O desmatamento é um dos mais graves problemas ambientais do nosso tempo. Além de devastar as florestas e os recursos naturais, ele compromete o equilíbrio do planeta em seus diversos elementos, incluindo os ecossistemas, afetando gravemente também a economia e a sociedade. No Brasil, existe uma preocupação crescente quanto ao desmatamento na Amazônia, que bateu recordes em 2019.
As florestas são áreas que possuem uma alta densidade de árvores, em que as copas se tocam formando uma espécie de “teto” verde. Elas são fundamentais para a vida do ser humano.
De acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), cerca de 1,6 bilhão de pessoas ganham a vida em alguma atividade ligada às florestas, e cerca de 60 milhões de indígenas em todo o mundo dependem exclusivamente delas para sua subsistência. Elas ainda são o habitat de muitas espécies de animais e plantas.
O desmatamento consiste na retirada total ou parcial das árvores, florestas e demais vegetações de uma determinada região. Como não poderia deixar de ser, essa prática causa danos, muitas vezes irreversíveis, às populações que ali habitam, comprometendo a biodiversidade.
As causas do desmatamento são diversas e, em sua maior parte, compostas por atividades humanas que provocam ou intensificam a ocorrência desse problema.
Alguns exemplos são aumento da atividade agrícola, mineração, exploração dos recursos naturais, urbanização e queimadas, acidentais ou intencionais, entre outros — que levam, também, às emissões de gases do efeito estufa.
As consequências provocadas pelo desmatamento são devastadoras. E a primeira afetada é a biodiversidade local.
Uma vez que há a destruição das florestas, perde-se o habitat natural de um grande número de espécies, contribuindo para a morte de animais e até mesmo a extinção dos tipos endêmicos. Daí derivam problemas também para a cadeia alimentar e para os ecossistemas locais. Essa perda pode impactar até as atividades econômicas, como a pesca.
O desmatamento gera consequências negativas também sobre os recursos hídricos e os solos. Como as florestas são responsáveis pela regulação de cerca de 57% das águas doces superficiais do mundo, elas contribuem fornecendo umidade para o ambiente.
Ou seja, a retirada delas implica a alteração do equilíbrio climático de muitas regiões, possivelmente impulsionando as mudanças climáticas, sem falar na intensificação do efeito estufa.
Além disso, as florestas melhoram a drenagem dos terrenos, e sua ausência intensifica os deslizamentos de terra em áreas de grande inclinação, acentua as inundações, facilita a erosão do solo e a desertificação.
O ser humano é outro que sofre as consequências das próprias ações. Como já foi dito, 1,6 bilhão de pessoas dependem hoje, direta ou indiretamente, das atividades ligadas às florestas.
Com o desmatamento, as pessoas se privam não só de uma potencial produção contínua de madeira, como também de muitos outros produtos naturais valiosos, como frutos, amêndoas, fibras, resinas, óleos e substâncias medicinais.
Ademais, um artigo publicado na Frontiers in Veterinary Science estabeleceu que há uma conexão entre o desmatamento e a ocorrência de doenças zoonóticas e transmitidas por vetores.
O estudo indica que o desmatamento levou ao aumento de surtos de vírus semelhantes ao COVID-19 e também facilita a propagação de doenças transmitidas por vetores, como a malária.
No desmatamento no Brasil, uma das maiores preocupações é com a floresta amazônica brasileira. Com seus 6,9 milhões de quilômetros quadrados, a floresta sofre com o desmatamento, que, desde 1970, já atingiu 18% de seu território, área que equivale aos territórios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Por todos esses motivos, a ONU e outros organismos internacionais, bem como inúmeras entidades regionais, reconhecem e enfatizam sumariamente que a solução deve levar em conta fatores locais e globais em um projeto multidisciplinar articulado em larga escala.
Devem estar envolvidos não só cientistas, governos, empresas e instituições, mas também, e principalmente, a população, já que ela é a origem e o fim de todos os processos. O caminho para isso é a educação e incentivos diversos para o esclarecimento a respeito dos benefícios gerados pelas florestas e para a mudança de formas de pensamento e hábitos de produção e consumo que levam ao desflorestamento.
As metas estabelecidas pelas Nações Unidas foram:
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) recomenda ainda as seguintes estratégias principais para a conservação das florestas e seu bom manejo:
Para a ONU, aumentar os direitos dos povos indígenas é considerado um método capaz de ajudar a conter as taxas de desmatamento tropical.
Uma revisão de mais de 300 estudos científicos publicados nas últimas décadas, em quase todos os países da América Latina e do Caribe, constatou que as taxas de desmatamento são mais baixas em terras onde os direitos dos povos indígenas são protegidos.
Entre 2000 e 2012, por exemplo, as taxas de desmatamento fora dos territórios de comunidades tradicionais indígenas foram 2,8 vezes maiores do que nas áreas protegidas da Bolívia.
No Brasil, no mesmo período, as taxas foram 2,5 vezes maiores. Entretanto, os povos indígenas em muitas comunidades sofrem ameaça. Nesse sentido, a ONU define, em um relatório, formas de os governos e outras instituições apoiarem estes povos e reduzirem o desmatamento.
Cerca de 31% da superfície terrestre ainda é coberta por florestas em vários graus de conservação. No entanto, apesar da significativa cobertura sobrevivente, calcula-se que metade das florestas do mundo já tenha desaparecido, dado que precisamos reverter com urgência para o bem do planeta.
No Brasil, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) faz o monitoramento das florestas desde 1988, com o uso de imagens de satélite.
Existem mais de 10 sistemas sendo utilizados para monitorar e detectar o desmatamento e a degradação ambiental no país. O Prodes foi o primeiro sistema criado para essa finalidade. Além de monitorar a região da Amazônia Legal, ele também monitora o Cerrado. O sistema elabora as taxas anuais de desmatamento, que são utilizadas pelo governo federal.
O Atlas de Remanescentes Florestais da Mata Atlântica é outra ferramenta, usada para monitorar o desmatamento na Mata Atlântica. É produzido anualmente pelo Inpe em parceria com o Instituto SOS Mata Atlântica.
Além do Prodes, outros sistemas de monitoramento operam em prol da Amazônia: o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), o The Global Land Analysis and Discovery (GLAD), o SipamSAR (criado pelo governo) e o Deter.
O sistema SAD conta com derivações, que monitoram cada bioma brasileiro individualmente. O Sistema GLAD também atua em todo o território nacional.
Além disso, um sistema gratuito que analisa dados de satélite, o MapBiomas, mostra todas as transformações sofridas no uso da terra – ou uso do solo – no território brasileiro desde 2015. Derivado do MapBiomas, o MapBiomas Alerta foi desenvolvido para potencializar o uso desses alertas. Ele fornece dados aos órgãos de fiscalização, auxiliando no combate ao desmatamento.
Para lutar contra o desmatamento, você pode apoiar causas como o movimento Desmatamento Zero, consumir produtos de empresas com responsabilidade ambiental, propagar conhecimento sobre o assunto e estar atento aos posicionamentos políticos relacionados a questões ambientais.
Assista a um vídeo feito pelo Greenpeace sobre o movimento Desmatamento Zero!
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