Como evitar o desperdício de água em casa

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Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), de toda a água gasta no Brasil, cerca de 65% a 70% do consumo total são usado na agricultura, 24% são utilizados na indústria e algo entre 8% a 10% são destinado ao consumidor final. No entanto, isso não significa que as pessoas não devam se preocupar com o desperdício de água em suas casas.

O consumo irresponsável (direta e indiretamente) fez com que o Brasil chegasse à marca de 40% de desperdício de água tratada no país. A forma direta, quando se fala no gasto d’água, acontece a partir do momento que se abre a torneira. A maneira indireta se dá pelo consumo de produtos alimentícios, roupas e outros materiais, pois eles utilizam água em seu processo de produção. A ONG Water Footprint criou a Pegada Hídrica, que funciona como um indicador que mede a quantidade de água que se gasta para a fabricação de cada produto.

Essa escassez de água assusta a geração do século XXI. Até quando teremos água? É evidente que a indústria e a agricultura precisam mudar, mas também é necessário que cada indivíduo faça escolhas de consumo consciente. Acompanhe agora um guia ensinando como evitar o desperdício de água da melhor maneira possível dentro de sua residência, dando mais atenção a alguns reparos.

Reaproveitamento de água

Utilizar a água de maneira consciente tem extrema importância nos dias atuais. Cada litro de água de reúso usado no lugar da água que sai da torneira representa um litro de água conservado em nossos mananciais. Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a importância da utilização desse tipo de recurso é tamanha que ela faz parte da proposta da ONU de preservação do meio ambiente, chamada de Estratégia Global para Administração da Qualidade das Águas.

Essa água é obtida por meio do tratamento avançado criado pelos imóveis que têm ligação com a rede coletora de esgotos. A Sabesp, que faz esse trabalho, conta que a aplicação da água de reúso pode ser feita em processos em que não há necessidade de água potável, mas que seja sanitariamente segura (como na utilização de irrigação paisagística e para descarga de sanitários). Isso reduz os custos e garante o consumo consciente de água.

Água de reúso e aproveitamento de água da chuva: quais as diferenças?

De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), em alguns casos, o intuito do reúso da água não vem de uma necessidade de abastecimento de água, mas sim para o fim de eliminar ou diminuir a descarga de águas residuais para rios e oceanos. Com isso, o habitat de muitas espécies de animais pode ser protegido. Além disso, a água reciclada também pode ser vantajosa quando reutilizada para a irrigação, pois ela pode conter níveis mais elevados de nutrientes do que a água potável. Isso fornece um adicional que faz com que a necessidade de aplicação de fertilizantes diminua.

As águas de reuso ou águas residuais, segundo o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, são águas oriundas de esgotos, efluentes de edificações, industrias, agropecuária (sendo tratadas ou não). Então esse tipo de água para ser reutilizada deve passar por um tratamento e não podem ser utilizadas para consumo humano, porém em nossa casa ou prédios podemos aproveitar a água da chuva que venha de locais mais restritos, ou seja, não tenha passado por locais onde circulam pessoas, carro e animais, como estacionamentos e áreas externas. Assim podemos sem problemas aproveitar a água de telhados por meio de um sistema de captação de água de chuva, muitas vezes adaptável nas calhas já instaladas – tal sistema, quando não há o sistema de aproveitamento, acaba conduzindo essa água para a drenagem pluvial da cidade.

Um modo de aproveitar a água de chuva é colocando uma cisterna, instalada na parte externa da casa, reaproveitando a água que escorre pelas calhas do telhado. Para conseguir saber o tamanho da cisterna que você deverá utilizar, basta pegar o tamanho do telhado (em metros quadrados) e multiplicar pela altura da água no pluviômetro. Assim, o resultado será o volume em litros que chove na sua região. Para a melhor absorção possível pelo reservatório, é preciso ter essa média da quantidade de chuva que cai no lugar onde você mora. Essa água pode ser utilizada para irrigação de plantas e jardim, lavagem de carros, garagens, canis e se houver um melhor planejamento através de um pessoa capacitada pode ser ligada diretamente em tubulações de vasos sanitários da sua residência, tomando extremo cuidado para que não se conecte com encanamentos de água potável. E como não é uma água potável e não pode ser utilizada para consumo humano, sempre coloque avisos e não deixe crianças brincarem com a água, pois é capaz da água da chuva conter fezes de animais ou outras substâncias que fazem mal à saúde. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) fornece requisitos para o melhor aproveitamento para fins não potáveis.

Portanto, uma das opções de como evitar o desperdício de água em casa é usar um filtro de água de chuva – modelo autolimpante. Ele foi desenvolvido para ser instalado na tubulação de descida de água da calha do telhado. Ele é feito com tubo de 75 mm e serve para telhados de até 50 metros quadrados. Para projetos maiores, use um filtro para cada 50 metros quadrados de telhado. Esse filtro, que possui baixo custo, servirá para limpar as sujeiras iniciais que vêm com a chuva, para que depois essa água mais limpa se encaminhe para a cisterna e possa ser reutilizada.

Separador de água de chuva – para o aproveitamento da água da chuva, também é indicado o uso desse componente. Ele fica entre o filtro e a cisterna e sua função é separar e descartar, das chuvas fortes, as primeiras águas que lavam as calhas e a atmosfera. Logo depois disso, a água já limpa é levada até a cisterna.

Leitura do hidrômetro

Acompanhar o hidrômetro da sua casa com frequência é outra forma de evitar o desperdício de água. Isso pode ajudar a reduzir os gastos e ainda permite saber se existem vazamentos em canos – esse é um dos principais meios de desperdício de água. Uma torneira pingando gasta cerca de 46 litros por dia. Em 24 horas, um “fiozinho” de água registrará a perda de 2.068 litros de água. Descargas desreguladas e canos furados costumam passar despercebidos quando não observados pelo hidrômetro a tempo. A Sabesp disponibilizou para o público um curso para evitar vazamentos. Clique aqui para saber a regional da Sabesp mais próxima.

Para auxiliar na leitura do equipamento, a Companhia Nacional de Saneamento (Conasa) explica que o espaço que contém seis números é dividido entre as cores preto e vermelho. Os números em preto mostram quantos metros cúbicos de água foram usados. Enquanto os em vermelho registram o consumo em centenas e dezenas de litros.

A melhor forma para calcular o seu consumo é observar apenas os que estão na cor preta. Anote os números que vêm discriminados (m³) na conta de água referente ao consumo dos últimos meses. A partir disso, você pode fazer a média e tentar diminuir ao máximo o seu consumo. Confira uma imagem que explica a leitura do contador de água:

Hidrômetro em condomínios

Com o crescente número de condomínios residenciais, o consumo de energia e, mais frequentemente, o de água às vezes é cobrado com o mesmo valor para todos os moradores, sendo o consumo total dividido pelo número de pessoas. Embora na capital de São Paulo não exista uma lei obrigando a individualização do hidrômetro, o valor cobrado igualmente por todos os moradores resulta em um gasto maior do que se fosse individualizado. Uma das alternativas para essa questão é a implantação do hidrômetro individual para cada apartamento, atitude que já é adotada pelos prédios de construção mais recente.

A Sabesp registrou 40% de aumento na procura por condomínios, na cidade de São Paulo, interessados em implementar hidrômetros individuais. Essa iniciativa resulta em consumo consciente, gestão de gastos, pagamento justo da conta de água (o morador paga o que consome) e evita o desperdício de água.

Para serem realizadas as obras nos apartamentos para implantação dos hidrômetros individuais é necessário que o condomínio seja aprovado por uma auditoria do programa ProAcqua (inserir o ID 3622- Certificação processo AQUA) e da Sabesp. A qualidade do serviço prestado é estabelecida pela empresa certificada e responsável, emitindo um atestado de responsabilidade técnica exigida pelo Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia (CREA).

Em julho de 2016, foi sancionada a lei nacional que torna obrigatório o uso de hidrômetros individuais em condomínios. A medida é uma forma de incentivar a sustentabilidade e ser justo com aqueles que se esforçam para evitar o desperdício de água no Brasil. Essa medida, junto com outras da lei, porém, entra em vigor só cinco anos após sua publicação e é responsabilidade dos próprios condomínios se adaptarem às mudanças.

Dispositivos econômicos

Existem muitos equipamentos para que se consiga o menor consumo de água nas empresas e residências. O Programa de Uso Racional da Água (Pura) foi criado pela Sabesp para combater o desperdício por meio de incentivo às ações tecnológicas e mudanças culturais para a conscientização da população.

A tabela abaixo compara os dispositivos tradicionais com os que fazem economia de água. Dê uma olhada e aproveite caso você esteja pensando em trocar:

Equipamento ConvencionalConsumoEquipamento EconomizadorConsumoEconomia
Bacia com caixa acoplada12 litros/descargaBacia VDR6 litros/descarga50%
Bacia com válvula bem regulada10 litros/descargaBacia VDR6 litros/descarga40%
Ducha (água quente/fria) – até 6 mca0,19 litros/segRestritor de vazão 8 litros/min0,13 litros/seg32%
Ducha (água quente/fria) – 15 a 20 mca0,34 litros/segRestritor de vazão 8 litros/min0,13 litros/seg62%
Ducha (água quente/fria) – 15 a 20 mca0,34 litros/segRestritor de vazão 12 litros/min0,20 litros/seg41%
Torneira de pia – até 6 mca0,23 litros/segArejador vazão cte (6 litros/min)0,10 litros/seg57%
Torneira de pia – 15 a 20 mca0,42 litros/segArejador vazão cte (6 litros/min)0,10 litros/seg76%
Torneira uso geral/tanque – até 6 mca0,26 litros/segRegulador de vazão0,13 litros/seg50%
Torneira uso geral/tanque – 15 a 20 mca0,42 litros/segRegulador de vazão0,21 litros/seg50%
Torneira uso geral/tanque – até 6 mca0,26 litros/segRestritor de vazão0,10 litros/seg62%
Torneira uso geral/tanque – 15 a 20 mca0,42 litros/segRestritor de vazão0,10 litros/seg76%
Torneira de jardim – 40 a 50 mca0,66 litros/segRegulador de vazão0,33 litros/seg50%
Mictório2 litros/usoVálvula automática1 litro/seg50%

O arejador, por exemplo, funciona da seguinte maneira: ao misturar água com a força do ar, há uma sensação de maior volume de água e isso gera uma grande economia global. Veja um vídeo explicativo sobre arejadores de torneira.

Já o restritor economiza ao reduzir a quantidade de líquidos e gases que saem pela torneira. Há modelos de restritores de vazão que estipulam a quantidade de água necessária para tomar banho e lavar a louça.

A válvula automática para mictórios diminui o desperdício de água ao temporizar e, assim, liberar apenas a quantidade necessária para cada uso.

As bacias sanitárias com volume de água reduzido, por sua vez, podem ser de dois tipos: por sifão ou por arraste. Os brasileiros costumam usar a com limpeza por sifão, que são menos econômicas e precisam de instalação hidráulica por de baixo da laje, o que favorece os vazamentos. Existem modelos de bacias com volume de descarga reduzido, as chamadas bacias VDR, que são indicadas para instalação em paredes de dry-wall.

Lembrando que os fabricantes dos equipamentos devem ser do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat. Os produtos precisam obedecer às especificações técnicas e ter garantia mínima de cinco anos.

Equipe eCycle

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