Difenoconazol é um fungicida utilizado em culturas agrícolas, como o algodão, a banana e a abobrinha. O seu contato com os organismos pode provocar danos como problemas no fígado e irritação nos olhos e na pele. No meio ambiente, o fungicida atua como um desregulador hormonal em espécies aquáticas, como o peixe-zebra.
O difenoconazol é um fungicida sistêmico, pertencente ao grupo químico triazol. No fungo, ele interrompe a biossíntese ergosterol, um componente presente na membrana celular. Dessa forma, a membrana é prejudicada e o fungo não consegue se desenvolver.
Esse fungicida é aplicado em diversas espécies para o cultivo agrícola, com a concentração ideal diluída em água, de acordo com a necessidade de cada espécie. Confira a lista de espécies vegetais que recebem o tratamento do difenoconazol:
O difenoconazol se enquadra na classe toxicológica mais elevada, sendo considerado extremamente tóxico para humanos. Ele pode contaminar o organismo a partir do contato pela pele, olhos, inalação e pela ingestão.
O contato direto com o fungicida pode provocar complicações na saúde, por isso, é necessário buscar ajuda médica para receber o tratamento adequado o mais rápido possível. A bula sugere que a vítima leve algum material que indique o produto em questão, como embalagem, bula, receituário ou rótulo. Assim, a identificação da substância é facilitada.
Entretanto, algumas medidas podem ser realizadas como primeiros socorros da contaminação. No caso de contato a partir da via oral, as recomendações são não ingerir líquidos ou alimentos e evitar a ocorrência de vômitos. Caso não seja possível evitar vômitos, a vítima deve ser deitada de lado.
Se a via de exposição for a pele, a vítima deve retirar as roupas que estiver vestindo e lavar com água corrente em abundância, com auxílio de um sabonete neutro. O mesmo procedimento deve ser realizado no caso de contato com os olhos, entretanto sem a presença de sabão. Por último, se o difenoconazol for inalado, a vítima deve se direcionar para um local arejado.
Os sintomas provocados pelo contato do difenoconazol em humanos são pouco conhecidos. Entretanto, estudos realizados com animais indicam que essa substância pode afetar o fígado e provocar irritações leves na pele e nos olhos. A exposição via oral e inalatória apresenta baixa toxicidade.
Além disso, quando ingerido, o difenoconazol é metabolizado e excretado em algumas horas. A maior parte da eliminação ocorre pelas fezes. Cerca de menos de 2% do produto permanece na pele e 1% nos tecidos após a excreção. O acúmulo da substância no organismo ocorre principalmente no fígado, estômago, tecido gorduroso e adrenais (glândulas endócrinas presentes no abdômen).
O difenoconazol é considerado muito perigoso para o meio ambiente, sendo enquadrado na classificação do potencial de periculosidade ambiental II. Esse fungicida é altamente persistente, permanecendo por muito tempo nos ecossistemas devido a sua difícil degradação.
De acordo com um estudo, o difenoconazol afeta negativamente a vida de peixes-zebra, mudando a concentração de lipoproteínas, como a vitelogenina, e de hormônios sexuais. Com isso, a reprodução da espécie é afetada negativamente.
Além disso, o difenoconazol é bioacumulado no ambiente, o que provoca um aumento da sua concentração nos ecossistemas ao longo do tempo. Esse fungicida atua como um desregulador endócrino em ambientes aquáticos, afetando o equilíbrio ecossistêmico.
O manuseio inadequado de agrotóxicos representa de 40% à 90% da contaminação em corpos hídricos superficiais. Por isso, a aplicação correta dos produtos poderia gerar a redução dessa contaminação.
A contaminação também ocorre depois da aplicação de agrotóxicos, com o descarte incorreto de embalagens ou consequências de aplicações feitas em períodos inadequados.
Outra medida é a implementação de sistemas biológicos, como os biobeds, que contribuem para a redução da contaminação da água por difenoconazol. Esse método consiste no lançamento de efluentes que contêm uma biomistura formada por materiais orgânicos, micro-organismos e solo.
A biomistura promove a descontaminação do efluente a partir da degradação do fungicida. Essa degradação pode ser realizada a partir da ação do fungo da espécie L-edodes. Por se tratar de um produto altamente persistente, a sua degradação não ocorre naturalmente com facilidade. Dessa forma, esse fungo pode contribuir para esse processo.
Entretanto, a melhor alternativa ao uso dos agrotóxicos é a implementação da agroecologia em larga escala, um modelo de produção agrícola sustentável. A agroecologia consiste na implementação de cultivos agrícolas em conjunto com aspectos culturais, ambientais e sociais.
A agroecologia é um movimento político, que inclui a agricultura familiar e busca a retomada de modelos de cultivo anteriores à Revolução Verde, responsável pela implementação da monocultura em larga escala.
As vantagens desse modelo de produção sustentável são a conservação da biodiversidade e a redução do uso de agrotóxicos. Em geral, a agroecologia está acompanhada da agricultura orgânica e de tecnologias limpas. Além disso, a sua produtividade é de até 10% superior à agricultura convencional e o seu custo é baixo.
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