Desmaterialização contribui para reduzir a geração de resíduos e as emissões de gases do efeito estufa
Desmaterialização é uma estratégia que busca reduzir a quantidade de materiais usados para atender às necessidades de produção e consumo de nossas sociedades. A maior demanda por produtos e serviços é uma tendência que começou a se intensificar na Revolução Industrial, no século 18.
Diante disso, ideias para minimizar os impactos da produção e consumo são essenciais. Seja para a preservação dos recursos naturais, ou para a redução dos efeitos das mudanças climáticas.
Qual é o conceito de desmaterialização?
O crescimento econômico é o principal motivo do aumento das emissões de gases do efeito estufa. Além da perda de biodiversidade em escala global. Nesse sentido, a desmaterialização propõe uma solução para esses problemas ambientais. Isso por meio da redução do volume de material e energia utilizados na produção de bens e serviços.
A desmaterialização busca reduzir a dependência de recursos físicos, visando a uma economia mais responsável do ponto de vista ambiental. Ela é uma resposta à geração excessiva de resíduos e à escassez de serviços ecossistêmicos. Como por exemplo peixes e madeira, que estão sendo consumidos em taxas superiores à sua capacidade de reprodução.
O que é desmaterialização da economia?
Podemos dizer que na era da conectividade, e dos avanços tecnológicos, a criação de uma economia desmaterializada torna-se mais viável. Mas para que isso ocorra de fato, é necessária uma economia com base na mudança dos comportamentos dos consumidores. Nesse sentido, diversos conceitos dos novos tempos se unem em torno de um objetivo comum: promover um desenvolvimento sustentável.
A indústria 4.0 (ou 4ª Revolução Industrial) oferece recursos que podem impulsionar ações sustentáveis em sintonia com a desmaterialização. Uma prática em crescimento é a adoção do DEMAT (sigla em inglês para Dematerialization). Ele também é usado como sinônimo de desmaterialização de documentos em papel ou desmaterialização dos contratos eletrônicos.
Por meio da digitalização, é possível reduzir o consumo de papel e cartuchos de tinta. Assim, valorizando documentos eletrônicos em empresas e residências.
Além disso, as novas formas de configuração de trabalho, como o esquema de home-office, contribuem para reduzir:
- A demanda de energia,
- a geração de resíduos e;
- o consumo de água pelos funcionários.
Assim, a desmaterialização surge como um passo importante rumo à criação de uma economia circular, com foco na responsabilidade ambiental.
Por que “desmaterializar”?
A produção, processamento e consumo de materiais causam impactos ambientais significativos e crescentes. É crucial ser mais eficiente no uso dos recursos materiais e reduzir sua demanda nos próximos anos. Isso é essencial para lidar com o esgotamento dos recursos e minimizar os impactos negativos na natureza e nas comunidades.
Existem também razões psicológicas para se desmaterializar. Estudos revelam que, além de um certo ponto, o consumo material não leva à felicidade. Embora haja uma crença generalizada e implícita de que o consumo pode melhorar o bem-estar. Pelo contrário, pode produzir um efeito oposto a longo prazo, gerando insatisfação com a própria vida.
A desmaterialização já é realidade
Dispositivos digitais já permitem o consumo de música, literatura, cinema e informações sobre inúmeros assuntos. Não só tais consumos, mas também a própria jornada de compra (compras online). E, também, a criação de vínculos pessoais (em redes sociais) estão cada vez mais desmaterializadas.
Na década de 1980, era comum que se formassem filas na porta de lojas de discos para adquirir o novo lançamento de uma banda. A posse do objeto físico tinha uma importância para além do consumo da música. No entanto, as novas gerações estão transformando os padrões de consumo ao adotarem aplicativos de streaming para consumir música e filmes.
Além disso, vem ocorrendo uma mudança nos modelos de relacionamento com marcas e produtos. Nele, a identificação com os valores das empresas influencia os hábitos de consumo e a escolha entre produtos concorrentes. Em um artigo de 2021, o professor Soonkwan Hong destaca essa mudança em curso nos hábitos de consumo.
Para ele, os consumidores desejam relacionamentos mais íntimos e pessoais com as marcas e empresas que apoiam. Os novos tempos, segundo Hong, aumentaram o desejo por segurança e individualidade conectada. Isso leva à necessidade de se conectar com fabricantes e fornecedores locais.
Assim, o consumidor moderno finaliza a compra quando percebe que haverá impacto positivo em comunidades locais. Desse modo priorizando empresas menores e mais ecologicamente responsáveis.
Isso nos diz que agora é mais comum considerar a funcionalidade dos bens que adquirimos. Bem como o impacto que eles têm no planeta. Quando compramos produtos de marcas e empresas que valorizam a sustentabilidade, a responsabilidade social e o apoio às comunidades locais, estamos promovendo uma economia mais equilibrada e uma sociedade mais consciente.