Dietas da moda: como identificar, fatos e mitos

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Uma dieta da moda, ou fad diet, como é categorizada em inglês, é um plano alimentar que promete resultados rápidos, como a perda de peso, mas sem muitas evidências científicas que sustentem suas alegações. A popularidade desses tipos de dietas é resultante do padrão estético imposto pela sociedade — algo que vem sendo adaptado desde a Grécia antiga

Durante esse período, gregos e romanos registraram o tipo ideal de corpo. Muitos deles, por exemplo, acreditavam que um corpo saudável indicava uma mente saudável. De fato, o filósofo Hipócrates que viveu por volta de 400 a.C., acreditava que pessoas acima do peso sofriam de sono pouco saudável, dores, flatulência e prisão de ventre, e recomendava que seguissem uma dieta rigorosa. 

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Desde então, dietas e outros planos alimentares foram se estabelecendo com promessas de adquirir o “corpo perfeito”. Ao longo do tempo, o padrão de beleza foi estagnado na magreza, contribuindo para o surgimento de dietas da moda. Confira algumas de suas características: 

Características das dietas da moda 

Pesquisas indicam que as dietas da moda tendem a ter as seguintes características:

  • A promessa da perda de peso rápida; 
  • Falta de diretrizes de atividade física;
  • Promoção de mudanças de curto prazo, em vez de longo prazo; 
  • Foco em um tipo específico de grupo alimentício ou exclusão de um; 
  • Insustentabilidade a longo prazo; 
  • Inadequação nutricional;
  • Falha no fornecimento de advertências de saúde para pessoas com doenças crônicas;
  • Falta de evidências científicas para apoiar as alegações; 
  • Restrição calórica. 

Quais são os tipos de dietas da moda? 

Existem diversos tipos de dietas da moda e, embora algumas apresentem resultados, grande parte acaba sendo insustentável para o acompanhamento a longo prazo. Além disso, segundo a nutricionista registrada Maxine Smith, “muitas vezes, as dietas da moda são baseadas em alguma informação aprendida em pesquisas, mas são exploradas a tal extremo que não são mais cientificamente sólidas”. Ou seja, defensores desses planos alimentares baseiam-se em informações escassas para promover a sua eficácia. 

Conheça algumas delas:

Dieta Atkins

Criada pelo cardiologista Robert Atkins durante a década de 70, a Dieta Atkins é um plano alimentar rico em proteínas e que restringe o consumo de carboidratos. Ela promete produzir rápida perda de peso sem fome.

O plano consiste em quatro estágios, incluindo duas semanas da Fase de Introdução, que restringe carboidratos a 20 gramas por dia, ao mesmo tempo que permite quantidades ilimitadas de proteína e gordura. Durante essa fase, o corpo induz a produção de cetonas através da conversão de moléculas de gordura. 

Nesse processo, conhecido como cetose, a queima de gordura resulta na produção de energia. 

Depois disso, os carboidratos são gradualmente reintroduzidos em incrementos de 5 gramas, a fim de determinar os níveis críticos de carboidratos para perder peso e manter a perda.

E, embora diversas pesquisas apontem essa dieta da moda como uma das melhores para a perda de peso, especialistas acreditam que ela torna-se insustentável após um período. Segundo a nutricionista Natalie Rizzo, por exemplo, a dieta Atkins pode ajudar a perder peso, mas é difícil mantê-la por muito tempo: 

“Muitos alimentos saudáveis, como frutas, vegetais, feijões, legumes e grãos, são muito restritos nesta dieta. Por exemplo, meia xícara de grão de bico contém 20 gramas de carboidratos, que é a quantidade máxima de carboidratos que você pode ingerir em um dia se você estiver na versão mais extrema de Atkins ou ceto”, diz Rizzo. “Isso significa que você não pode comer nenhum outro carboidrato naquele dia, incluindo frutas e vegetais.”

Dieta de South Beach

Assim como a dieta Atkins, a dieta de South Beach foi impulsionada por um cardiologista. Arthur Agatston introduziu na década de 90 uma dieta “low-carb” modificada, dividida em fases.

Embora a fase 1 da dieta seja pobre em carboidratos e muito pobre em gordura, a dieta torna-se menos restritiva nas fases 2 e 3, que permitem quantidades limitadas de todos os tipos de alimentos não processados, mantendo elevada a ingestão de proteínas. Existem diversos relatos sobre a eficácia dessa dieta na perda de peso, incluindo uma pesquisa de 12 semanas que demonstrou que adultos pré-diabéticos perderam em média 5,2 kg e perderam em média 5,1 cm da cintura.

Entretanto, a dieta é considerada uma “dieta da moda” através da “vilanização” do consumo de carboidratos. Muitos desses planos alimentares baseiam-se na exclusão de carboidratos, um dos principais fornecedores de energia do organismo, que também possuem funções na proteção do tecido muscular, auxílio do sistema imunológico e melhora da saúde intestinal. Além disso, o seu consumo pode afetar positivamente o humor, o sono e o apetite.

Portanto, o limite de carboidratos sem necessidade para a perda de peso pode impactar as funções físicas e comprometer a saúde. 

Foto de Stephanie Harvey na Unsplash

Dieta cetogênica

Similarmente às dietas Atkins e de South Beach, a dieta cetogênica consiste na redução do consumo de carboidratos. Ela funciona através da indução da cetose, a partir de um consumo controlado e restrito de carboidratos e pode ser utilizada como um método de emagrecimento, controle dos níveis de açúcar no sangue, redução da incidência de convulsões relacionadas à epilepsia ou redução de quadros associados a outras patologias. 

No entanto, muitos nutricionistas não indicam a dieta cetogênica para a perda de peso, embora sua eficácia no processo, por conta das inúmeras restrições relacionadas a esse tipo de alimentação.

Dieta paleolítica

A dieta paleolítica, também conhecida como dieta paleo ou paleodieta, é um plano alimentar baseado em alimentos consumidos durante a Era Paleolítica — que ocorreu entre 2,5 milhões a 10 mil anos atrás. Ou seja, ela consiste em uma alimentação com alimentos naturais e que exclui o consumo de produtos industrializados.

As limitações da dieta paleolítica podem resultar no desenvolvimento de deficiências nutricionais. Os legumes, que são excluídos da dieta, por exemplo, são ricos em fibras, proteínas e diversos micronutrientes, incluindo ferro, zinco e cobre. Além disso, os grãos são uma ótima fonte de fibra e de outros nutrientes essenciais. 

Adicionalmente, o consumo excessivo de alguns alimentos de origem animal, como certos cortes de carne, pode promover o aumento do colesterol. Por isso, é importante ter cuidado na escolha das proteínas ingeridas.

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Riscos

Apesar de muitas dietas da moda promoverem a perda de peso, a grande maioria do peso perdido é resultante da perda de massa magra e água, em vez da gordura. As suas limitações, como a exclusão de certos grupos alimentares, incluindo legumes e verduras, pode causar deficiências nutricionais, além de resultar no efeito rebote. 

O efeito rebote, também conhecido como efeito sanfona, é caracterizado pelo ganho de peso após um emagrecimento rápido — que é oferecido pela grande maioria das dietas da moda. De fato, uma revisão de 29 estudos de perda de peso a longo prazo descobriu que, em dois anos, os participantes mantiveram apenas 44% do peso que perderam inicialmente. Aos cinco anos, eles mantiveram apenas 21% da perda de peso inicial.

Isso se dá devido à redução da taxa metabólica. Assim, alguns especialistas acreditam que a rápida perda de peso promovida por essas dietas pode retardar ainda mais a taxa metabólica, tornando difícil manter o peso.

Por isso, a perda de peso indicada por profissionais da área da nutrição não abrange muitas dietas, e sim a reeducação alimentar, seguida de uma alimentação completa com todos os nutrientes essenciais. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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