Doação de órgãos: como funciona e os obstáculos

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A doação de órgãos é um ato onde o indivíduo tem os seus órgãos retirados, em vida ou depois da morte, com intuito de ajudar no tratamento de uma pessoa doente. Os receptores geralmente são pessoas na fila de espera por um transplante, que sofrem com a perda total ou parcial da função de seus órgãos.

A lista de espera da doação de órgãos é definida pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), que fica sob a responsabilidade do Ministério da Saúde e da Central de Transplantes da Secretaria da Saúde. O Brasil é o segundo país com maior número de transplantes por ano, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

O que pode ser doado?

A doação de órgãos pode ser feita com rins, fígado, coração, pâncreas e pulmão. Porém, tecidos também fazem parte dessa categoria, o que significa que o doador de órgãos pode oferecer a córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue do cordão umbilical.  

Importante frisar que a doação de órgãos e tecidos feita por pessoas vivas só pode acontecer em alguns casos específicos. Um indivíduo vivo e em perfeito estado de saúde pode doar órgãos como: 

Como funciona o transplante de órgãos?

O que é preciso para ser doador de órgãos?

A maioria dos órgãos só podem ser doados após a morte. Outro fator decisivo é que a doação de órgãos feita por pessoas falecidas acontece apenas em casos de morte encefálica. Nesses quadros, as células do Sistema Nervoso Central morrem e a irrigação de sangue do cérebro para. Depois disso é declarada a morte cerebral do paciente, mesmo que o seu coração continue batendo por mais algumas horas.

No caso de morte por parada cardiorrespiratória, quando o coração para de bater, apenas os tecidos podem ser doados. Para o doador falecido, cabe à família decidir se os órgãos serão doados ou não.

Por isso é essencial conversar com os familiares sobre a vontade de fazer a doação de órgãos após a morte. Mesmo que o indivíduo se cadastre como doador, na Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), ele ainda corre o risco de não ter sua vontade atendida caso não haja autorização da família.

Se os entes familiares permitirem a doação de órgãos, o corpo do paciente irá passar por uma série de testes. Nessas testagens, o escopo médico faz análise do funcionamento do organismo e da compatibilidade dele com as pessoas que estão na lista. 

Doadores vivos  

Para doar um órgão ainda em vida é preciso ser maior de 18 anos e ter compatibilidade sanguínea com o receptor. Geralmente, quem pode doar é um membro da família, e, se a pessoa não for um familiar, ela deve obter uma autorização judicial e ter a compatibilidade necessária com o receptor.

O doador vivo passa por uma série de análises clínicas para que os profissionais de saúde consigam identificar doenças prévias, problemas de saúde e a probabilidade de sucesso do transplante. As partes do corpo que podem ser doadas por alguém em vida são os rins, parte do fígado, do pulmão e da medula óssea. 

Como funciona o processo de doação de órgãos?

A doação de órgãos é feita através de um transplante. Essa cirurgia é conhecida pela reposição de um órgão ou um tecido na pessoa doente, por outro saudável de um doador vivo ou morto. Ao precisar de um transplante, o indivíduo entra na fila de espera por um órgão e o recebe de acordo com a compatibilidade e o tempo que está aguardando.

O processo de doação de órgãos acontece da seguinte forma:

  1. A Central de Transplantes faz os testes de compatibilidade entre o doador e os possíveis receptores na lista de espera;
  2. Caso haja mais de um receptor compatível, a pessoa que está a mais tempo na lista leva a prioridade, mas se houver algum caso de urgência, ele passa na frente;
  3. A Central emite uma lista com os potenciais receptores para os hospitais e alerta as equipes responsáveis pelas cirurgias;
  4. As equipes preparam tudo que é necessário, como meio de transporte, cirurgiões e a equipe multidisciplinar, para garantir a retirada dos órgãos;
  5. É feita a retirada dos órgãos e o procedimento de transplante.

Vale ressaltar que o corpo do doador morto não é mutilado durante a retirada do órgão. Muitas famílias deixam de autorizar o transplante por medo de que o corpo de seu familiar seja danificado. Entretanto, a retirada dos órgãos é feita da mesma forma que uma cirurgia normal, e os tecidos do doador são preservados. 

Não existe a necessidade de um sepultamento diferenciado, afinal, o corpo do paciente falecido permanece o mesmo. 

Quanto tempo após a morte pode doar os órgãos?

Alguns órgãos duram mais que os outros depois da morte, o coração dura cerca de seis horas, enquanto o fígado dura 12 horas. Porém, o contato com a Central de Transplantes tem que ser feito o mais rápido possível, pois o funcionamento desses tecidos e órgãos dura poucas horas após o falecimento.

Por esse motivo as instituições responsáveis pela doação de órgãos precisam ser rápidas com os transplantes. Desta forma, nenhuma possibilidade de salvar uma pessoa doente é perdida. 

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O que impede a doação de órgãos no Brasil?

Quem sofre com doenças infectocontagiosas, como HIV, hepatite B e C e Doença de Chagas, não pode realizar a doação de órgãos. Além disso, indivíduos com doenças degenerativas, tumores malignos, em coma ou que tenham insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas, também são impedidos de serem doadores.

Mas, para além dos impedimentos burocráticos, existe uma questão social que faz com que muitos deixem de doar. A falta de comunicação com os familiares é a principal causa de impedimento da doação de órgãos. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig), cerca de 67% dos entrevistados têm vontade de ser doadores, mas apenas 15% notificaram a família.

Conversar com os familiares é essencial para autorizarem a doação de órgãos depois da morte. Afinal, não existe legislação no Brasil que leve em conta a vontade do doador em vida. A partir do momento em que ele faleceu, cabe apenas aos parentes decidir quais serão os destinos de seus órgãos.

Para saber mais sobre o processo de doação de órgãos e de transplantes no Brasil, confira a página do Ministério da Saúde

Ana Nóbrega

Jornalista ambiental, praticante de liberdade alimentar e defensora da parentalidade positiva. Jovem paraense se aventurando na floresta de cimento de São Paulo.

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