No setor de saneamento básico, o desperdício de água na distribuição causou a perda no faturamento de cerca de 10,5 bilhões de reais em 2016. O volume de água doce jogado fora equivale a 7 mil piscinas olímpicas por dia. É o que revela um estudo encomendado pelo movimento Menos Perda, Mais Água, da Rede Brasil do Pacto Global da ONU. Realizada pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, pesquisa será apresentada amanhã (7), na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), para a Semana Mundial do Meio Ambiente.
O relatório aponta ainda que, em 2016, o Brasil desperdiçou 38% da água potável, o maior número em relação aos quatro anos anteriores. Os números são ainda mais preocupantes quando comparados com o investimento total realizado pelo setor de saneamento: as perdas no faturamento representaram 92% do investimento total de 11,5 bilhões de reais.
O cálculo foi feito com base na metodologia da International Water Association (IWA), que classifica as perdas em duas categorias: reais e aparentes.
As perdas reais equivalem ao volume de água perdido durante as diferentes etapas do processo – captação na natureza, tratamento, armazenamento e distribuição – antes de chegar ao consumidor final. Já as perdas aparentes, também denominadas perdas comerciais, correspondem aos volumes de água consumidos, mas não autorizados nem faturados – decorrentes de fraudes, ligações clandestinas ou mesmo por falhas no cadastro comercial e erros na medição dos hidrômetros.
Uma comparação dos recordes no percentual anual de perdas de água mostra que o Brasil ocupa a 8ª posição no ranking internacional de países. A classificação foi elaborada pela IBNET e utilizou dados de 2012 a 2016.
Entre os cem maiores municípios brasileiros, responsáveis por abrigar cerca de 40% da população do país, o percentual de perdas de água na distribuição é de 39%. Apenas 20% das cidades têm perdas inferiores a 30%. Somente Palmas (TO) tem o Índice de Perda na Distribuição (IPD) inferior a 15%.
Quando avaliado o Índice de Perda no Faturamento (IPF), 70% das cem cidades têm perdas superiores a 30% e apenas dez municípios apresentam índices iguais ou menores a 15%.
Entre os destaques positivos, Limeira (SP) e Santos (SP) possuem indicadores de perdas na distribuição e no faturamento inferiores a 20%. As taxas de ambas as cidades também tiveram poucas variações.
Em uma projeção de três cenários para a redução nas perdas de água, o estudo definiu para 2033 quedas da média nacional de desperdício para 15% (cenário otimista), 20% (base) e 25% (conservador). De acordo com o levantamento, caso o índice de perdas de água diminua para 20%, é calculado um ganho bruto de 59,2 bilhões de reais até 2033.
Para alcançar estas metas, o estudo do movimento Menos Perda, Mais Água traz um conjunto de estratégias e recomendações. Confira abaixo:
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