Imagem de Freepik
O detergente biodegradável foi desenvolvido como uma alternativa mais sustentável em relação aos detergentes comuns. Diversas marcas contam com versões de produtos de limpeza biodegradáveis, o que é essencial, já que os produtos comuns possuem grandes quantidades de substâncias nocivas ao meio ambiente, o que também pode afetar a saúde humana e os animais.
Um problema ainda maior acontece com o uso de produto químico que possui fórmula caseira, já que esse tipo de produto é feito sem qualquer tipo de fiscalização, técnica ou controle.
De acordo com o relatório, de 2023, da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (Abipla), 22% dos produtos de uso doméstico, utilizados no Brasil, são de origem informal. Enquanto o uso de produtos de uso profissional tem 18% de sua origem na mesma condição.
Os produtos de limpeza químicos podem ser tóxicos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o órgão responsável pela aprovação desses produtos no Brasil. Além de avaliar a qualidade e a eficácia, a Anvisa também examina a segurança desses produtos.
De modo geral, os produtos químicos clandestinos são mais baratos, mas na maioria das vezes são ineficazes na limpeza, pois são produzidos com ingredientes impróprios ou em quantidade insuficiente. Além disso, seu uso pode causar sérias intoxicações, queimaduras, problemas respiratórios e problemas de pele.
Esses produtos, quando em contato com a água ou o solo, também podem causar sérios danos ambientais.
É preciso também tomar cuidado ao fazer as famosas “misturinhas” em casa. A mistura de produtos de limpeza pode gerar reações químicas que podem trazer consequências à saúde.
Nesse contexto, os produtos biodegradáveis se mostram uma opção mais segura. Isso porque os biodegradáveis são produtos capazes de se decompor por agentes biológicos, como as bactérias, por exemplo. Dentro dessa definição, o detergente biodegradável causa menos prejuízos ao meio ambiente.
Detergentes, ou saneantes, são compostos derivados do petróleo e contêm diversos agentes químicos que, quando entram em contato com o solo e a água, causam desastrosos impactos ambientais. Confira, na sequência, as consequências nocivas do uso de detergentes ao meio ambiente.
Agentes tensoativos, por exemplo, são responsáveis por formar espumas. Quando o detergente é descartado pelo esgoto em rios, por exemplo, o movimento das águas auxilia na formação de espuma. Essa espuma impede a passagem dos raios solares, impedindo também a fotossíntese de organismos aquáticos.
Entretanto, desde 2022, a Anvisa passou a exigir que produtos que contenham substâncias tensoativas sejam biodegradáveis.
Os detergentes também podem conter substâncias surfactantes, que permitem a remoção de óleos e gorduras das superfícies, por exemplo. Essas substâncias, quando em contato com ambientes aquáticos, podem causar a morte de peixes por asfixia, uma vez que altera a permeabilidade de suas brânquias (órgão de respiração).
Detergentes à base de fosfato são outro grande problema. O fosfato é formado por uma combinação de fósforo e oxigênio e é bastante utilizado em lava roupas em pó. Essa substância, em ambientes aquáticos gera eutrofização, que é um processo que derruba a quantidade de oxigênio da água, matando espécies vegetais, peixes e outros animais.
A boa notícia é que, de acordo com um artigo publicado pela Universidade de São Paulo (USP), a indústria de sabão em pó no Brasil tem produzido cada vez mais produtos com baixo teor de fosfato, o que contribui diretamente para a diminuição da degradação ambiental.
Um estudo ecotoxicológico, realizado pela Universidade Federal de Lavras (Ufla), analisou a toxicidade de diferentes concentrações de detergentes comuns ao meio ambiente. O primeiro bioensaio analisou o impacto do detergente nas minhocas, uma vez que esses organismos são essenciais para indicar a qualidade dos solos e do meio ambiente.
Foram analisados, principalmente, o comportamento desses organismos, além dos efeitos causados pela exposição ao detergente, a longo prazo. Os resultados variaram desde inflamações glandulares a 100% de taxa de mortalidade. A gravidade dos efeitos causados variaram de acordo com a quantidade de detergente comercial despejado no solo. Os valores observados foram de dois a oito miligramas de detergente a cada 100 gramas de terra.
Além disso, a contaminação do solo por detergente também demonstrou impactos negativos no desenvolvimento e na mobilidade das minhocas.
Um segundo bioensaio analisou os efeitos do detergente na germinação de plantas. Foram usadas sementes de alface e de milho, que tiveram uma redução significativa na quantidade de sementes germinadas. Além disso, também diminuiu a velocidade de germinação. Esses fatores destacam para o efeito prejudicial do detergente, impactando direta e negativamente no desenvolvimento das plantas.
Outro ponto evidenciado está relacionado à diferença entre as espécies, já que nas sementes de milho os danos foram maiores. Em outras palavras, isso demonstra que os resultados podem ser ainda mais nocivos, dependendo da espécie vegetal atingida.
O pesquisador ainda ressalta que o uso de sementes é o critério mais “leve”, utilizado para analisar o quão tóxica uma substância química pode ser. Portanto, se as sementes foram afetadas, significa que os detergentes podem ser considerados extremamente tóxicos ao ecossistema.
Outro estudo demonstrou também, como o uso de detergentes pode afetar outras espécies vegetais. O caruru roxo e o tomateiro sofreram impactos negativos na contaminação com detergente para roupas em pó, diluído em água. Além de reduzir consideravelmente a germinação das sementes, também foi verificado a diminuição no desenvolvimento das raízes.
Pesquisadores também confirmaram a toxicidade de detergentes no desenvolvimento de pimentas da espécie Capsicum chinense, reduzindo o crescimento de raízes e folhas pela metade, causando danos no tecido foliar.
Detergentes ecológicos são formados por componentes que têm a característica de serem biodegradáveis. Sendo assim, o detergente biodegradável, quando descartado, causa um menor dano ambiental, se comparado ao detergente comum.
O detergente biodegradável é composto por elementos com menor capacidade de formação de espuma. Esses componentes podem ser metabolizados por microrganismos, em ambientes terrestres e aquáticos, no processo de biodegradação.
A biodegradação de um detergente acontece de acordo com sua estrutura atômica. O detergente biodegradável não possui uma determinada estrutura (cadeia alquil longa sem ramificações) e é exatamente essa ausência que permite sua característica mais importante.
Um estudo comparativo, publicado na Revista Brasileira de Processos Químicos (RBPQ), analisou diversos detergentes ecológicos e suas matérias primas. Os detergentes escolhidos tiveram como base produtos como óleo residual, óleo de colza, óleo de girassol, óleo de palma e azeite de cozinha.
Além disso, também foram estudadas as propriedades da planta Sapindus saponaria, conhecida como ibaró ou “árvore do sabão”.
Dos detergentes ecológicos verificados, os que apresentaram pH dentro dos parâmetros da Anvisa foram apenas os de base de óleo de girassol e azeite de cozinha, misturados com cloreto ou hidróxido de sódio, usados como solvente. Nessas misturas, a clorofila foi adicionada como corante e fragrância.
Apesar das outras bases também formarem ação detergente, o pH é um fator importante a ser considerado. Quanto maior o pH, menor a acidez e isso pode evitar irritações na pele.
Já o ibaró possui moléculas naturais (saponinas), solúveis em água, que formam espuma. Além disso, a planta também demonstrou ser biodegradável. O produto a base de ibaró demonstrou alto teor desinfetante, indicando ser também uma boa alternativa.
Dentre a gama de produtos biodegradáveis, ofertados no mercado, é importante se manter atento para evitar ser enganado por empresas que praticam o greenwashing.
Greenwashing, que significa “lavagem verde”, é uma prática enganosa, de empresas que buscam convencer os clientes de que mantém práticas sustentáveis ou vendem produtos eco-friendly.
Mas a realidade é outra. As empresas que praticam o greenwashing acabam indo na contramão e adotam o desenvolvimento sustentável apenas de fachada, enganando os consumidores.
Por isso é fundamental procurar por “selos verdes” de certificação nos rótulos das embalagens, para ter certeza do que você está comprando. Existem diferentes empresas que atuam na certificação de produtos e diferentes certificações de sustentabilidade.
Além disso, o governo federal lançou, em outubro de 2023, o programa Selo Verde Brasil, para avaliar e certificar produtos socioambientalmente responsáveis. No entanto, a participação no programa, por parte das empresas, é voluntária.
A dica é essa: se for comprar qualquer produto de limpeza biodegradável, pesquise, verifique e procure pelos selos de certificação nos rótulos das embalagens. Vale a pena procurar sempre pela alternativa mais sustentável, o planeta agradece!
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais