A expressão “diferença de gênero” é usada para determinar as diferenças entre o gênero masculino e feminino refletidas em questões sociais, políticas, intelectuais, culturais e econômicas. Para especialistas, essa diferença de gênero é medida por meio da análise de quatro áreas chave: a saúde, a educação, a economia e a política.
Cada uma dessas áreas representa uma diferença de gênero diversa que acontece no mundo todo, e que tem suas especialidades locais.
Diferença econômica: a diferença entre o salário do homem e da mulher, o número de pessoas do gênero feminino no poder e a sua participação no local de trabalho;
Diferença educacional: esta área se refere ao acesso à educação básica e de nível superior;
Diferença de saúde: expectativa de vida de cada gênero e as violências que cada um sofre dentro de um sistema de saúde;
Diferença política: examina a disparidade entre mulheres em homens de acordo com a representação política e a tomada de decisão dessas organizações.
É importante ter em mente que a diferença de gênero em um país não depende da situação econômica daquela nação. Na verdade, alguns países mais pobres, como a Nicarágua e a Ruanda, se encontram entre os dez países mais igualitários na questão de gênero. Isso mostra que até mesmo regiões subdesenvolvidas podem trabalhar para uma boa distribuição de seus recursos e oportunidades.
Um ponto importante em relação ao ranking de países com maior igualdade de gênero é que nenhum deles está entre as nações líderes em industrialização. O grupo que contém essas nações se chama G20, sendo o Brasil um dos integrantes, e nenhum dos seus participantes está entre o top 10 do ranking.
Esse fator aponta mais uma vez que o desenvolvimento econômico e industrial não determina a diferença de gênero de um país. Há cerca de 12 anos, a Islândia é o líder de igualdade de gênero no mundo todo. O país é seguido por outras nações nórdicas, como a Noruega e a Finlândia, conhecidas por seu desempenho na igualdade entre homens e mulheres.
O Brasil se encontra na 78ª posição dentro do ranking que mede a diferença de gênero entre 144 países. A posição brasileira mostra que o país ainda precisa melhorar sua diferença de gênero em vários âmbitos.
A grande responsável pela diferença de gênero é a desigualdade de gênero. Este termo se refere a um tipo de discriminação que entende que uma pessoa tem menos valor por ser do gênero feminino. Este tipo de discriminação é responsável pela criação de diversas normas e estereótipos que impedem que a sociedade avance em seu objetivo de ser mais igualitaria.
Apesar de diversos países terem evoluído no que diz respeito à diferença de gênero, existem mais de 2.5 bilhões de mulheres e meninas vivendo em regiões onde não são protegidas da discriminação de gênero pela lei. Além disso, elas também sofrem por serem impedidas de tomar decisões sobre suas vidas, corpos e questões econômicas.
Segundo dados das Nações Unidas, três quartos dos países ao redor do mundo já contam com algum tipo de lei contra abuso violência doméstica. No entanto, mundialmente, pelo menos uma mulher a cada cinco afirma já ter sofrido de algum tipo de violência de gênero.
Ao pregar a ideia de que mulheres são menos importantes para a sociedade — devido a diversos fatores, como gravidez, força ou inteligência emocional — as pessoas atrasam a redução da diferença de gênero.
Alguns dados do Banco Mundial apontam que, no mundo todo, as mulheres têm apenas ¾ dos direitos que os homens têm no ambiente de trabalho. Além disso, estudos mostram que a diferença de gênero salarial no Brasil é de 20%. Ou seja, as mulheres recebem 20% menos do que os homens.
Com essas informações, é possível fazer uma comparação do salário feminino e do masculino, e chegar a conclusão que as mulheres recebem como se trabalhassem de graça por pelo menos 74 dias no ano. Sem contar os dias que trabalham de graça em sua própria casa, cuidando dos afazeres domésticos e de seus filhos, a chamada jornada dupla da mãe.
A educação também é uma das bases para que uma menina cresça e se torne uma mulher bem sucedida e livre de violência. No mundo, 58% da população que abandona a escola e não completa a educação básica é feminina. Além disso, as mulheres fazem parte de ⅔ do número de pessoas analfabetas ao redor do globo.
A falta de educação básica pode abrir caminho para diversos tipos de diferenças de gênero, como a pobreza, a violência sexual e a gravidez indesejada. Mulheres que não têm acesso à educação ficam para trás no campo trabalhista, e acabam em funções em que recebem menos que homens.
Um estudo recente apontou que a diferença de gênero em questões sociais — como gostos e estilos — é mais acentuada em países com maior igualdade de gênero. Segundo os pesquisadores, isso se explica pela psicologia evolucionária, que acredita que uma pessoa consegue ser ela mesma quando está em uma sociedade igualitária.
Desta forma, em países com um maior nível de igualdade de gênero, as pessoas podem se expressar livremente, sem se preocupar com predisposições da sociedade.
Para lutar contra a diferença de gênero,é preciso focar em sua raiz, a desigualdade de gênero. Um dos primeiros passos para isso é acabar com a ideia de que o gênero masculino é superior ao feminino por natureza, e entender que todos os seres humanos são iguais em suas diferenças.
É preciso investir em educação básica, educação sexual, criação de leis de apoio às mulheres e em projetos que incentivem o trabalho feminino em áreas predominantemente masculinas.
Esta movimentação não é apenas benéfica para todas as mulheres do mundo, mas também para homens e pessoas que não se encaixam na binaridade de gênero, o que reflete no desenvolvimento de um país. Diversos estudos apontam que a redução da diferença de gênero leva a uma melhora na performance econômica de uma nação.
Se a sociedade continuar na velocidade que se encontra, a diferença de gênero global vai precisar de 100 anos para chegar ao fim. Enquanto isso, a diferença de gênero no mercado de trabalho só acabará daqui aproximadamente 217 anos.
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