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A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc – na sigla em inglês), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgou sua avaliação sobre os riscos de câncer que o consumo de carnes vermelha e processada podem causar. O primeiro tipo, que tem itens como linguiça, presunto e salame, pode ser considerado carcinogênico para humanos (Grupo 1); já a carne vermelha foi alocada no Grupo 2A – provavelmente carcinogênica para humanos.
Depois dessa avaliação, muita gente ficou com a pulga atrás da orelha. Carne processada faz mal então devemos apenas comer peixe e frango? Devemos ser vegetarianos? Quais os grupos de risco que mais são afetados? A Iarc se antecipou e escreveu uma sessão de perguntas frequentes para responder quem está preocupado. Confira as informações fornecidas pela agência:
Carnes contêm múltiplos componentes e também podem possuir químicos que se formam dependendo do processamento ou do cozimento. Por exemplo, químicos carcinogênicos que se formam durante o processamento da carne incluem N-nitrosos e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Cozinhar carne vermelha ou carne processada também produz aminas aromáticas policíclicas, que podem ser encontradas em outros alimentos e na poluição do ar. Alguns desses químicos são conhecidamente ou provavelmente carcinogênicos; mas apesar desse conhecimento, ainda não é possível entender totalmente como o risco de câncer é aumentado pela carne vermelha e pela carne processada.
Cozimentos feitos em altas temperaturas geram compostos que podem contribuir para o risco carcinogênico, mas o papel desses compostos ainda não é totalmente compreendido.
Cozinhar carne em altas temperaturas ou com o alimento em contato direto com a chama ou com uma superfície muito quente, como no preparo de churrascos ou frituras, produz uma quantidade maior de certos tipos de químicos carcinogênicos (como os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e aminas aromáticas heterocíclicas). Mesmo assim, não houve evidências suficientes para se chegar a alguma conclusão sobre o método mais seguro.
Não há dados suficientes para responder essa questão com relação ao risco de câncer. De qualquer modo, é preciso estar atento ao risco de infecção a partir do consumo de carne crua.
Não, carne processada foi classificada na mesma categoria de tabaco e amianto, mas isso não significa que os itens são igualmente perigosos. As classificações da Iarc descrevem a força da evidência científica sobre um agente ser ou não a causa de câncer, mas não lida com níveis de risco.
Segundo as estimativas mais recentes feitas pelo Global Burden of Disease Project, uma organização acadêmica de pesquisa independente, cerca de 34 mil mortes por câncer ocorrem todos os anos no mundo inteiro devido a dietas ricas em carne processada. O ato de comer carne vermelha ainda não foi estabelecido como causa de câncer. Mesmo assim, se for levado em conta casos em que a associação com o ato foi provada como causa, a mesma organização já citada estima que as dietas ricas em carne vermelha sejam responsáveis por 50 mil mortes por câncer anualmente em todo o mundo. Esses números contrastam com cerca de um milhão de mortes por câncer anuais em todo o mundo devido ao fumo de tabaco, 600 mil por ano devido ao consumo de álcool e mais de 200 mil por ano causadas pela poluição do ar.
Os dados disponíveis não permitiram chegar a conclusões sobre como os riscos diferem em distintos grupos de pessoas.
Comer carne traz conhecidos benefícios à saúde. Muitas recomendações nacionais orientam pessoas a limitar o consumo de carne processada e de carne vermelha, o que pode ter relação com maiores riscos de morte a partir de doenças cardíacas, diabetes e outras enfermidades.
Os riscos aumentam com a quantia de carne consumida, mas não há dados para uma avaliação que permita concluir sobre uma quantidade segura.
O risco de câncer associado ao consumo de aves e peixes não foi avaliado.
Dietas vegetarianas e dietas que incluem carne têm diferentes vantagens e desvantagens para a saúde. De qualquer modo, esta avaliação não compara diretamente os riscos de saúde envolvidos em vegetarianos e em pessoas que comem carne. O tipo de comparação é difícil porque esses grupos podem ter muitas diferenças entre si para além do consumo de carne.
Alguns estudos investigaram riscos de câncer associados com diferentes tipos de carne, como bovina e suína, e com diversos tipos de carne processada, como presunto e salsicha. Mesmo assim, não há informação suficiente para dizer quais tipos de carne vermelha ou de carne processada proporcionam maiores ou menores riscos de câncer.
Diferentes métodos de preservação podem resultar na formação de carcinogênicos, mas o quanto isso contribui para o risco de câncer é um dado desconhecido.
Para saber mais sobre carnes processadas, acesse “Carne processada: o que é, quais são seus riscos à saúde e impactos ambientais?“. Caso queira começar uma dieta vegetariana, clique aqui. E para saber mais sobre a Iarc, clique aqui.
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