O número representa um aumento de 59,5% em relação ao período entre 2015 e 2018, quando a média foi de 7.145 km², e o maior resultado em 13 anos de medição feita por satélite
Por Ipam Amazônia | O desmatamento nos nove Estados da Amazônia Legal se consolidou numa taxa média de 11.396 km² derrubados nos últimos quatro anos, revela os dados do Prodes (Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileiras por Satélite), divulgados nesta quarta-feira (30) pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O número representa um aumento de 59,5% em relação ao período entre 2015 e 2018, quando a média foi de 7.145 km², e o maior resultado em 13 anos de medição feita por satélite.
Entre 1º de agosto de 2021 e 31 julho de 2022 – período usado para a medição oficial -, a estimativa foi de 11.568 km², uma redução de 11,27% em relação à taxa de desmatamento consolidada pelo PRODES 2021, 13.038 km². “Toda redução do desmatamento é bem-vinda. Mas essa redução está longe de representar uma tendência de diminuição da derrubada da floresta na Amazônia. Esse número é a segunda maior taxa de desmatamento do governo Bolsonaro e a segunda maior taxa desde 2007 e 2008, quando políticas de sanções econômicas dos municípios críticos foram implementadas na Amazônia, o que ajudou, de fato, o desmatamento a cair neste período”, enfatizou a diretora de Ciência do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Ane Alencar.
O ano de 2021 também teve uma característica peculiar. Com o fenômeno La Niña, houve um aumento na umidade na Amazônia. “2021 foi um ano atípico. Com mais chuva, reduz queimadas, mas as operações de desmatamento ficam mais caras. É preciso investir, tem um custo a mais, quando a floresta precisa ser desmatada em época mais chuvosa. É mais difícil transportar trator, por exemplo”, salienta Alencar.
Para 2023, a tendência é de alta no desmatamento, provocado pelo passivo dos últimos quatro anos. “Sem transparência real de tudo que foi feito no ano passado para reduzir o desmatamento, principalmente no segundo semestre do ano passado, fica muito difícil atribuir essa redução ao governo. Uma prova disso é que houve aumento superior a 30% no segundo semestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano anterior, o que vai ser refletido na taxa de desmatamento no ano que vem.
Recorte por estados
O Pará ainda é o estado que registra a maior área desmatada, 4.141 km², seguido por Amazonas, Mato Grosso e Rondônia. Juntos, os quatro Estado são responsáveis por 87,89% do desmatamento, segundo dados do Prodes.
O Amazonas foi o único a registrar aumento do desmatamento, enquanto o Amapá apresentou número representativo de redução: 6.471% menos áreas devastadas entre 2021 e 2022.
Estado | PRODES 2021 (km2) | PRODES 2022 (km2) | Variação (%) |
---|---|---|---|
Acre | 889 | 847 | -4,72 |
Amazonas | 2.306 | 2.607 | 13.05 |
Amapá | 17 | 6 | -64,71 |
Maranhão | 350 | 282 | -19,43 |
Mato Grosso | 2.213 | 1.906 | -13,87 |
Pará | 5.238 | 4.141 | -20,94 |
Rondônia | 1.673 | 1.512 | -9,62 |
Roraima | 315 | 240 | -23,81 |
Tocantins | 37 | 27 | -27,03 |
ALB | 13.038 | 11.568 | -11,27 |
Este texto foi originalmente publicado por Ipam Amazônia de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.