ou seja, ainda se tem a ideia de que homens são mais qualificados para certas atividades, que mulheres não são.

Sem contar com a jornada dupla que as mulheres enfrentam no dia a dia, devido aos trabalhos não pagos, como cuidar dos filhos, da casa ou do marido. Desta forma, essas pessoas além de terem que trabalhar em empregos que pagam menos por serem “adequados para mulheres”, elas têm que gastar horas em serviços domésticos de forma gratuita e por boa vontade. 

Falta de representação política

Como foi dito anteriormente, devido à desigualdade de gênero, existe a ideia de que mulheres não podem ocupar certos cargos. Um deles é o cargo político. Nas últimas eleições brasileiras, as mulheres foram apenas 33,3% do total de candidaturas. Em 2016, segundo cartilha do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo,  apenas 1.021 foram eleitas para cargos, enquanto 7.263 homens assumiram posições. 

O governo tem investido cada vez mais em ações para convencer mulheres a se candidatarem para cargos políticos. Desta forma, são produzidos comerciais, cartilhas e editais educativos para que essas pessoas saibam que também podem assumir o poder. Assim, indo contra frases como “mulheres não podem ser chefes de estado pois são muito emocionais”. 

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Má assistência médica

Uma mulher que tem pouco acesso à educação consequentemente tem acesso a um emprego que paga mal, isso sem levar em conta que mulheres já recebem menos que homens exercendo as mesmas funções. Sendo assim, ela pode acabar nas estatísticas da pobreza, e irá encontrar diversas dificuldades para conseguir medicamentos, consultas médicas e exames.

Muitas dessas mulheres também acabam tendo pouco ou nenhum acesso à educação sexual. Com a falta do conhecimento sobre menstruação, sexo e contraceptivos, essas pessoas podem acabar tendo gestações indesejadas e doenças sexualmente transmissíveis. Meninas e mulheres adultas em estado de pobreza também encontram dificuldades na compra de absorventes.

Casamento infantil

O casamento infantil é uma das violencias baseadas na desigualdade de gênero. Segundo a organização Save The Children, 2.5 milhões de meninas correm o risco de se casarem ainda jovens até o ano de 2025 por causa da pandemia. Isso se dá devido ao aumento de casos de casamento infantil nos últimos anos, que foi o maior em aproximadamente três décadas. 

O termo casamento infantil se refere a qualquer união informal ou formal entre uma criança menor de dezoito anos e um adulto, ou outra criança. As mulheres costumam ser mais afetadas pela prática, com diversos casos de meninas que nem chegaram à adolescência se casando com homens com idade para serem seus pais. 

Trabalho Infantil

De acordo com a instituição Save The Children, existem pelo menos 152 milhões de crianças vivendo em situação de trabalho infantil ao redor do mundo. O trabalho infantil é um grandes obstaculo no desenvolvimento de crianças. Afinal, ele impede que elas atendam a escola ou tenham uma fase de crescimento saudável, se divertindo e aprendendo sobre o mundo. 

Meninas que enfrentam essa situação têm mais chances de acabarem responsáveis por trabalho doméstico. Elas também costumam ser retiradas da escola, e enfrentam mais exploração sexual do que meninos. 

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Desigualdade de gênero afeta todas as pessoas

Uma pesquisa realizada pelo governo de Victoria, capital da colúmbia britânica no Canadá, mostrou que a desigualdade de gênero afeta todas as pessoas de diversas formas. Confira como ela pode afetar cada grupo de sociedade:

Crianças 

  • Crianças costumam classificar trabalho e atividades como sendo específicos para homens ou mulheres;
  • Os estereótipos de gênero afetam o senso de ser das crianças desde cedo;
  • Garotos recebem oito vezes mais atenção na sala de aula do que garotas;
  • Garotas são mais propensas a serem forçadas a largar os estudos.

Adultos

  • Mesmo que mais mulheres do que homens terminem a educação superior, elas acabam recebendo salários menores. 
  • Uma em cada duas mães enfrenta discriminação na grávidez ao retornar ao trabalho depois da licença materninadade; 
  • No Brasil existem mais de 11,5 milhões de mulheres que não contam com a presença do pai dos filhos para cuidar das crianças. Cerca de 57% dessas mulheres vivem abaixo da linha da pobreza;
  • Mães que trabalham enfrentam jornada dupla, no emprego e dentro das próprias casas. 

Mulheres indígenas 

  • A desigualdade de gênero atinge mulheres indígenas através dos impactos da colonização e de violência contra minorias;
  • Essas pessoas também enfrentam sexualização constante devido a sua origem e a fatores históricos.

 Pessoas trans 

  • A desigualdade de gênero acaba forçando pessoas transgênero a esconderem a sua identidade quando procuram empregos, serviços ou escolas;
  • Essas pessoas sofrem de um grande risco de transtornos psicológicos devido ao abuso verbal, físico e a exclusão social.

Mulheres com deficiência 

  • Mulheres com deficiência tem mais chances desofrerem violência familiar e assédio sexual; 
  • Tem mais chances de estarem desempregadas ou em empregos que paguem mal;
  • Recebem menores salários do que homens com deficiência e mulheres sem deficiência. 

Idosos

  • Mulheres idosas sofrem de desigualdade de gênero quando se aposentam com metade da aposentadoria que é paga aos homens;
  • Esse fator também afeta a segurança financeira, médica e de bem-estar de idosas;
  • Mulheres idosas são mais propensas a acabarem em situação de rua do que homens.
Idosos são retratados de forma estereotipada pela mídia

Pessoas de comunidades diversas (imigrantes, pessoas negras e refugiados)

  • Mulheres que são de culturas diferentes acabam experienciando racismo e discriminação, além da desigualdade de gênero
  • Imigrantes e refugiadas estão comumente em situações de insegurança, empregos mal remunerados e atividades sobre as quais são sobre qualificadas; 
  • Mulheres que não falam a língua do país de moradia podem encontrar barreiras ao acessar serviços e conseguirem garantir seus direitos.

Homens

  • Estereótipos masculinos de força e caráter podem fazer com que homens se sintam pressionados para serem quem não são. Por isso, eles podem desenvolver transtornos psicológicos que afetam seu dia a dia e sua relação com outras pessoas, principalmente mulheres;
  • Muitas empresas não fornecem licença paternidade por grandes períodos;
  • Devido à desigualdade de gênero, homens têm maiores chances de beber demais, tomar atitudes não saudáveis e engajar em atos violentos; 
  • São menos propensos a procurarem ajuda profissional ou familiar para resolver problemas;
  • São mais propensos a cometerem suicídio. 
Ana Nóbrega

Jornalista ambiental, praticante de liberdade alimentar e defensora da parentalidade positiva. Jovem paraense se aventurando na floresta de cimento de São Paulo.

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