Desligamento de supercomputador do Inpe pode trazer consequências para economia e saúde

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O Tupã, supercomputador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), poderá ser desligado até agosto para economizar energia devido à falta de verba enfrentada pela instituição. Em 2021, o Inpe recebeu R$ 44,7 milhões, frente a um total previsto de R$ 76 milhões, junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O equipamento é utilizado para fazer previsão meteorológica e climática do Brasil e seu possível desligamento seria o primeiro na história.

“Ficaremos com um ‘buraco’ nessas informações e isso, obviamente, vai deixar o governo desguarnecido a respeito do que vai acontecer, de quais são as possibilidades para o próximo semestre”, comenta o professor Pedro Luiz Côrtes, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP, em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição.

Côrtes destaca que o funcionamento do Tupã não é apenas uma questão “científica”, como uma pesquisa que poderia ser temporariamente suspensa. “É uma questão estratégica para o governo federal, governos estaduais e municípios. Sem o supercomputador, não teremos a modelagem sofisticada fornecida por ele para ver, com qualidade, o que vai acontecer em termos meteorológicos e climáticos.”

Consequências a curto e a longo prazo

As possíveis consequências imediatas do desligamento, segundo o professor, estariam relacionadas ao funcionamento do operador nacional do sistema elétrico — que coordena o funcionamento das usinas hidrelétricas, termelétricas e das plantas eólicas — e à atuação da Agência Nacional de Energia Elétrica na distribuição da energia pelo Brasil.

“Isso tem um impacto muito grande na inflação: o IPCA já vem crescendo também em função do aumento das tarifas elétricas”, adiciona. O planejamento do governo em relação à agricultura e à avaliação da qualidade das safras em função dessas questões hídricas poderia afetar, por exemplo, a balança de pagamentos e as exportações. Também haveria implicação na saúde pública, segundo o professor, porque há aumento de temperatura em locais onde chove muito, contribuindo para crescimento de doenças como dengue, zika e chikungunya — que poderiam ser contidas com políticas de prevenção amparadas em dados do monitoramento.

Equipe eCycle

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